Centenas de
detidos em Moscovo em protesto de apoio a jornalista preso
Bissau, 13 jun 19 (ANG) - A polícia russa anunciou que deteve
para interrogatório na quarta-feira (12) cerca de 400 pessoas, incluindo o
opositor Alexei Navalny.
Jornalista russo Alexei Navalny |
Elas manifestavam para pedir sanções contra policiais suspeitos
de terem montado um falso caso contra o jornalista Ivan Golunov, acusado de
tráfico de drogas e libertado posteriormente.
Sob pressão da opinião pública, a polícia anunciou na véspera o
abandono do caso contra o jornalista, especializado em investigações de
corrupção.
Golunov foi solto, mas seus simpatizantes continuaram na rua,
pedindo que os responsáveis pelo caso fossem levados à justiça.
Um jornalista da agência Reuters viu Alexei Navalny sendo
levado por policiais em um furgão. Segundo outros jornalistas, mais de mil
manifestantes estavam concentrados no centro de Moscou, gritando palavras de
ordem como “A Rússia vai ser livre” e “Rússia sem Putin”. Alguns vestiam
camisetas com os dizeres “Eu sou/Nós somos Ivan Golunov”. As autoridades já
tinham prevenido os manifestantes de que os protestos seriam ilegais e poderiam
ser considerados como ameaça à ordem pública.
"O que aconteceu com Ivan Golunov ocorre todos os dias em
todo o país. Há várias histórias de drogas (falsas) como esta. Tivemos a sorte
de que o soltaram, mas foi apenas uma pequena vitória. A guerra não foi
vencida", disse à AFP Egor, de 15 anos.
"Vim porque ainda temos muitas pessoas detidas
injustamente. Há muitos casos injustos", afirmou Liudmila, uma engenheira
aposentada de 83 anos.
A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), apesar de
comemorar o "nível histórico de pressão da sociedade civil russa"
pela libertação de Ivan Golunov, lembrou que seis outros jornalistas permanecem
detidos por várias acusações na Rússia.
"A prisão de Ivan Golunov destaca a completa impunidade de
policiais corruptos", disse a RSF em um comunicado. "Se o
comportamento deles chocou Moscou, é bastante comum no resto da Rússia".
Preso em 6 de junho em Moscou por policiais que afirmaram ter
encontrado grandes quantidades de drogas em sua mochila e depois em seu
apartamento, Ivan Golunov foi colocado em prisão domiciliar no sábado (8).
Na terça-feira (11), as autoridades russas retiraram as
acusações de tráfico de drogas e o deixaram em liberdade.
Desde quinta-feira da semana passada existiam muitas dúvidas
sobre as circunstâncias da detenção e a veracidade das acusações contra o
jornalista do site independente Meduza, conhecido por reportagens sobre casos
de corrupção que envolvem autoridades e matérias sobre fraudes em setores como
o microcrédito.
O jornalista de 36 anos saiu da delegacia e, sem conter as
lágrimas, agradeceu a solidariedade nacional e internacional. Ele prometeu
prosseguir com o trabalho de investigação. ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário