Jornalista lembra que filho de Platini ganhou emprego do
Catar logo depois do voto na Fifa
Bissau, 19 jun 19 (ANG) - O jornalista do site
Mediapart, Yann Philippin que revelou nesta terça-feira (18) em entrevista a
RFI a detenção preventiva de Michel Platini, disse que ainda há muitos pontos a
serem esclarecidos pela Produradoria Nacional de Finanças sobre o envolvimento
do ex-dirigente da UEFA na concessão “litigiosa” da Copa do Mundo de 2022 ao
Catar
Michel Platini |
Platini, ex-presidente da UEFA, está sendo ouvido por
agentes do escritório central de luta contra a corrupção e delitos financeiros
e fiscais, em Nanterre, na periferia de Paris.
“Temos conhecimento das suspeitas que pesam contra
ele, a partir do famoso almoço no Palácio do Eliseu no qual o ex-presidente
Nicolas Sarkozy [2007-2012] teria pedido a Platini para votar pelo Catar”,
disse. A custódia pode durar 48 horas.
A Procuradoria Nacional de Finanças (PNF) francesa se
interessa particularmente por esse almoço, ocorrido no dia 23 de novembro de
2010, nove dias antes de a Fifa designar o Catar como país anfitrião.
A “reunião”,
convocada por Sarkozy, contou com a presença do então príncipe do Catar Tamim
bin Hamad al-Thani, Michel Platini – na época presidente da UEFA e
vice-presidente da Fifa – e assessores próximos do ex-presidente francês. Nesse
encontro, teria sido acertado que Platini votaria no Catar.
Os participantes também discutiram a compra do PSG
pela família real do Catar, um aumento da participação do emirado no grupo
Lagardère e a criação de um canal de esportes (BeIN Sports) para competir com o
Canal +.
Tempos depois, em entrevista ao jornal Le Monde,
Platini reconheceu ter participado do almoço e ter votado no Catar, mas disse
que Sarkozy "nunca" pediu a ele que votasse no país do Golfo.
Philippin aponta um segundo elemento a ser esclarecido
pela justiça francesa. O filho de Platini, Laurent, foi empregado como diretor
de uma empresa de equipamentos esportivos (Burrda), financiada pelo Fundo de
Investimentos do Catar, poucos dias depois do almoço no Eliseu. Laurent Platini
trabalhou nessa empresa durante quatro anos, de dezembro de 2011 até dezembro
de 2016.
O terceiro aspecto opaco para o jornalista do site
Mediapart é o pagamento dos 2 milhões de francos suíços que obrigou Platini a
pedir demissão da presidência da UEFA. “Esse pagamento foi feito pela Fifa dois
meses após a designação do Catar para o Mundial de 2022 e logo após a conclusão
de um acordo secreto”, recorda o jornalista do Mediapart.
Em outubro de 2015, o ex-presidente da Fifa Joseph
Blatter mencionou um "acordo diplomático" para que os Mundiais de
2018 e 2022 acontecessem na Rússia e Estados Unidos, mas este plano fracassou após
"a interferência governamental de Sarkozy", de acordo com Blatter. O
ex-presidente francês nega qualquer intervenção.
Além de Platini, o ex-secretário-geral do Palácio do
Eliseu Claude Guéant e a ex-conselheira para o Esporte sob a presidência de
Sarkozy, Sophie Dion, também foram detidos nesta manhã. Eles são interrogados
nas dependências do escritório central de luta contra a corrupção e delitos
financeiros e fiscais, em Nanterre.
A investigação busca esclarecer se houve crime de
"corrupção privada", "associação de criminosos",
"tráfico de influência e ocultação de tráfico de influência". O
inquérito, aberto pela PNF em 2016, ocorre em colaboração com órgãos judiciais
da Suíça e dos Estados Unidos.
O advogado e o porta-voz de Platini, William Bourdon e
Jen-Christophe Alquier, divulgaram um comunicado no qual afirmam que o
ex-craque está confiante. "Ele não fez nada do que possa se arrepender e é
alheio a uma série de fatos que ultrapassam sua alçada", afirma a defesa.ANG/RFI
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