Moro vai ao Senado depor sobre troca de mensagens polémicas
Bissau, 12 jun 19 (ANG) - O ministro da Justiça brasileiro, Sérgio Moro,
vai na próxima quarta-feira, dia 19, à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
do Senado depor sobre a troca de mensagens que coloca em causa a imparcialidade
da operação Lava Jato.
A decisão foi anunciada na terça-feira
pelo presidente do Senado, David Alcolumbre, durante uma sessão do Congresso,
após ter recebido um comunicado do líder do Governo no Senado, Fernando
Bezerra.
O documento, partilhado por Alcolumbre
no seu Twitter, afirma que Moro se colocava à disposição do Senado para ser
ouvido pela CCJ.
Sergio Moro, ex-juiz e actual
responsável pela pasta da Justiça no Governo liderado por Jair Bolsonaro, foi
citado no domingo numa série de reportagens sobre a operação Lava Jato do
‘site’ The Intercept.
Segundo o Intercept, conversas privadas
revelam que o ex-juiz Sergio Moro sugeriu ao procurador e responsável pelas
investigações da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que alterasse a ordem das fases
da operação, deu conselhos, indicou caminhos de investigação e deu orientações,
isto é, teria ajudado a acusação, o que viola a legislação brasileira.
Moro, ministro da Justiça e Segurança
Pública, ganhou notoriedade como juiz da operação Lava Jato, por condenar
empresários, funcionários públicos e políticos de renome como o ex-Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
A acusação contra Lula da Silva,
condenado por Moro a nove anos e seis meses de prisão num caso sobre um
apartamento de luxo no Guarujá, São Paulo, supostamente recebido como suborno
da construtora OAS, foi citada pelas reportagens do Intercept.
Segundo aquele portal de investigação,
as mensagens indicam que os próprios procuradores da Lava Jato tinham sérias
dúvidas sobre a qualidade das provas contra o ex-Presidente Lula da Silva neste
processo.
Procuradores e o próprio Sérgio Moro
negaram na segunda-feira a existência de irregularidades no conteúdo divulgado.
Contudo, a Ordem dos Advogados do Brasil sugeriu o afastamento do actual
ministro da Justiça e dos procuradores envolvidos naquele que consideram ser um
caso que “ameaça os alicerces do Estado democrático de direito”.
“Este quadro recomenda que os envolvidos
peçam afastamento dos cargos públicos que ocupam, especialmente para que as
investigações corram sem qualquer suspeita”, considerou a Ordem dos Advogados.ANG/Inforpress/Lusa