Síria/UE encara queda de regime na Síria como "momento histórico"
Bissau,
09 Dez 24(ANG) - A União Europeia (UE) considerou hoje que a queda do
regime de
Bashar al-Assad na Síria é um "momento histórico" para a população
síria, apelando ao respeito pela soberania e independência do país e à rejeição
de "quaisquer extremismos".
Em
comunicado, a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política
de Segurança, Kaja Kallas (ex-primeira-ministra da Estónia), disse que a
"queda do regime criminoso de Bashar al-Assad representa um momento
histórico para a população síria, que aguentou imenso sofrimento e demonstrou
uma resiliência extraordinária na sua luta pela dignidade, liberdade e
justiça".
"Os nossos sentimentos
estão com as vítimas do regime de Bashar al-Assad e com as baixas do conflito
sírio. Todos os sírios deviam ter agora a oportunidade de conhecer a verdade e
o destino dos seus entes queridos", acrescentou a chefe da diplomacia
europeia.
Face a um "futuro
incerto", Kaja Kallas considerou que "é crucial preservar a
integridade territorial da Síria e respeitar a independência, soberania e as
instituições estatais".
A Alta Representante pediu
também que se rejeite "quaisquer extremismos", aludindo à presença no
território sírio, mas também na região circundante, do grupo extremista Estado
Islâmico.
No comunicado divulgado, a
chefe da diplomacia do bloco comunitário exortou ainda à contenção "para
assegurar a proteção" da população e ao respeito pela lei internacional e
lei humanitária internacional, assim como ao respeito pela liberdade religiosa,
pelas representações diplomáticas em Damasco, capital da Síria, e pela
"herança cultural e religiosa rica".
"Neste período crítico,
a União Europeia está com a população da Síria e vai continuar em contacto com
os parceiros essenciais na região e internacionais", finalizou Kaja
Kallas.
A Hayat Tahrir al-Sham
(HST), ou Organização de Libertação do Levante, que liderou os rebeldes que
derrubaram Bashar al-Assad no fim de semana, prometeu, nos primeiros
comunicados, tolerância para com as diferentes seitas e credos do país.
A HTS, que tomou o controlo
das principais cidades sírias e declarou Damasco livre no domingo, após uma
ofensiva que durou apenas 12 dias, é a herdeira da Frente al-Nusra, uma antiga
filial da Al-Qaida na Síria.
A coligação liderada pela
HTS integra atualmente uma variedade de fações rebeldes, incluindo os
pró-turcos.
Após a tomada do poder na
Síria, a HST divulgou vários comunicados em que se comprometeu a tolerar os
seguidores de diferentes seitas e credos no país e avisou os seus membros para
evitarem maltratar ou atacar civis.
Bashar al-Assad, que esteve
no poder 24 anos, deixou o país perante a ofensiva rebelde.
A presidência russa
(Kremlin) confirmou hoje que o Presidente Vladimir Putin concedeu asilo na
Rússia ao ex-presidente sírio Bashar al-Assad e família.
Rússia, China e Irão
manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países
ocidentais e árabes expressou satisfação por Damasco deixar de estar nas mãos
do clã Assad.
No poder há mais de meio
século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de
repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de
Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em
2000.ANG/Lusa
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