sexta-feira, 2 de maio de 2025

Política/ Governo  anuncia admissão de mais quadros na Educação e Saúde

Bissau, 02 Mai 25 (ANG) - O Governo  anunciou  quinta-feira(01) a efetivação de 9.117 novos ingressos nos setores da saúde e educação,  e que  no âmbito da reforma do quadro remuneratório da administração pública, estão previstas  a unificação da grelha salarial e  aumento do salário mínimo para 2026.

O anúncio foi feita pela ministra da Função Pública, Reforma Administrativa, Emprego, Formação Profissional e Segurança Social, Mónica Buaro da Costa, ao intervir no ato comemorativo  do dia internacional dos trabalhadores,  assinalado quinta-feira , sob o lema “União, Disciplina e Trabalho”, no largo da Câmara Municipal de Bissau. 

A governante assegurou na sua comunicação que o Executivo vai trabalhar na atualização de quadro orgânico do pessoal e as plantilhas de setor da defesa e segurança, como também vai ser adquerido o sistema de controlo electrónico de presençasem  em substituição do livro de ponto.

A governante anunciou que o governo vai atribuir 150 bolsas de formação profissional à jovens guineenses para Cabo Verde, Reino de Marrocos e Portugal.

Buaro da Costa disse que o Executivo está comprometido com a garantia do trabalho digno e a promoção do crescimento económico do país, razão pela qual tem trabalhado nos últimos anos para reduzir a taxa de desemprego, particularmente o desemprego jovem e não só, como também priorizou a formação e qualificação de jovens, através da formação profissional.

O titular da pasta de Comunicação Social, Florentino Fernando Dias, em representação do chefe do Governo, Rui Duarte Barros, disse que a celebração da data é uma oportunidade para o governo exprimir a sua consideração e o seu reconhecimento aos trabalhadores guineenses por seu contributo para a promoção e desenvolvimento do país e do bem-estar colectivo. 

Dias  sublinhou que a Guiné-Bissau é um país rico em potencial humano e recursos naturais, razão pela qual só pode alcançar o desenvolvimento pleno quando todos os trabalhadores, de campo a cidade, do setor público e privado, tiverem oportunidades dignas, salários justos e proteção social assegurada.

Para o Secretário da Confederação Geral dos Sindicatos Independentes da Guiné-Bissau, Central Sindical, Malam Li Baldé, o exercício do direito sindical na Guiné-Bissau exige de cada  um esforço titânico. 

Li Baldé criticou que tanto os dirigentes sindicais como sindicalistas, são tidos ou vistos como inimigos ou adversários do Governo no poder. 

“Desde os primórdios da implementação do regime democrático em 1991, os governantes nunca respeitaram os sindicatos e seus associados que são trabalhadores e únicos criadores da riqueza do país”, disse.

Malan Li Baldé acrescentou que  apesar das lutas sindicais levadas a cabo em todas as áreas do trabalho, neste país as condições  de vida dos trabalhadores e trabalhadoras continuam  péssimas “sem poder de compra, levando toda a vida a mendigar para poder assegurar a si e a própria familia”. 

Baldé defende que  é preciso continuar a luta para a dignificação da classe trabalhadora, e diz que, por isso, deve haver união, solidariedade e confiança mútua entre os trabalhadores da Guiné-Bissau.

Tal como em épocas passadas, o dia dos trabalhadores foi assinalado com desfiles de diferentes grupos profissionais. ANG/O Democrata

 

 Cultura/O casamento precoce é o tema do novo filme de Mussa Baldé 

Bissau, 02 Mai 25 (ANG) - O sábado passado marcou o fim das rodagens na região do Biombo, do novo filme de Mussa Baldé, jornalista  correspondente da RFI e colaborador da Lusa em Bissau, mas que também escreve guiões e produz cinema.

