Médio Oriente/ Plano de Israel de ocupar Gaza gera rejeição
Bissau, 08 Ago 25 (ANG) - Uma grande maioria de países ocidentais, sobretudo europeus, a União Europeia (UE) e as Nações Unidas expressaram hoje rejeição ao plano de Israel de ocupar a cidade de Gaza e deslocar os seus habitantes.
Entre esses Estados e organizações
figuram Portugal, Alemanha, Bélgica, Espanha, Reino Unido, Países Baixos,
Turquia, Austrália, a Comissão Europeia e a ONU, bem como a Arábia Saudita.
O Governo português afirmou-se hoje
"profundamente preocupado" com a decisão israelita e pediu a
suspensão desse plano e a aplicação de um cessar-fogo.
"O Governo português está
profundamente preocupado com o novo plano do Governo de Israel de ocupação de
Gaza", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), num
comunicado divulgado na rede social X.
O chanceler alemão, Friedrich Merz,
afirmou que esse plano não esclarece como Israel pretende alcançar os objetivos
de desarmar o Hamas, conseguir a libertação dos reféns e iniciar rapidamente
negociações para um cessar-fogo.
Merz acrescentou que, "nestas
circunstâncias, o governo federal não aprovará, até novo aviso, qualquer
exportação de material militar que possa ser utilizado na Faixa de Gaza",
o que constitui uma decisão sem precedentes para a Alemanha, um dos parceiros
europeus mais reticentes em criticar o governo israelita.
A Alemanha anunciou que vai suspender a
exportação de armas para as forças militares de Israel, sob o risco de estas
serem utilizadas na Faixa de Gaza.
Em linha com esta posição, o governo
neerlandês também classificou como "um passo errado" o plano militar
israelita, considerando que "não contribui de forma alguma" para
melhorar a tragédia humanitária no enclave e advertiu que "Gaza pertence
aos palestinianos".
Os Países Baixos, tal como a Alemanha,
também cancelaram hoje as entregas navais a Israel devido ao "risco de
utilização" contra Gaza.
O governo dos Países Baixos revogou três
licenças que tinha concedido para a exportação de peças de navios militares
para Israel devido ao "risco de utilização final não intencional" em
bombardeamentos israelitas de Gaza, foi hoje anunciado.
Outro dos países que se mostrou mais
contundente na resposta foi a Bélgica, cujo ministro dos Negócios Estrangeiros,
Maxime Prévot, convocou hoje a embaixadora de Israel em Bruxelas, Idit
Rosenzweig-Abu, para defender "energicamente que se recue nestas intenções".
O governo belga convocou hoje a
embaixadora israelita em Bruxelas para exigir que Israel "volte
atrás" no plano de ocupar a cidade de Gaza, acusando Telavive de
"continuar a colonização".
O ministro dos Negócios Estrangeiros de
Espanha, José Manuel Albares, por sua vez, condenou "firmemente" a
decisão de Israel que "só provocaria mais destruição e sofrimento" em
Gaza e sublinhou que insta a um cessar-fogo permanente, à entrada maciça de
ajuda humanitária no enclave e à libertação de todos os reféns que o Hamas
mantém em seu poder.
O ministro dos Negócios Estrangeiros
espanhol, José Manuel Albares, condenou hoje firmemente a decisão do governo
israelita de ocupar a cidade de Gaza, sublinhando que a medida só irá causar
"mais destruição e sofrimento".
Por sua vez, o primeiro-ministro
britânico, Keir Starmer, que em julho anunciou que o Reino Unido reconhecerá o
Estado da Palestina na ONU se Israel não avançar na ampliação do cessar-fogo,
considerou hoje "errada" a decisão e instou o executivo israelita a
"reconsiderar imediatamente" a medida.
"Esta ação não contribuirá em nada
para pôr fim a este conflito nem para garantir a libertação dos reféns. Apenas
provocará mais derramamento de sangue", advertiu Starmer, num comunicado.
O primeiro-ministro britânico, Keir
Starmer, considerou "errada" a decisão de Israel ocupar a Cidade de
Gaza e instou o governo israelita a "reconsiderar imediatamente" a
medida aprovada esta manhã.
Na mesma linha, a presidente da Comissão
Europeia, Ursula von der Leyen, pediu ao governo israelita que
"reconsidere" o plano militar e insistiu na libertação de todos os
reféns e no "acesso imediato e sem obstáculos" à ajuda humanitária.
O Governo turco condenou hoje sem
reservas a operação anunciada na quinta-feira à noite pelo primeiro-ministro
israelita de ocupar a cidade de Gaza.
O governo da Austrália, num comunicado,
também alertou que a decisão de Israel agravará a "catástrofe
humanitária", com a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Penny
Wong, a reiterar que "uma solução de dois Estados é a única maneira de
garantir uma paz duradoura".
Também a Arábia Saudita criticou hoje o
plano israelita de tomar o controlo da cidade de Gaza e acusou Israel de
provocar "fome e uma limpeza étnica" no território palestiniano.
De acordo com o plano do
primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a operação para tomar o controlo de Gaza
contempla várias fases, a primeira das quais inclui a retirada da população da
capital do enclave antes de 07 de outubro, dois anos após o ataque do Hamas.
Israel pretende, depois, estender o
controlo militar a toda a Faixa de Gaza e impor um governo de transição árabe
onde nem o Hamas nem a Autoridade Nacional Palestina (ANP) estejam
representados.ANG/Lusa

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