Gaza/ Novo plano militar de Benjamin Netanyahu divide israelitas
Bissau, 12 Ago 25 (ANG) – O novo plano militar israelita para Gaza está a criar divisões, por um lado os familiares de reféns convocam protestos para 17 de Agosto, enquanto colonos, em Itamar, defendem a continuação da guerra. A Austrália juntou-se a países que reconheceram o Estado palestiniano, provocando contestação dos colonos.
O governo israelita confirmou a intenção de aplicar um
novo plano militar na Faixa de Gaza, prometendo “acabar” com o
grupo islamita Hamas. Este anúncio, sustentado pelo primeiro-ministro Benjamim
Netanyahu, provocou um apoio determinado em certos sectores da população
israelita e uma oposição, nomeadamente entre os familiares dos reféns ainda
detidos no enclave palestiniano, que denunciam um abandono dos seus entes
queridos.
No próximo domingo, 17 de Agosto, as famílias dos reféns
querem “paralisar o país” para obrigar o executivo israelita a
privilegiar um acordo de libertação. Noutros pontos do país, a continuação da
guerra é vista como uma necessidade.
A norte de Jerusalém, a estrada 60 atravessa a
Cisjordânia ocupada, pontuada por postos militares onde surgem, todos os anos,
postos avançados ilegais que ampliam as colónias israelitas. Em Itamar, a
população é maioritariamente oriunda da corrente nacionalista religiosa e
identifica-se com o partido Sionismo Religioso de Bezalel Smotrich, ministro
das Finanças.
Para Yaacov Cohen, rabino e habitante em Itamar, a
prioridade é clara: “O que aconteceu a 7 de Outubro não deve voltar a
acontecer. É mais importante do que o destino dos nossos infelizes
reféns. À nossa volta estão terroristas sem fé nem lei. Parar a guerra
para encontrar um acordo? Não vai resultar”.
Este discurso, repetido em várias colónias, contrasta
com frases ouvidas nas manifestações semanais em Telavive ou Jerusalém, onde
milhares de pessoas exigem o fim das operações militares para libertar os
cinquenta reféns ainda detidos, dos quais vinte e dois seriam dados como vivos.
Benjamim Netanyahu sabe que pode contar com uma parte
da opinião pública, mas terá de gerir a pressão dos aliados mais à direita,
como Bezalel Smotrich ou Itamar Ben Gvir, que consideram este plano demasiado
moderado. Segundo o antigo presidente da câmara de Itamar, Moshe Goldschmidt, o
exército israelita actua com “demasiada contenção” e deveria
ignorar a “pressão internacional” para esmagar o Hamas.
O anúncio do reconhecimento pela Austrália do Estado
da Palestina, desta segunda-feira, 11 de Agosto, seguindo o exemplo de França,
Reino Unido e Canadá provocou a contestação dos colonos. Para
Moshe Goldschmidt, Gaza mostrou o que resultaria de um Estado
palestiniano: “O objectivo deles é eliminar Israel”. Declarações
acompanhadas de uma desconfiança em relação às Nações Unidas e à União
Europeia.
O exército israelita enfrenta uma nova vaga de
condenações internacionais após a morte, na noite de 10 para 11 de Agosto, de
seis jornalistas palestinianos em Gaza, mortos num ataque aéreo contra uma
tenda montada junto do hospital al-Chifa. Entre eles encontrava-se Anas
al-Sharif, correspondente de renome da Al Jazeera, que o exército israelita
acusa de pertencer ao Hamas.
A ONU e a União Europeia denunciaram um “assassínio” e
uma “grave violação do direito humanitário internacional”, apelando
a Israel para apresentar provas. Repórteres Sem Fronteiras falou em “assassínio
reivindicado”. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres,
pediu a abertura de uma “investigação independente e imparcial”.
Desde o início da ofensiva israelita, cerca de 200
jornalistas foram mortos em Gaza, segundo a RSF. Os repórteres estrangeiros não
têm autorização para entrar no território, o que obriga os meios de comunicação
internacionais a depender de correspondentes locais.
Israel afirma estar “à beira de uma nova fase” destinada
a retomar o controlo total de Gaza. O chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir,
garante que tudo será feito para preservar a vida dos reféns, mas os números
oficiais mostram a dimensão do conflito: 1.219 mortos do lado israelita desde 7
de Outubro de 2023, maioritariamente civis, e 61.499 mortos em Gaza, segundo as
autoridades sanitárias do enclave, dados considerados fiáveis pela ONU.ANG/RFI

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