A fita co-realizadas com o ator e diretor de Casting, Jorge Biague, é intitulada 'Minina di Bandeja' e tem como temática o casamento precoce, uma problemática ainda muito presente na Guiné-Bissau.

Depois de várias semanas de intenso trabalho, Mussa Baldé fez um balanço positivo e disse que espera colocar o filme nos ecrãs até ao final deste ano. Ao dizer o que o levou a rodar esta fita, o guionista e cineasta começa por contar o enredo em torno de 'Sofy', protagonista de 'Minina di Bandeja'.

RFI : Do que fala o filme 'Minina di Bandeja'?

Mussa Baldé : 'Minina di Bandeja' é uma ficção a partir de uma realidade que acontece na Guiné-Bissau, infelizmente. Nós quisemos aventurar-nos no cinema contando a história de uma menina que foi trazida do interior da Guiné-Bissau para ter uma vida melhor. A ideia da menina, a 'Sofy', era vir a Bissau estudar, formar-se como enfermeira e voltar para a sua comunidade, no interior, e servir a sua comunidade como enfermeira. A 'Sofy' tinha um sonho, mas a tia dela tinha um outro objetivo com ela. Foi buscar a 'Sofy' e meteu a 'Sofy' aqui em Bissau como vendedora ambulante. Um trabalho que, para já, é um crime, porque trabalho infantil é uma coisa que o Código Civil da Guiné-Bissau criminaliza. Mas nesse trabalho infantil, na venda ambulante, 'Sofy' e acaba por ser confrontada com uma situação ainda mais desagradável, que é o casamento forçado. Foi pedida em casamento por uma pessoa que ela nem conhecia, nunca viu na vida. A 'Sofy' é uma menina esperta, também empoderada, também orientada, consciencializada dos seus direitos por uma associação que luta contra o casamento forçado. Ela foi informada de que tem a opção de qualquer dia, quando for confrontada com o casamento forçado, poder fugir de casa. Foi o que ela fez. Fugiu daquela casa. Foi para um centro de acolhimento. Foi acolhida, Foi orientada. Estudou. Acabou por ser médica. Sendo médica, acabou por criar uma organização com mais outras duas colegas que também fugiram do casamento forçado. Criaram uma organização, uma associação e lançaram uma grande campanha a nível da Guiné-Bissau, de consciencialização das meninas sobre o perigo do casamento forçado. Eu não quero levantar aqui o 'spoiler' do filme, mas penso que vai ser um filme de que as pessoas vão gostar.

RFI : Isto é inspirado em factos reais?

Mussa Baldé : Todos os guineenses conhecem casos de casamento forçado nas comunidades. Aqui em Bissau, infelizmente, o casamento forçado de meninas é uma prática que parece que se enraizou na nossa sociedade. Ainda há duas semanas, estive no interior da Guiné-Bissau, no Sul profundo, em Catió, a visitar um centro de acolhimento que tem neste momento 37 meninas fugidas do casamento forçado nas várias comunidades limítrofes duma cidade chamada Catió. Portanto, são coisas que acontecem. O casamento forçado, infelizmente, cristalizou-se na nossa sociedade. Eu diria que o casamento forçado em tempos remotos era uma prática cultural. Agora, eu diria que é uma prática comercial. Os adultos utilizam as meninas como elemento de troca para ganhar alguma benesse, algum dinheiro, algum bem material. Infelizmente é o que acontece no nosso país, mas todos nós temos que levantar as nossas vozes contra esta prática, porque é uma prática degradante, é uma prática que põe em causa toda a dignidade de uma menina. Imagina uma menina de 14 anos é dada em casamento com uma pessoa de 60 anos. Portanto, aquilo não existe nem amor, nem afecto, nem respeito. Eu, enquanto jornalista e outras pessoas que trabalham nesta temática, temos que reforçar o nosso compromisso com esta causa, dar a voz, consciencializar as nossas comunidades e, sobretudo, denunciar. Foi o que nós procuramos fazer neste filme: denunciar o trabalho infantil. Porque estas meninas que são postas nas ruas a vender coisas, passam por situações que nem passa pela cabeça de nenhum comum mortal, porque são meninas que são sujeitas a situações extremamente degradantes e, ainda por cima, são sujeitas ao casamento forçado, porque estando nesta actividade de venda ambulante, estão expostas. Os adultos conseguem localizá-las, aliciá-las, às vezes até pressioná-las para um casamento que elas nem nem sequer fazem ideia do que seja. Infelizmente, é a nossa realidade.

