quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Administração dos Portos



DG da APGB acusado de criar sindicato de base paralelo na empresa

Bissau, ANG - O Director-geral da Administração dos Portos da Guiné-Bissau esta a fomentar a criação duma organização sindical de base paralela a legalmente existente naquela instituição.

Hélder Gomes, Presidente do Sindicato de Base da APGB
A acusação é do Presidente do Sindicato de Base da APGB quando falava em conferência de imprensa, dia 09, destinada a denunciar algumas irregularidades que se verificam naquela empresa portuária, as quais rotula serem da responsabilidade de Mário Mussante.

Hélder Gomes indicou que o DG tem sistematicamente violado a lei sindical, dando como um dos exemplos o apoio dado para a realização da assembleia-geral de uma pretensa comissão, liderada por Baptista Té, que não teve o aval da direcção do sindicato de base local.

“Estamos cientes que o nosso mandato terminou desde Novembro do ano findo, por isso mesmo e, por três vezes, remetemos a Direcção da empresa documento para a informar da pretensão em realizar a Assembleia Geral para serem escolhidos novos corpos sociais, mas a mesma limitou-se a dar desculpas”, informou o Presidente.

Enquanto isso, prosseguiu Helder Gomes, Baptista Té, com a permissão da Direcção da APGB e, por vezes interrompendo mesmo os serviços aos trabalhadores, andava a circular com a solicitação de um abaixo-assinado para a realização da “tal” Assembleia Geral.

“No final da recolha das assinaturas, Batista Té dirigiu-se a Direcção do Sindicato de Base, tendo-a informado de que já tinham convocado a Assembleia Geral dos trabalhadores para ter lugar dentro de 24 horas”, estranhou Hlder Gomes que adiantou ter recusado participar numa convocatória ilegal como tal.

De acordo com o Presidente do Sindicato de Base da APGB, a comitiva liderada por Baptista Té insistiu e acabou mesmo por levar adiante sua pretensão com o conluio e autorização da Direcção da empresa. 

No entanto, foi uma assembleia Geral, sem quórum necessário, por nela não terem participado os trabalhadores da empresa, informou Helder Gomes que acrescenta que estes voltariam outra vez a convocar uma outra reunião de onde saiu uma comissão encarregue de criar estatutos e de desvincular a organização no Sindicato dos Transportes aonde se encontra filiado.

“Como é que pode uma comissão extra-sindical exigir a desvinculação do Sindicato de Base da APGB no Sindicato de Transportes”, questionou indignado o Presidente desta organização que volta a acusar a Direcção de ter criado “seu próprio” sindicato. 

Informou que quer o Sindicato dos Transportes como a confederação dos sindicatos Independentes, haviam informado ao grupo de Té da ilegalidade dos seus actos, enquanto não forem reconhecidas pela Direcção cessante do Sindicato de Base da APGB.

Aliás, desde que assumiu o cargo, o DG tem vindo a actuar contra o Sindicato de Base, nomeadamente por ocasião do 1º de Maio, esta organização é que costumava organizar as festas e algumas competições entre os trabalhadores, mas que Mário Mussante decidiu pura e simplesmente substituir com uma comissão organizadora por si criada.

“Nós é que temos direito a fazer isso, pois defendemos os interesses dos trabalhadores e o dinheiro para a organização deste evento advém dos descontos que se efectuam aos funcionários”, reclamou Helder Gomes.

Igualmente, por ocasião do 3 de Agosto, data que a sua organização sindical costumava assinalar todos os anos com a presença em massa dos funcionários da APGB, este ano não foi o caso.

“A Direcção recusou disponibilizar dinheiro para despesas com camisolas e outros materiais necessários para marcar o evento”, acusou Hélder Gomes que lembra que o montante solicitado é parte do total dos descontos que se efectuam mensalmente a cada funcionário e que por conveniência entenderam por bem guardar na caixa forte da empresa.

Na sua opinião, a Direcção devia preocupar com graves problemas que hoje assolam os trabalhadores nomeadamente, a necessidade do aumento salarial, assistência sanitária e seguros.

No capítulo da saúde, denunciou que apesar de possuir um posto médico, os trabalhadores são cobrados avultadas somas para efectuar, por exemplo uma simples analise. Aliás não há medicamentos naquele posto.
Hélder Gomes em declarações a imprensa

“O funcionário doente fica 2 meses sem obter o reembolso do montante utilizado para cobrir a receita médica”, criticou estranhando que isso acontece apesar de os funcionários serem descontados mensalmente seguros nos seus salários.

O mais grave ainda é o caso de um funcionário que foi amputado um dos pés na sequência de um acidente com contentor, o qual a direcção anterior havia comprometido construir uma casa como forma de indemnização.

“Com a entrada de Mário as obras em construção ficaram interrompidas e ele recusa disponibilizar dinheiro para conclusão dos trabalhos”, acusou Helder Gomes.

Igualmente um outro funcionário que necessita de tratamento de hemodiálise e que se encontra em tratamento em Dakar viu ser-lhe recusado envio de respectivo salário pela actual Direcção, o que põe em risco a vida do mesmo.

Dos três Directores-gerais que recentemente passaram na empresa, nomeadamente Fernando Gomes, Carlos Sambuia e Mário Mussante, este ultimo é a que mais problemas trouxe ao sindicato de base, acusou o Presidente do Sindicato de Base da APGB.

Contactado pela ANG para comentar sobre estas acusações, o Director Geral da APGB, Mario Mussante declinou pronunciar limitando-se a dizer que vai continuar a trabalhar como tem feito até aqui e que os resultados vão falar por si só.

Entretanto, o Presidente do Sindicato de Base da APGB anunciou a realização da Assembleia Geral desta organização logo que termine a campanha de castanha de caju em curso no país, isso para não por em causa o funcionamento da empresa.

 

ANG/JAM

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