Ucrânia/”Sanções à Rússia quase duplicam as da Coreia do Norte e Irão”, diz Lavrov
Bissau, 18 Mar 22(ANG) – As sanções contra a Rússia por ter invadido a Ucrânia correspondem a mais de 5.000 medidas e são quase o dobro das impostas à Coreia do Norte e ao Irão, disse hoje o chefe da diplomacia russa.
“Como
disse o Presidente [da Rússia, Vladimir] Putin, somos o campeão em termos do
número de sanções”, disse Serguei Lavrov numa entrevista à televisão russa RT,
citada pela agência noticiosa TASS.
Lavrov,
71 anos, que é ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia desde 2004, é um
dos alvos individuais das restrições impostas pelo Ocidente, tal como Vladimir
Putin.
Segundo
Lavrov, a Rússia foi alvo de “mais de 5.000 medidas individuais” por ter
invadido a Ucrânia, em 24 de Fevereiro.
“Isto
é quase o dobro do número de sanções impostas à Coreia do Norte e ao Irão”,
observou.
Lavrov
disse à RT que as sanções “só tornaram a Rússia mais forte” e admitiu que a
“pressão sancionatória vai continuar”.
“Eles
[o Ocidente] estão agora a ameaçar com uma quinta vaga de sanções, talvez
depois disso venha a haver outra vaga, mas estamos habituados a isso”,
desvalorizou.
O
veterano da diplomacia de Moscovo considerou que a Rússia aprendeu a lição
histórica de que não pode contar com parceiros ocidentais, uma “ilusão que foi
completamente destruída”.
“Agora,
só podemos contar com nós próprios e com os aliados que permanecerão ao nosso lado.
Esta é a principal conclusão para a Rússia no contexto da geopolítica”,
afirmou, citado pela TASS.
Lavrov
disse que a Rússia não recusará no futuro cooperar com países ocidentais, mas
deixa de os considerar fiáveis.
“Vamos
cooperar com eles, [mas] lembrando-nos muito bem que não podemos pensar que são
de confiança a longo prazo”, acrescentou.
Na
entrevista à RT, cujas emissões foram proibidas na União Europeia desde a
invasão, Lavrov também reafirmou que Moscovo considera como “alvos legítimos”
todos os carregamentos chegados à Ucrânia suspeitos de transportarem armas.
“Deixámos
muito claro que todos os carregamentos que chegam à Ucrânia e que, na nossa
opinião, transportem armas, serão alvos legítimos [para ataque]”, afirmou
Lavrov, citado pela agência espanhola EFE.
Lavrov
justificou que a “operação militar especial” russa na Ucrânia, na designação
oficial de Moscovo, visa precisamente “eliminar qualquer ameaça” do país
vizinho à Rússia.
A
operação visa também “proteger a população civil” do Donbass, que “está sob
ataque há oito anos”, acrescentou, aludindo à guerra iniciada em 2014, no leste
da Ucrânia, por separatistas pró-russos apoiados por Moscovo.
A
União Europeia e países como os Estados Unidos, o Reino Unido, o Japão ou a
Austrália impuseram sanções sem precedentes à Rússia, na sequência da sua
intervenção militar na Ucrânia.
As
medidas de retaliação provocaram uma desvalorização histórica do rublo e
congelaram alguns fundos no estrangeiro, impedindo o Banco Central de apoiar a
moeda russa.
Muitas
empresas estrangeiras anunciaram igualmente a sua retirada da Rússia ou o fim
da cooperação com Moscovo, ameaçando centenas de milhares de postos de trabalho
no país.
A
invasão da Ucrânia pela Rússia desencadeou uma guerra que provocou um número
ainda por determinar de baixas civis e militares.
Até
ao fim de quarta-feira, a ONU tinha confirmado a morte de 780 civis, incluindo
58 crianças, mas alertou que os números reais “são consideravelmente mais
elevados”.
A
guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 22.º dia, também levou à fuga de quase
cinco milhões de pessoas, mais de três milhões das quais para os países
vizinhos, na pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945). ANG/Inforpress/Lusa
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