segunda-feira, 21 de março de 2022

    Sociedade/Água, uma das grandes prioridades para a segurança mundial

 Bissau, 21 Mar 22 (ANG) - Arrancou esta segunda-feira em Dacar, Senegal, o Fórum Mundial da Água, subordinado ao tema “Segurança da água para a Paz e Desenvolvimento sustentável”.

Trata-se do encontro mais importante consagrado à gestão da água à escala global. O 9.º Fórum Mundial da Água é uma organização conjunta do Conselho Mundial da Água (World Water Council) e do Governo do Senegal. 

 O certame acontece a cada três anos, e realiza-se pela primeira vez em África subsariana e a segunda vez no continente africano (Marraquexe, Marrocos em 1997).

Na capital senegalesa estão reunidos participantes de todos os níveis e domínios, do privado ao público, do mundo académico ao político.

De acordo com as Nações Unidas, apenas 30% da população de África Subsariana tem acesso a uma fonte segura de água potável. Um em cada quatro africanos não tem acesso a água potável.

África não tem falta de água, mas tem falta de infra-estruturas de distribuição e saneamento. A situação afecta a generalidade dos países, meio rural ou urbano.

Com a população africana a duplicar até 2050, uma das prioridades actuais passa pela melhoria da qualidade da água. Para tal, é preciso encontrar soluções para a gestão do lixo e da poluição que está na origem da maior parte das doenças ligadas à água. Doenças que matam, especialmente crianças.

Segundo a UNICEF, 500 crianças morrem por dia nos países de África Subsariana por falta de água potável e por um saneamento precário. Em África Subsariana, 70% da população não tem qualquer ligação a uma rede de saneamento, o que significa que tudo é directamente expelido para a natureza, poluindo imediatamente e a longo prazo do meio-ambiente.

Compreender e enfrentar o problema da água, é compreender a existência de um problema a nível económico, energético, alimentar e sanitário.

Uma das questões geopolíticas da água, prende-se com a gestão coordenada das bacias hídricas internacionais. Facto que significa a partilha de água, que é com frequência uma fonte de conflito e de tráfico ilegal.

Um relatório da Unesco, publicado hoje em Dacar, destacou o potencial das águas subterrâneas para gerar benefícios sociais, económicos e ambientais, desde que geridas de forma sustentável.

 De acordo com o documento de 272 páginas, intitulado “Águas Subterrâneas: Tornar visível o invisível”, as águas subterrâneas representam quase 99% das reservas de água doce da Terra.

   Mas “os benefícios directos e indirectos que proporcionam passam, muitas vezes, despercebidos ou são ignorados”. Como resultado, as reservas mundiais de água subterrânea são frequentemente mal administradas, subvalorizadas e correm risco de poluição.

   As águas subterrâneas fornecem metade do volume de água captado no mundo, segundo a Unesco, usados pela população mundial para fins domésticos, para agricultura e indústria. Por isso mesmo, “é fundamental aproveitar, de forma mais inteligente, o potencial dos recursos hídricos subterrâneos, ainda subexplorados” alertou Audrey Azoulay, directora-geral da Unesco.

A organização estima que o consumo de água deverá aumentar, em média, 1% por ano durante os próximos 30 anos. ANG/RFI

 

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