Médio Oriente/Países árabes condenam planos israelitas que "incentivam a violência"
Bissau, 14 Ago 25 (ANG) - O Egito, Jordânia e Qatar consideraram hoje que os planos do Governo israelita para construir milhares de novas habitações entre Jerusalém e o colonato israelita de Ma'ale Adumim "incentivam a violência" e condenaram os "planos expansionistas" de Israel.
Os três países rejeitaram
"categoricamente" os "planos e declarações extremistas" do
ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, sobre a construção de mais
de 3.000 casas nos arredores de Jerusalém, o que isolaria a parte oriental da
cidade do resto da Cisjordânia -- ambos territórios ocupados por Israel desde
1967.
"É um novo indício da arrogância e do desvio israelita, que
não trará segurança nem estabilidade aos países da região, incluindo Israel.
Israel tem de responder às legítimas aspirações do povo palestiniano",
afirmou um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio.
O Egito considerou que estas "políticas de colonatos e as
condenáveis declarações de responsáveis do Governo israelita incitam ao ódio,
ao extremismo e à violência" e "contradizem os esforços para
estabelecer uma paz duradoura e abrangente no Médio Oriente".
No mesmo sentido, a Jordânia, através do porta-voz da
diplomacia, Sufian Qudah, alertou para "a contínua política expansionista
extremista do Governo israelita na Cisjordânia ocupada, que incentiva a
continuação de ciclos de violência e conflito" no Médio Oriente.
Smotrich, ministro de extrema-direita que integra o Governo de
Benjamin Netanyahu e que detém amplas competências nos assuntos relacionados
com os colonatos israelitas na Cisjordânia ocupada, celebrou hoje a aprovação
dos planos, cuja ratificação está prevista para a próxima semana.
O plano israelita, segundo Smotrich, "'enterra' finalmente
a ideia de um Estado palestiniano, porque não há nada a ser reconhecido e
ninguém para ser reconhecido".
O grupo Peace Now, organização israelita contrária ao
estabelecimento de colonatos, criticou hoje as posições do executivo de
Benjamin Netahyahu, incluindo o anúncio de Smotrich e do gabinete militar
responsável pela gestão dos novos colonatos.
"Estamos à beira de um abismo, e o Governo está a avançar a
'todo o vapor'", denunciou a organização Peace Now.
O projeto prevê a construção de mais de 3.000 habitações na zona
e inclui também o desenvolvimento de uma nova estrada para separar o tráfego
palestiniano do israelita, ligando Belém a Ramallah sem passar por Jerusalém.
O Qatar, que está a mediar, em conjunto com o Egito e os Estados
Unidos, uma trégua em Gaza, apelou, por seu lado, para que "a comunidade
internacional se una para obrigar a ocupação israelita a travar os seus planos
de colonização e a cumprir as resoluções de legitimidade internacional".
A Liga Árabe, composta por 22 países, considera que a criação de
um Estado palestiniano na Cisjordânia ocupada e em Gaza, com capital em
Jerusalém Oriental, é a única solução para o conflito no Médio Oriente.
As condenações aos planos de Smotrich surgem poucas horas depois
de o organismo pan-árabe, bem como vários governos de países que o integram,
terem rejeitado declarações do primeiro-ministro israelita à estação i24News,
em que Benjamin Netanyahu afirmou sentir-se muito ligado à visão do chamado
"Grande Israel".
O termo abrange territórios palestinianos ocupados por Israel na
guerra de 1967, assim como partes da Jordânia e do Egito.
Durante vários anos, as autoridades israelitas evitaram a
implementação do projeto de construção, conhecido como E1, devido à pressão da
comunidade internacional, que teme que a expansão dos colonatos impeça o
estabelecimento de um Estado palestiniano contíguo a Jerusalém Oriental.
No próximo mês, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas,
vários países, como França, Canadá, Austrália e Portugal, devem reconhecer
oficialmente o Estado palestiniano.
O principal tribunal das Nações Unidas, o Tribunal Internacional
de Justiça (TIJ), declarou no ano passado que a presença de Israel nos
territórios ocupados palestinianos é "ilegal" e apelou à suspensão
imediata da construção de colonatos, condenando o controlo de Israel sobre as
terras que conquistou há quase 60 anos. ANG/Lusa

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