RFI : As temáticas societais e em particular, a condição das meninas e das mulheres é um assunto que me toca particularmente, uma vez que as tuas personagens principais são mulheres. Foi o que aconteceu, por exemplo, com 'Clara di Sabura'.

Mussa Baldé : Sim. Há muitos anos que tenho vindo a trabalhar nesta temática dos direitos das mulheres. Das meninas porque sou sensível a estas questões. Eu devo ser dos jornalistas aqui na Guiné-Bissau que mais acompanhou a senhora Fátima Baldé, uma grande activista do nosso país dos Direitos Humanos, dos Direitos das Mulheres. Ela foi presidente do Comité Nacional de Luta contra as Práticas Nefastas da Saúde da Mulher e Criança. Eu andava com ela, seguia os trabalhos dela sempre que ela tinha uma denúncia de uma situação de mutilação genital feminina, do casamento forçado, casamento precoce, violência doméstica, abuso contra as meninas. Ela ligava-me a mim enquanto jornalista para fazer cobertura, para dar visibilidade a essa luta que ela travou na Guiné-Bissau contra esta sociedade machista. Portanto, eu fui-me acostumando e fui gostando desta temática. E agora disse 'Bom, já que tenho algum conhecimento e algum saber, digamos assim, desta temática, porque não elaborar sobre esta temática com outros elementos?' Portanto, o filme 'Clara di Sabura' foi um filme que quis mostrar que as meninas que estão aqui no Centro Urbano de Bissau têm outras alternativas que não a vida fácil. Muita gente não gostou da perspectiva que eu dei ao filme, mas é a minha visão. É isso que faz uma sociedade democrática e plural. Cada um dá a sua versão de como é que vê a sociedade. Há muita gente que achou que eu fiz uma crítica muito sarcástica em relação àquilo que é a condição da vida das meninas na Guiné-Bissau, mas eu quis mostrar na 'Clara di Sabura' que há outra alternativa. Agora este filme aqui é mais um filme de denúncia e de trazer ao de cima uma realidade que muita gente finge que não vê. Porque lugar de uma menina, na minha perspectiva, é na escola ou a brincar. Imagina uma menina de 12 anos, de 11 anos, nove anos a vender nas ruas até às 22h00 os perigos que esta menina enfrenta?

RFI : Como é que foram as filmagens de 'Minina di Bandeja'? Isto envolveu actores profissionais e não-actores.

