Política/Presidente da comissão preparatória do congresso diz
que PAIGC “não pode perder a cabeça”
Bissau, 22 Mar 22 ANG) – O
presidente da comissão organizadora do 10.º congresso do Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) afirmou segunda-feira que o partido
“não pode perder a cabeça”, perante os ataques de que é alvo.
Coronel na reserva e
ex-comandante da guerrilha do PAIGC que lutou pela independência da
Guiné-Bissau, Manuel “Manecas” dos Santos reagiu segunda-feira aos incidentes
de sexta-feira e sábado quando a polícia interrompeu na sede do partido a
reunião do Comité Central que lá decorria.
A reunião era para preparar
os documentos finais do 10.º congresso que deveria iniciar-se no sábado para
decorrer até segunda-feira.
A polícia lançou granadas de
gás lacrimogéneo no salão da reunião, o que obrigou à dispersão das pessoas.
“É muito grave. Eu acho que
eles perderam a cabeça, mas o PAIGC não pode perder a cabeça também”, defendeu
o veterano de guerra pela independência da Guiné e Cabo Verde.
A polícia disse que estava a
cumprir com um mandado de um juiz que está a apreciar uma providência cautelar
interposta por um militante contra o partido por causa de o seu nome não
constar na lista de delegados ao 10.º congresso.
“Manecas” dos Santos afirmou
que para já o congresso foi adiado e os 1.400 delegados mandados regressar às
suas origens no interior e no estrangeiro, mas que o partido está a tomar as
diligências para que seja realizado.
“O congresso acabará por se
fazer para estarmos prontos para enfrentar quaisquer eleições que vão aparecer.
Como vai ser não posso dizer neste momento. Nós estamos a refletir sobre aquilo
que aconteceu, sobretudo aquilo que pode vir a acontecer e sobre aquilo que nós
temos de fazer”, sublinhou o dirigente do PAIGC.
“Manecas” dos Santos
condenou a atuação da polícia ao impedir o acesso de militantes à sede do
partido, mas sobretudo por ter lançado granadas de gás lacrimogéneo na
sexta-feira no salão onde decorria a reunião do Comité Central.
“É uma barbaridade. Num
recinto mais ou menos fechado onde estão mais de mil pessoas, lançar gás lacrimogéneo
é crime”, observou o dirigente do PAIGC, destacando ainda que muitas pessoas
ficaram “gravemente feridas” ao saltarem do primeiro piso do edifício para o
pátio.
“Manecas” dos Santos disse
não ser capaz de confirmar se alguém morreu naquela ação.
“Obviamente que o PAIGC vai
atuar, sempre na legalidade, vai atuar na justiça para pedir a condenação deste
ato de barbárie. A nossa ação é sempre no campo político. O PAIGC fez a guerra
[pela independência] sabe o que é isso. O PAIGC não é partidário da violência
gratuita”, sublinhou “Manecas” dos Santos.
Sobre o facto de a polícia
não estar a deixar os militantes acederem à sede do PAIGC, o veterano da luta
pela independência da Guiné e Cabo Verde considera ser "mais uma
ilegalidade e abuso do poder" e lembrou que o imóvel é propriedade do
partido.ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário