quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Festival inter-Ilhas


XIIº Intercâmbio reúne populações de 16 Ilhas em Bubaque

Mais de seis mil pessoas, dentre as quais, 3500 oriundas de 16 das muitas ilhas existentes na Guiné-Bissau afluíram a cidade de Bubaque onde no passado 17, teve inicio o XIIº Intercâmbio inter-ilhas sob o lema “Solidariedade, Paz, Estabilidade e Revitalização dos Valores Culturais”.


Danças culturais, torneio desportivo, palestras sobre temas “Reformas”, “Autarquias”, “O estrangulamento ao desenvolvimento das ilhas” e plantação de 800 árvores pela comissão organizadora e participantes no evento são as actividades em curso e que preencherão os 7 dias que vão durar este certame, cuja cerimónia de abertura foi presidida pelo Primeiro-ministro.

Na ocasião, Carlos Gomes Júnior salientou constituir motivo de orgulho o facto dos parceiros internacionais perspectivam uma taxa de crescimento económica guineense na ordem dos 5 porcentos, o que na sua opinião, foi possível graças ao esforço e sacrifício consentidos pelo povo e que resultou na perdão da divida externa do país.

O chefe do executivo manifestou-se satisfeito por testemunhar o inicio deste fórum recreativo inter-ilhas e realçou a confiança na sua equipa governamental demonstrada pelos parceiros, que neste certame se fizeram representar através de embaixadores de Angola, África do Sul, China e encarregado de negócios da Palestina, para além de representantes de alguns organismos internacionais.

“São estes parceiros que estiveram, estão e continuarão a estar sempre ao lado da Guiné-Bissau”, proclamou Cadogo filho, como carinhosamente é conhecido, tendo de seguida vincado que as infra-estruturas recentemente criadas no país contaram com apoios destes mesmos parceiros, os quais manifestou sua gratidão em nome do povo guineense.

Quanto ao evento propriamente dito, Carlos Gomes Júnior começou por assegurar que algumas das promessas deixadas aquando da entrada em função do executivo, nomeadamente a de resgatar o arquipélago dos Bijagós do isolamento, já estão a ser materializadas.

“Estes dois barcos constituem as primeiras amostras da nossa determinação”, aludiu o primeiro-ministro indicando os navios “Baria” e “Pecixe” para transporte de pessoas e cargas, recentemente adquiridas pelo governo e que ancorados no porto de Bubaque, mansamente balouçavam ao sabor da brisa marítima.

De acordo com Carlos Gomes Júnior, na sequencia da compra destes meios de transportes, torna-se possível agora transportar maquinas como tractores, para a construção e reabilitação de estradas e outras infra-estruturas, cujas acções a cidade de Bubaque a muito reclama. 

Avançou mesmo que o ministro das infra-estruturas teria já prometido transportar “bulldozer” com vista a construção das estradas de Bubaque, possibilidade essa que foi longamente ovacionada pelos presentes na cerimónia que decorreu no porto local.

“Temos que construir a ilha de Bubaque por causa da erosão”, determinou o chefe do governo que estimou que aquela ilha é muito bonita e que possui grande potencialidade turística.

Prometeu que na elaboração do próximo Orçamento Geral de Estado o governo vai contemplar a fatia destinada a tirar as ilhas do isolamento a que estão confinadas devido a falta de tudo.

Na sua explanação, Carlos Gomes Júnior disse que a presença da delegação do Estado maior General das Forças Armadas ao lado do executivo para assistir a este evento significa que a paz chegou de vez na Guiné-Bissau.

Exortou a juventude para que esteja preparada para assumir o processo de desenvolvimento do país, através de preservação de valores defendidos por Amílcar Cabral e assumiu que o intercâmbio constitui um espaço valoroso para reforçar e consolidar a unidade nacional. 

A concluir a intervenção, o primeiro-ministro prometeu que o executivo vai continuar na senda actual de implementação a boa governação de forma a reforçar a credibilidade do país e atrair mais apoios dos seus parceiros de desenvolvimento para erguer uma nova Guiné-Bissau, responsável, seguidor e respeitador dos seus compromissos internacionais.

O primeiro-ministro que recebeu várias prendas de estatuetas de madeira e “panos de pente” havia antecedido esta cerimónia com a visita ao hospital, a Casa do Ambiente, Comité de Estado, Mercado e procedeu ainda a inauguração duma bomba de água em Bubaque.

O Secretário de Estado da Juventude, Cultura e Desportos reforçou que o executivo estaria a cumprir assim com uma das suas atribuições que é o da promoção e divulgação do diversificado mosaico cultural de que dispõe o país.

“A nossa cultura é bastante rica e diversificada”, elogiou Fernando Saldanha para recordar que o executivo pretende, através da comissão organizadora deste intercâmbio, preservar e divulgar a cultura nacional para o além fronteiras.

De acordo com este responsável, que falou já na cerimónia de desfile de apresentação das ilhas participantes, só desta forma e ainda através do desporto é que “podemos sentir o pulsar do guineense”. “A paz e estabilidade medem-se através de manifestações de alegria e de entusiasmo, libertando as nossas almas”, filosofou o governante.

Instado a pronunciar sobre o isolamento a que as ilhas se encontram confinadas, devido a falta de meios de transportes e de infra-estruturas sociais, o Secretario de Estado da Juventude, Cultura e Desportos assinalou a apresentação das duas embarcações como primeiros sinais para superar o obstáculo natural (mar) que separa da parte continental da Guiné-Bissau.         

“Com o inicio da operação destes barcos, as ínsulas ver-se-ão desencravadas e vão dinamizar o comércio local, através da atracção de mais operadores económicos para promoverem o desenvolvimento tão almejado para a ilhas”, disse considerando que este intercâmbio constitui um factor de união das ilhas, mas também de todo o povo guineense.

“É o mais importante evento inter-ilhas e representa tudo para esta parte insular do território nacional”, definiu o Presidente da Comissão Organizadora que saúda as comitivas participantes pelos sacrifícios consentidos para estarem presentes neste encontro cultural.

Marcelino Delgado (Tony) disse que o evento constitui ocasião de partilha de amizade e de solidariedade entre as populações de diferentes ilhas, as quais apenas encontros desta natureza proporcionam oportunidades para conhecerem-se e estabelecerem laços de amizade e de cooperação.

 Participam no XIIº Intercâmbio, cujo encerramento esta prevista para o dia 24 do mês em curso as comunidades insulares de Bolama, Orangozinho, Canogo, Ilhéu de Rei, Orango, Ilha das Galinhas, Soga, Uno, Onhocomo, Pecixe e Geta, Formosa, Canhabaque e Caravela. Houve um interregno de 10 anos desde a realização do último evento desta natureza em Bubaque no ano de 2001.

Esta festa cultural, académica e desportiva inter-ilhas foi assim possível graças aos apoios materiais (alocação das duas embarcações que transportou os participantes) e financeiro do governo, e o próprio primeiro-ministro é o padrinho do mesmo. 

O Próximo intercâmbio vai decorrer em Setembro de 2012 na Ilha de Bolama.

ANG/JAM

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