Mussa Baldé : Sim. Envolveu actores profissionais e actores amadores. Eu penso que as pessoas vão se surpreender pela qualidade de performance, sobretudo de actores e actrizes amadores. Porquê? Porque eu fui buscar jovens dos liceus e das universidades. Tivemos quase dois anos nos ensaios para perceber o que é que se pretende com o filme. Fizemos visitas a esse centro de acolhimento de meninas fugidas do casamento forçado duas vezes. E fui buscar uma pessoa com alguma experiência no domínio da arte cénica, que é o Jorge Biague. Jorge Biague é um personagem muito conhecido aqui na Guiné-Bissau porque participou e trabalhou com Flora Gomes e Sana Na N'Hada durante vários anos. E o Jorge trouxe a sua experiência, sobretudo na encenação do roteiro. O roteiro foi escrito por mim. Mas o Jorge Biague trouxe esse roteiro para a cena. Conseguiu transformar o roteiro em arte dramática. Trabalhou com com a minha equipa durante quase sete meses e depois partimos para as filmagens. E mesmo durante as filmagens, ele tem sido o meu coadjuvante principal, o realizador comigo. Estamos a avançar. Os primeiros dias, curiosamente, foram muito fáceis, porque os jovens estavam tão ávidos, com expectativas muito altas para iniciarmos as filmagens. Agora, na parte final das filmagens é que se nota já algum cansaço. É normal, porque levamos imenso tempo nas filmagens e depois com o sol que se faz na Guiné-Bissau neste momento, filmar em altas temperaturas às vezes não tem sido fácil. Mas tenho estado a falar com jovens, a incentivá-los, a mostrar que estamos a fazer um trabalho que vai ficar na história deste país, porque estamos a falar de um tema que toca a todos ou que devia tocar a todos. Também trabalhamos com algumas pessoas já com experiência, o Luís Morgado Domingos o Tio Silva, a Fati, a Verónica, o Albino. São pessoas que já têm alguma experiência porque trabalharam também com outros, como o Flora Gomes e Sana Na N'Hada, que são os expoentes máximos do cinema da Guiné-Bissau. Portanto, eu fui buscar algumas das pessoas que trabalharam com estas duas personagens para virem emprestar a sua experiência, a sua sapiência, ao filme 'Minina di Bandeja'. Fizemos aqui uma mescla da juventude e da experiência de pessoas que já estão no cinema da Guiné-Bissau.

RFI : Encaminha-se agora a fase de pós-produção, a montagem e a fase praticamente final da preparação do filme. Como é que encaras esse novo período agora do filme 'Minina di Bandeja'?

Mussa Baldé : A minha grande preocupação, neste momento, é arranjar recursos para esta fase. Nesta fase da captação do filme, nós conseguimos, com mais ou menos dificuldades, levar o barco a bom porto. O problema agora é como vamos arranjar recursos? Onde vamos arranjar recursos? Neste momento estamos na fase da pré-edição. Vamos entrar na fase de edição, depois na pós-produção do filme que pretendemos fazer em Portugal, a pós-produção e a correção das cores, da luz, do som e inserção de legendas. O filme é falado em crioulo, mas a minha intenção é meter legendas em francês, português, inglês e espanhol, porque é minha intenção pôr este filme no circuito internacional do cinema, sobretudo nas mostras, nos festivais, mostrar esse filme porque o tema é actual. O tema está na agenda mundial. É um assunto que preocupa quase todos os países da África subsaariana, particularmente a Guiné-Bissau. Vamos fazer aqui na Guiné-Bissau a pré-edição e a edição. Depois vamos para Portugal fazer a pós-produção do filme. Esperamos ter os recursos necessários para fazer esse trabalho, que não será também um trabalho fácil.

RFI : Quais são as tuas expectativas relativamente a este filme? Pensas que até ao final do ano vai estar nos ecrãs?

Mussa Baldé : Sim, decididamente, o filme tem que estar nos ecrãs até Dezembro. Não tenho uma data precisa. Quando é que vamos acabar todo este trabalho da edição e da pós-produção? Não sei, porque há muita coisa que eu não controlo. Mas decididamente, até ao final deste ano de 2025, o filme vai estar em exibição. As pessoas vão poder ver o filme. Devo salientar uma coisa: o filme não será comercializado. O filme vai ser doado, digamos assim, às organizações que trabalham nesta temática dos direitos das meninas na Guiné-Bissau. Todas as organizações que trabalham nesta temática vão ter uma cópia do filme. Basta a organização solicitar por carta e através de um dispositivo de armazenamento, um disco, uma pen. Recebe uma cópia do filme. A minha intenção é mostrar o filme, como eu disse nas mostras internacionais nos festivais. Mas há uma meta que eu tenho fixado, que é um festival de audiovisual que acontece na Suíça, sobre o material ligado aos Direitos Humanos e a minha intenção é que o filme 'Minina di Bandeja' esteja nesse festival para que o mundo possa ver também a minha perspectiva sobre estas duas temáticas. Queria salientar que contei com alguns parceiros que eu não gostaria de descurar ou não mencionar nesta entrevista, parceiros que acreditaram neste projecto desde o início: a UNICEF e o Banco da África Ocidental, que é um banco aqui da Guiné-Bissau. Mas também tive outros parceiros que não apoiaram financeiramente, mas ainda assim, a sua contribuição foi muito determinante para esta fase da captação do filme: a Liga dos Direitos Humanos desde o início, o Comité Nacional de Luta contra as Práticas Nefastas, a Casa do Acolhimento das Crianças em Risco, a AMIC, a Associação Amigos da Criança da Guiné-Bissau, a Federação de Futebol e outras instituições que, de uma forma ou outra, ajudaram à realização deste filme e alguns amigos, particulares, que me ajudaram com escritórios, com carros, com gasóleo. A ajuda de toda a gente foi determinante ou tem sido determinante até aqui. Espero que mais instituições que nós contactámos vão se interessar por este projecto do filme e vão ajudar a conclusão do filme 'Minina di Bandeja' . ANG/RFI

 França/Ataques a prisões  ligados ao narcotráfico. Há 21 suspeitos

Bissau, 02 mai 25 (ANG) - As autoridades francesas confirmaram hoje que traficantes de droga são suspeitos de estar por trás de ataques recentes a prisões, no dia em que 21 suspeitos apresentados hoje aos juízes de instrução de criminalidade organizada em Paris.

Os suspeitos, incluindo dois menores e sete pessoas já detidas, foram objeto de um pedido de prisão preventiva, de acordo com um comunicado conjunto da Procuradoria Nacional Antiterrorista (Pnat) e do Tribunal Nacional de Luta contra a Criminalidade Organizada (Junalco), único responsável pela investigação.

Entre os suspeitos encontra-se "a pessoa que provavelmente será o criador da primeira conta de Telegram intitulada 'DDPF' (sigla para Defesa dos Presos Franceses) e o autor do texto difundido nesse canal, criticando as condições prisionais", sublinharam.

Já detido e condenado por delitos comuns, deverá ser julgado em breve por delitos ligados ao tráfico de droga, próximo da máfia DZ, em Marselha (sul), a segunda maior cidade de França.

O grupo até então desconhecido tinha publicado vídeos e ameaças num canal no Telegram, plataforma de mensagens encriptadas, que depois eliminou.

As investigações "revelaram um 'modus operandi' semelhante, utilizado de forma repetida: a partir de uma ordem de ação dada pelo instigador no Telegram, foram difundidas e transmitidas ofertas de ação nas redes sociais, recrutados operacionais, mediante uma remuneração significativa", refere o comunicado.

"Este modo de operação corresponde ao que é agora habitualmente empregue pelas organizações criminosas para que sejam realizadas missões em seu nome", acrescentaram.

Um total de 30 pessoas, incluindo quatro menores, foram detidas entre segunda e quarta-feira numa grande operação em toda a França. Sete pessoas foram libertadas da custódia da polícia sem serem processadas nesta fase.

A investigação judicial aberta pela Junalco, por conspiração criminosa para a preparação de crimes e delitos e tentativa de homicídio em grupo organizado, diz respeito a cerca de quinze ações levadas a cabo contra prisões e funcionários prisionais a partir de 13 de abril.

Nesse dia, em Agen (sudoeste), a sigla "DDPF" apareceu pela primeira vez ao lado de sete carros incendiados no parque de estacionamento da Escola Nacional de Administração Penitenciária (Enap).

Seguiram-se uma série de incêndios em carros de funcionários prisionais em toda o país, ataques com morteiros de fogo-de-artifício a prisões e até disparos de Kalashnikov como em Toulon (sudeste).

