Suíça/Delegações têm dez dias para redigir Tratado Global dos Plásticos
Bissau, 06 Ago 25 (ANG) - A sexta reunião de negociações para tentar alcançar um tratado contra os plásticos decorre desde terça-feira, em Genebra, Suíça.
Os
representantes de cerca de 180 países, sob a égide da ONU, têm dez dias para
tentarem redigir em conjunto o primeiro tratado mundial que enfrente o flagelo
da poluição por plástico, que ameaça asfixiar o planeta.
Ao
abrir oficialmente as negociações, o diplomata do Equador Luis Vayas
Valdivieso, que preside aos debates, apelou os Estados a assumirem a sua
responsabilidade para travar aquilo que designa de “crise mundial”.
A poluição por plástico danifica os ecossistemas, polui os
nossos oceanos e rios, ameaça a biodiversidade, afecta a saúde humana e pesa de
forma injusta sobre os mais vulneráveis.
A urgência é real, a prova é clara e a responsabilidade recai
sobre nós.
Em
discussão há três anos, este texto “juridicamente
vinculativo” para os Estados “não surgirá automaticamente”, já
tinha advertido ontem Valdivieso, ao receber os representantes de mais de 600
ong’s que acompanham as negociações.
A
sessão de negociações intergovernamentais que decorre agora na Suiça, CIN5-2,
foi acrescentada após o fracasso das discussões realizadas em Busan, na Coreia
do Sul, no final do ano passado. Na altura, um grupo de países produtores de
petróleo bloqueou qualquer avanço.
Um
relatório publicado esta segunda-feira na revista médica The Lancet, dá conta que a poluição por plástico é um “perigo grave, crescente e subestimado”
para a saúde, que custa ao mundo pelo menos 1.500 mil milhões de dólares por
ano. Dizem os especialistas citados no texto que as pessoas vulneráveis, em
especial as crianças, são as mais afectadas pela poluição por plástico.
Em entrevista à
RFI, Valentina Muñoz, responsável pelo lixo marinho, comunidades e
sensibilização na ONG portuguesa Sciaena, sublinhou a urgência de uma resposta
política concreta para travar os impactos do plástico no planeta e na saúde
humana. “Os Estados têm que
agir. Essa é que tem que ser a novidade” desta sessão de negociações, acrescentou.
A
conferência discute temas como a redução da produção de plástico, a
regulamentação de produtos químicos e o financiamento do tratado. “Está em jogo a saúde do planeta”, frisou Valentina Muñoz.
Apesar
dos bloqueios, Valentina Muñoz mantém esperança no desfecho das negociações: “Ainda tenho esperança [...] Há vários países que já mostraram muita
ambição. (...) Espero que [as novas gerações] não herdem um planeta apenas
cheio de plástico e sem peixinhos para comer”, concluiu, lembrando que o tratado não diz respeito apenas ao
presente, mas ao futuro das próximas gerações.
Anualmente
são produzidas mais de 450 milhões de toneladas de plástico e prevê-se que este
número duplique até 2045. Apenas 9% do plástico é reciclado. A maioria dos
plásticos permanece intacta durante décadas após a sua utilização, os que se
desgastam acabam por se transformar em microplásticos.ANG/RFI

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