quinta-feira, 9 de junho de 2011

Saúde Pública



Dr. Augusto Paulo

 Insuficiência de médicos especializados na origem da elevada taxa de evacuações ao estrangeiro

Bissau, ANG – O reduzido numero de médicos especializados e a falta de meios de diagnostico nos hospitais da Guiné-Bissau, são as principais razoes pelas mais de 600 evacuações anuais de pacientes para tratamento no estrangeiro.

A revelação foi feita à ANG dia 7, pelo Secretario de Estado de Saúde, Augusto Paulo da Silva  

 “A emigração dos profissionais; a mortalidade, pois actualmente morrem muitos quadros de saúde, e a mudança para outros empregos estão por detrás dessa sangria dos profissionais de saúde” sublinhou.

Para inverter a situação, Augusto Paulo revelou que adoptou-se uma política de acelerar a formação dos recursos humanos, tal como se está a fazer em relação aos 300 alunos que actualmente estudam a enfermagem.

“Isto faz parte da política de gestão dos recursos humanos na área da produção. Existe uma outra política que é a da motivação e de retenção de quadros. E estamos a discutir com o governo o problema dos subsídios, concretamente, os de isolamento e vela”, explicou.

Em termos gerais, segundo, Augusto Paulo, o país ainda não possui médicos em número suficiente para dar a necessária cobertura sanitária em todo o território nacional.

“O ideal para o país neste momento é um médico para cada dez mil habitantes”, indicou acrescentando que, neste momento, o país conta, apenas, com um único médico especializado na área da pediatria.

O Secretário de Estado da Saúde, lamentou que a maior parte dos especialistas nacionais formados em diferentes áreas de saúde, em Portugal e outras partes do mundo, optou-se por exercer no estrangeiro, aliciados pelas melhores condições de trabalho e financeira.

“A Guiné-Bissau possui um leque de médicos formados em especialidades como a obstetrícia, medicina interna, cardiologia, ortopedia entre outros, infelizmente a maioria deles não esta aqui”, disse Augusto Paulo, que, contudo, reconheceu a existência de técnicos sanitários localmente formados nas especialidades de estomatologia, cirurgia macilo facial, genico-obstetricia etc.

O Secretário de Estado de Saúde informou que é no sentido de colmatar essas lacunas que recentemente foram elaboradas o Plano Nacional de Desenvolvimento dos Recursos Humanos do Ministério da Saúde.

Questionado sobre os eixos principais deste que constitui o segundo Plano Nacional do Desenvolvimento Sanitário, Augusto Paulo apontou oito, entre os quais, a promoção da boa governação, gestão, recursos humanos, infra-estruturas, medicamentos, legislação, monitorização e avaliação, investigação para a saúde. Cada eixo tem os seus objectivos específicos.

“Achamos que só planeando, é que poderemos saber o que é que nos falta e como dar mais formações às pessoas que trabalham no sector”, frisou aquele responsável.

Lembrou que isso constitui um dos grandes desafios para o sector e adiantou que, se tudo correr como previsto, dentro de um ano será criada uma nova escola de formação para agentes de saúde, aonde serão ministrados curso médio no domínio de radiologia, uma vez que são escassos os quadros ligados a esta especialidade.

“Temos que aumentar o número de especialidades médicas. Os agentes que estamos a formar com apoio dos cubanos estão ligados a clínica geral e necessitam de especializar em outros subáreas concernentes várias”, realçou.

Na sua opinião, o motor para a execução do Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário são os recursos humanos existentes. Considerou que deve existir força de trabalho preparado para concretizar os objectivos preconizados, nomeadamente a diminuição da mortalidade materno/infantil e proporcionar saúde ao guineense em geral.

Em relação as infra-estruturas de saúde, aquele governante mostrou-se satisfeito com as existentes, mas criticou a forma “incorrecta” como algumas delas são usadas, concretamente no que concerne a manutenção.


 “Felizmente conseguimos agora junto da União Europeia, um financiamento para o projecto de reabilitação das infra-estruturas tanto da educação como de saúde e neste quadro serão reabilitados os hospitais de Gabú e Bubaque, enfim, está em curso um grande projecto de reabilitação das infra-estruturas de saúde ao nível nacional”, declarou.

Realçou que dispõe de um novo projecto com o Japão através da UNICEF para a melhoria de outras infra-estruturas que ficaram a margem do projecto financiado pela União Europeia.

 Augusto Paulo informou que agora se decidiu à integração dos depósitos regionais de medicamentos na Central de Compras de Medicamentos Essências (CECOMES), instalada em Bissau.


“Nos estabelecimentos hospitalares e centros de saúde, quando se fala de recuperação de custos através de cobranças de consultas e tratamentos das pessoas, são os 40 por cento do montante obtido é que ficam para a reposição do stock de medicamentos”, explicou lamentando que este fundo por vezes é aplicado noutras áreas e os centros ou hospitais ficam sem medicamentos.
ANG/ÂC

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