Cerca de 100
mortos em ataque a aldeia dogon
Bissau, 11 jun 19 (ANG) - Pelo menos 96 pessoas foram
assassinadas na madrugada de segunda-feira num ataque contra uma aldeia dogon,
no centro do Mali, onde a 29 de Março mais de 150 fulas foram massacrados.
Bandeira do Mali |
O conflito
no Mali alastra do norte ao centro e cada vez mais ameaça a capital Bamako,
a cerca de 300 kms do último ataque ocorrido na madrugada desta segunda-feira
(10/06), que matou pelo menos 96
pessoas na aldeia de Sobane-Kou, perto da cidade de Sangha, no
distrito de Bandiagara, habitada por cerca de 300 pessoas da etnia minoritária dogon, cujos corpos
foram encontrados calcinados e a aldeia destruida.
Alguns sobreviventes acusam a etnia rival fula pelo ataque, em riposta ao ataque
de 23 de Março passado em Ogossagou que matou mais de 150 fulas perto da vila de Bankass, também no
centro do Mali, o que foi o ataque mais mortífero na história recente do país e
que levou à demissão em Abril do
governo de Soumeylou Boubeye Maiga.
O empresário
português Carlos Alberto Martins, que hà 10 anos reside em Bamako, não
descarta a mão externa neste conflito intercomunitário, apesar da presença em
massa de forças de interposição como a MONUSMA, G5 Sahel e Barkhane, cujo
trabalho é também formar as forças armadas, mas afirma que o dinheiro chegado
ao país para tal é desviado.
Desde o golpe de Estado de 2012 as forças armadas malianas viram as
suas chefias disputarem-se por rivalidades internas e o controlo de partes do
território, bem como o desmantelamento dos agentes do Estado, o que fez multiplicar os confrontos opondo os
agricultores sedentários dogon e os pastores nómadas fula.
O Estado maliano perdeu terreno em Mopti face à
rebelião touaregue do MNLA - Movimento Nacional de Libertação de Azawad e
o seu aliado Ansar Dine,
que couparam vastas zonas desta região.
Outra oranização jihadista o MUJAO - Movimento para a Unicidade e o Jihad na
África do Oeste surgiu também nessa altura e ocupou a cidade
de Douentza em Setembro de 2012, da qual foram expulsos em Janeiro 2013 por
tropas da operação francesa Serval e
numerosos fulas juntaram-se então ao MUJAO.
Desde o aparecimento em 2015 no centro do Mali do grupo ‘jihadista’ Frente de Libertação de Macina, do
pregador fula Amadou Koufa, que recruta principalmente pessoas da etnia fula,
tradicionalmente pastores nómadas, que os confrontos estão a aumentar entre
esta etnia e as comunidades bambara e dogon, grupos sedentários ligados à
agricultura e que também criaram as suas milícias.ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário