Mali/França e parceiros confirmam abandono das tropas do país africano
Bissau, 07 Mar 22 (ANG) - O presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou esta quinta-feira, no Palácio do Eliseu, a retirada das tropas francesas e internacionais do Mali.
As relações entre Paris e Bamaco têm azedado
ao ponto de o embaixador francês ter recebido um ultimato para deixar o país.
A junta militar maliana pretendia manter-se no
poder por vários anos tendo ficado sob sanções inclusive da comunidade
regional, a CEDEAO.
Foi na presença do chefe de Estado
senegalês e presidente em exercício da União Africana, Macky Sall, e do seu
homólogo do Gana, Nana Afuko Addo, para além do presidente do Conselho europeu,
o belga Charles Michel, que se confirmou em Paris o fim das intervenções
Barkane (da França com os países da região) e Takuba (europeia, incluindo
francesa) do Mali.
A França manteve tropas suas na antiga
colónia da África ocidental ao longo de nove anos, numa primeira fase, em 2013,
para evitar a ocupação por jihadistas da capital, Bamaco.
Segundo o chefe de Estado maior das forças
armadas francesas, com esta retirada
do Mali daqui a seis meses, manter-se-ão ainda na região entre 2 500 e 3
000 soldados gauleses.
De momento Paris mantinha 2 400 militares
no Mali, 48 militares franceses perderam aí a vida, 53 em todo o Sahel.
O anúncio foi feito pelo chefe de Estado da França, Emmanuel
Macron, alegando, porém, ter sido útil a intervenção e descartando qualquer
fiasco quanto a esta retirada.
O inquilino do Palácio do Eliseu fez mesmo questão em frisar a sua
intenção em se manter mobilizado no Sahel, e mesmo além, até aos países
vizinhos do Golfo da Guiné e da África ocidental.
Os dois golpes de Estado no Mali, em 2020 e 2021, trouxeram para o
poder em Bamaco uma junta militar que descarta
organizar eleições antes de vários anos e que tem
capitalizado o sentimento anti-francês crescente que se tem instalado.
Emmanuel Macron admitiu que a suposta presença de forças
para-militares privadas russas Wagner, desmentida por ora pelas autoridades
malianas, era absolutamente inaceitável para os parceiros europeus ali
presentes.
"Estamos
de acordo quanto ao óbvio que é não podermos ficar mobilizados militarmente ao
lado das novas autoridades das quais não partilhamos nem a estratégia, nem os
objectivos ocultos.
Esta é a situação com a qual estamos confrontados actualmente no
Mali.
A luta contra o terrorismo não pode justificar tudo.
Com o pretexto de ser uma prioridade absoluta ela não se deve
transformar no exercício de conservação indefinida do poder.
Ela também não pode justificar uma escalada da violência com
recurso a mercenários cujos abusos foram testemunhados na República
centro-africana e cujo exercício da força não é regulamentado por nenhuma
convenção.
Nestas condições a França e os seus parceiros mobilizados em
missões de luta contra o terrorismo, nomeadamente a força Takuba, tomaram a
decisão de retirar a respectiva presença militar do Mali.
Esta retirada traduzir-se-á pelo fecho das bases de Gossi, Ménaka
e Gao”,
disse Emanuel Macron.
Por seu lado, o chefe de Estado do Senegal, Macky Sall, presidente em exercício da União Africana, admitiu compreender a decisão das tropas internacionais se retirarem do Mali afirmando, porém, ser necessário trabalhar com a junta militar para se encontrar uma solução na luta contra o terrorismo.
"Considerando
a situação no Mali, compreendemos a decisão tomadas pelas autoridades europeias
e francesas de não prosseguir as intervenções (militares).
Esperamos que as discusões entre a CEDEAO e Mali permitam o
regresso de uma normalidade das instituições civis, depois de eleições para que
o país retome o curso normal”, disse Sall. ANG/RFI
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