A investigação está também a analisar os disparos e o lançamento de dois cocktails Molotov, em 21 de abril, num bairro residencial em Villefontaine, perto de Lyon (leste), onde residem funcionários prisionais, perto da prisão de Saint-Quentin-Fallavier.

Em 15 de abril, a Pnat assumiu a investigação devido "à natureza destes atos, aos alvos escolhidos e à natureza concertada de uma ação cometida em múltiplos pontos do território, bem como ao objetivo que perseguem de perturbar gravemente a ordem pública através da intimidação, tal como reivindicado nas redes sociais por um grupo denominado DDPF".

No entanto, no final da rusga, "não parece que estas ações coordenadas sejam o resultado de um empreendimento terrorista, cujo objeto teria sido a prática de infrações com o único objetivo de perturbar gravemente a ordem pública através da intimidação ou do terror", explicaram a Pnat e a Junalco.

"Não foi possível identificar qualquer ideologia radical violenta ou ingerência estrangeira, pistas que foram objeto de uma análise aprofundada", afirmaram em comunicado, referindo que, no entanto, "as investigações permitiram enquadrar firmemente estas ações no âmbito da criminalidade organizada grave".

Para o Ministro francês da Justiça, Gérald Darmanin, estes ataques estão "claramente ligados ao tráfico de droga" desde o início. ANG/Lusa

 

 EUA/Trump determina cortes no financiamento da rádio e da televisão públicas

Bissau, 02 mai 25 (ANG) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na quinta-feira à noite uma ordem executiva com o objetivo de cortar os subsídios públicos à rádio e à televisão públicas, a NPR e a PBS, acusando as emissoras de parcialidade. 


De acordo com os mais recentes dados divulgados, mais de 40 milhões de norte-americanos ouvem a rádio pública dos Estados (NPR - National Public Radio) todas as semanas e 36 milhões sintonizam a televisão pública (PBS -- Public Broadcasting Service) todos os meses.

Trump ordenou à Corporação para a Radiodifusão Pública (CPB, na sigla em inglês) e outras agências federais que tutelam os sistemas de comunicação social públicos a cessarem o financiamento federal a ambas as estações.

O decreto do Presidente exige ainda que o departamento que tutela a radiodifusão pública trabalhe para neutralizar as fontes indiretas de financiamento da rádio e da televisão do Estado. 

A Presidência dos Estados Unidos, numa publicação difundida através das redes sociais, referiu ainda que os meios de comunicação públicos recebem milhões de dólares dos contribuintes para difundirem "propaganda radical disfarçada de notícias".

Em março, a diretora da NPR, Katherine Maher, estimou que a rádio pública receberia 120 milhões de dólares em 2025, menos de 5% do orçamento necessário.

Esta vontade da administração norte-americana inscreve-se na intenção de reduzir significativamente a despesa pública destinada aos meios de comunicação social públicos.

Anteriormente, Donald Trump estabeleceu como compromisso o desmantelamento das estações de rádio Voz da América, Rádio Ásia Livre e Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade, que transmitem a nível internacional.

A medida anunciada na quinta-feira é a mais recente decisão da administração norte-americana a utilizar os poderes federais para controlar ou dificultar a operacionalidade de instituições que transmitem pontos de vista independentes.

Desde que assumiu o cargo, em janeiro, Trump destituiu dirigentes, colocou funcionários em licença administrativa e cortou centenas de milhões de dólares em financiamento para artistas, bibliotecas, museus ou companhias de teatro.

O chefe de Estado também fez pressão para reter fundos federais de investigação e educação das universidades e puniu firmas de advogados, a menos que estas concordassem em eliminar os programas de diversidade de género ou sobre questões raciais.

A presidente do Conselho de Administração da PBS, Paula Kerger, disse no mês passado que a intenção de Donald Trump de rescindir o financiamento para os meios de comunicação públicos vai perturbar o serviço essencial que a televisão pública fornece aos cidadãos dos Estados Unidos.

