Xi Jinping visita
Moscovo
Bissau, 06 jun 19 (ANG) - A visita oficial do
presidente chinês a Moscou visa marcar uma “nova era” na relação entre a China
e a Rússia.
Envolvido em uma queda de braço comercial com Donald Trump, Xi Jinping se reuniu quarta-feira (5) com "seu melhor
amigo", o russo, Vladimir Putin, que também enfrenta problemas com os
americanos.
Antes de uma recepção em sua homenagem no Kremlin, uma
apresentação no Teatro Bolshoi, uma visita a dois pandas chineses emprestados
ao zoológico de Moscou e de uma intervenção no principal encontro político e
econômico da Rússia, Xi Jinping foi recebido por várias horas por Putin,
multiplicando saudações e declarações de amizade.
Depois de assinar uma declaração conjunta, Putin elogiou perante
a imprensa as relações bilaterais que alcançaram níveis sem precedentes. As
posições de Moscou e Pequim, membros permanentes do Conselho de Segurança da
ONU, são "muito próximas ou totalmente coincidentes" disse o
presidente russo. Os dois países votam frequentemente em consonância , na maior parte dos assuntos
internacionais, como o programa nuclear da Coreia do Norte, o conflito na Síria,
a crise na Venezuela ou o acordo nuclear iraniano,
Os dois líderes querem ir além e fixaram novos objetivos
ambiciosos, destinados a fortalecer ainda mais a cooperação e contribuir para a
prosperidade de seus povos, destacou Putin. O encontro celebrou os 70 anos do
estabelecimento das relações entre os dois países.
Xi Jinping também retribuiu elogios ao presidente russo e disse
esperar que "a tradicional forte amizade russo-chinesa brilhe com o novo
impulso". "Estou convencido de que esta visita terminará com novos e
impressionantes êxitos" nas relações bilaterais, "que irão cada vez
melhor", declarou Xi Jinping, no início do seu encontro com Putin no
Grande Palácio do Kremlin.
A tradicional "diplomacia do panda" chinesa também se
fez sentir com a visita de Xi Jinping e Vladimir Putin a dois pandas gigantes
emprestados durante 15 anos ao zoológico de Moscou. O empréstimo "é um
sinal de respeito especial para a Rússia", disse Putin a jornalistas.
"Estes animais são um símbolo da China e apreciamos muito este gesto de
amizade".
Na quinta (6) e na sexta-feira (7), o presidente chinês viajará
a São Petersburgo. Na cidade, ele será o convidado de honra do Fórum Econômico,
que reúne dirigentes e representantes de 1.800 empresas russas e estrangeiras
de 75 países.
Além dos tradicionais laços de amizade, a China "é o mais
importante parceiro comercial da Rússia", lembrou nesta terça-feira (4) um
conselheiro do Kremlin, Iuri Ushakov. Em um contexto de fortes tensões entre a
Rússia e países ocidentais, o intercâmbio comercial entre Moscou e Pequim
aumentou 25% em 2018 para atingir "um nível recorde de US$ 108
bilhões", assegurou Ushakov.
A Rússia, cuja economia é duramente atingida por sanções
europeias e americanas desde 2014 devido à crise na Ucrânia e à anexação da Crimeia,
"está se dirigindo realmente do mercado europeu ao mercado chinês",
destacou o analista russo Alexander Gabuiev. Ao mesmo tempo, a China se tornou
um "investidor muito importante" na economia russa e mantém
financiamento público e privado na Rússia, lembrou o analista à AFP.
Do ponto de vista político, a aproximação dos dois países parece
revelar coincidências. "As posições de Rússia e China são muito próximas
ou coincidem completamente na maioria dos assuntos internacionais", disse
Ushakov.
As relações russo-americanas estão seriamente afetadas pelas
acusações de ingerência eleitoral e vários desacordos sobre o
desarmamento. Enquanto isso, China e Estados Unidos estão confrontados em uma
interminável guerra comercial. Neste quadro, em suas conversas, Xi Jinping e
Putin se propõem a "reafirmar seu apoio mútuo (...) e assegurar que os
laços sino-russos não serão afetados pelas mudanças na situação
internacional", antecipou o vice-ministro chinês de Relações Exteriores,
Zhang Hanhui.ANG/RFI
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