Relatora
especial responsabiliza príncipe saudita por assassinato de jornalista
Khashoggi
Bissau, 20 jun 19 (ANG) - A relatora especial das Nações Unidas
Agnès Callamard afirmou quarta-feira
(19) que existem provas suficientes apontando a responsabilidade do príncipe
herdeiro saudita Mohamed Bin Salman, conhecido como MBS, no assassinato do
jornalista Jamal Khashoggi.
Crítico do regime saudita,Jamal Khashoggi foi assassinado em
outubro passado, dentro do consulado de seu país em Istambul .
A relatora especial da ONU viajou para a Turquia e investigou
o caso durante seis meses.
Agnès Callamard considera a Arábia Saudita
"responsável" pela "execução extrajudicial" do jornalista.
Segundo ela, o relatório, divulgado para
a imprensa, aponta a responsabilidade individual de altos funcionários
sauditas, incluindo o príncipe herdeiro. "A investigação demonstrou que há
provas suficientes que justificam uma investigação suplementar sobre a
responsabilidade de MBS", afirmou.
A relatora, assim como outros especialistas independentes da
ONU, não fala em nome das Nações Unidas.
O ministro turco das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu,
afirmou que seu país "apoia " o relatório.
A especialista pediu que os países que impõem sanções, como os
Estados Unidos, prossigam com a medida contra 17 sauditas, já acusados por seu
papel no assassinato. Ainda assim - acrescenta Agnès -, trata-se de medida
insuficiente, por não considerar a questão da responsabilidade “do
mandante". Por isso, ela pede que as sanções incluam Mohamed Bin Salman e
seus bens pessoais no exterior.
Jamal Khashoggi criticava abertamente o príncipe, mas tinha
plenamente consciência de seus poderes e o temia", destacou Callamard.
Depois negar o crime em um primeiro momento, a Arábia Saudita apresentou
diversas versões contraditórias e, agora, diz que Khashoggi foi assassinado em
uma operação não autorizada pelo governo.
De acordo com a imprensa americana, a CIA também acredita que o
homicídio foi provavelmente encomendado por MBS, que governa de fato a Arábia
Saudita.
A especialista da ONU pede ao secretário-geral da ONU, António
Guterres, que inicie uma "investigação penal de acompanhamento sobre o
assassinato do senhor Khashoggi para constituir relatórios sólidos sobre cada
um dos supostos autores". Ela também reivindica a criação de mecanismos,
como um tribunal especial, para determinar as responsabilidades no caso.
No processo, já realizado na Arábia Saudita, a acusação
descartou a responsabilidade do príncipe herdeiro e indiciou 20 pessoas, com
pedidos de penas de morte para cinco homens. Callamard pede a suspensão deste
julgamento, por considerar que o processo judicial não respeita as normas
internacionais. Também pede ao FBI (a Polícia Federal americana) a abertura de
uma investigação pela morte do jornalista, que morava nos Estados Unidos.ANG/RFI
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