"Não há nada mais norte-americano do que a PBS e nosso trabalho só é possível graças ao apoio bipartidário [Partido Republicano e Partido Democrático] que sempre recebemos do Congresso", referiu.

"A parceria público-privada [de serviço público de comunicação social] permite-nos ajudar a preparar milhões de crianças para o sucesso na escola e na vida e também apoia programas enriquecedores e inspiradores da mais alta qualidade", acrescentou.

Em abril, a administração norte-americana comunicou que ia pedir ao Congresso o anulamento do financiamento da entidade que tutela o setor (Corporação para a Radiodifusão Pública) como parte de um pacote de cortes de 9,1 mil milhões de dólares.

No entanto, esse pacote, que o diretor do Orçamento Russell Vought disse ser provavelmente o primeiro de vários, ainda não foi enviado para o Capitólio.

Os decretos presidenciais contra os meios de comunicação social públicos têm enfrentado a resistência dos tribunais federais norte-americanos, que decidiram, em alguns casos, que a liderança de Trump pode ter ultrapassado a autoridade ao reter fundos atribuídos pelo Congresso. 

Hoje, a organização francesa Repórteres Sem Fronteiras denunciou o que considerou uma deterioração preocupante da liberdade de imprensa nos Estados Unidos. ANG/Lusa

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Desporto-futebol/Sport Bissau Benfica continua líder isolado da Liga Orange após 18ª jornada da prova

Bissau, 30 Abr 25 (ANG) – O Sport Bissau e Benfica (SBB), visitou e venceu no último fim-de-semana por 1-0, a sua congénere Portos de Bissau, numa partida  a contar para 18ª jornada da Liga Orange, e com essa vitória, os encarnados permanecem isolados na liderança da prova.

As restantes partidas produziram os seguintes resultados: União Desportiva Internacional de Bissau (UDIB)-0/Sporting Clube da Guiné-Bissau-0, CDR Gabu-3/FC.Canchungo-0, Nuno Tristão Futebol Clube de Bula-0/Os Balantas de Mansoa-0, FC.Sonaco-0/FC.Cumura-1, Tigres Futebol Clube de São Domingos-3/Hafia de Bafatá-0, FC.Cuntum-0/Arados FC.Nhacra-1, Flamengo de Pefine-1/FC.Pelundo-1.

Eis a tabela classificativa, apôs a 18ª jornada da maior prova de futebol guineense - a “Liga Orange”:

1º-Sport Bissau e Benfica-41 pts          9º-FC.Cuntum-24 pts

2º-UDIB-35 pts                                     10º-SC.Guiné-Bissau-24 pts

3º-CF.Os Balantas de Mansoa-31 pts 11º-FC.Canchungo-23 pts

4º-FC.Cumura-29 pts                            12º-Tigres de São Domingos-19 pts

5º-CDR.Gabú-28 pts                             13º-Hafia de Bafatá-18 pts

6º-Arados de Nhacra-28 pts                  14º-Nuno Tristão FC.Bula pts

7º-Portos de Bissau-27 pts                   15º-FC.Pelundo-14 pts

8º-Flamengo de Pefine-25 pts              16º-FC.Sonaco-09 pts

Para 19ª jornada estão previstos os seguintes encontros: Sporting Clube da Guiné-Bissau/FC.Cuntum, Sport Bissau e Benfica/FC.Canchungo, FC.Cumura/UDIB, Hafia de Bafatá/FC.Sonaco, Arados de Nhacra/Flamengo de Pefine, Tigres de São Domingos/CDR. Gabú, OS Balantas de Mansoa/Portos de Bissau. ANG/LLA/ÂC//SG

 

     Washington/EUA pressionam Moscovo e Kiev a aceitar acordo de paz

 Bissau, 30 Abr 25 (ANG) - Os Estados Unidos pediram que a Rússia e Ucr
ânia aceitem a sua proposta de paz, numa reunião do Conselho de Segurança da ONU em que as duas nações se culparam mutuamente pela continuidade da guerra. 


O representante norte-americano, John Kelley, instou na terça-feira a Rússia e a Ucrânia a aceitarem a proposta de Washington e lembrou que o Presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump - que desempenha um papel de mediador cada vez mais desgastado -, pediu a Moscovo que interrompesse os ataques e "encerrasse imediatamente a guerra".


"Se ambos os lados estiverem prontos para acabar com a guerra, os EUA apoiarão totalmente o caminho para uma paz duradoura", acrescentou Kelley, num momento em que Trump tem expressado crescente frustração com a falta de um acordo antes dos seus primeiros 100 dias no cargo presidencial.


A vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Mariana Betsa, denunciou perante o Conselho de Segurança que Moscovo lançou 8.500 bombas contra o seu país desde março, quando os EUA propuseram um cessar-fogo total, e afirmou que o "ponto de partida" para a paz seria justamente essa trégua.


"Se a Rússia está tão determinada em parar a guerra, porque é que não iniciamos o cessar-fogo hoje, sem esperar até 08 de maio?" questionou Betsa, referindo-se à trégua unilateral de três dias declarada por Moscovo, para marcar o 80.º aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial.


A vice-ministra acrescentou ainda que a Ucrânia quer a paz, mas "não a qualquer preço", "nunca reconhecerá os territórios ocupados" como russos, não aceitará "nenhum estrangeiro" no comando das suas Forças de Defesa, e não permitirá que a sua soberania ou políticas sejam restringidas, incluindo "as alianças" das quais deseja participar.


Por sua vez, o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, disse que a convocação da reunião do Conselho de Segurança pelos "patrocinadores europeus" de Kiev reflete o seu "medo de ficar de fora diante da nova administração dos EUA, que busca uma solução" para o conflito.


Nebenzya acusou Kiev de sabotar a moratória de 30 dias, "escalar o conflito e rejeitar propostas de paz equilibradas dos EUA", enquanto Moscovo continua a manter negociações sobre "os contornos do plano de paz".


A reunião de terça-feira foi convocada pela França e presidida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noel Barrot, que pediu um cessar-fogo abrangente e denunciou o ataque russo de 24 de abril contra Kiev, um dos piores desde o início da guerra, que deixou 13 mortos e cerca de 90 feridos.


Já a secretária-geral adjunta da ONU para os Assuntos Humanitários, Joyce Msuya, afirmou que, até ao momento, "não se passou um único dia neste ano sem que civis tenham sido mortos ou feridos em ataques".


Nos primeiros três meses do ano, a ONU constatou 2.641 vítimas civis – quase mais 900 do que no mesmo período de 2024 e mais 600 do que no início de 2023.  ANG/Inforpress/Lusa

 

 

Coreia do Sul/Seul afirma que 600 soldados norte-coreanos morreram em combate ao lado dos russos

Bissau, 30 Abr 25 (ANG) - Seul afirmou hoje que cerca de 600 soldados norte-coreanos morreram enquanto combatiam junto das forças russas contra o exército ucraniano em Kursk, região russa que caiu nas mãos de Kiev em Agosto de 2024 e terá sido recuperada por Moscovo no mês passado.

Estas novas revelações surgem numa altura em que a Rússia e a Coreia do Norte acabam esta semana de reconhecer pela primeira vez o envolvimento de Pyongyang nas operações russas.

"Até agora, as baixas das tropas norte-coreanas são estimadas em cerca de 4.700, das quais cerca de 600 mortos", disse à imprensa o deputado Lee Seong-Kweun, membro da comissão parlamentar de inteligência, ao sair de uma reunião com os serviços secretos sul-coreanos.

Também segundo este responsável, cerca de 2.000 soldados feridos foram repatriados para a Coreia do Norte entre Janeiro e Março por via aérea e ferroviária, e eles terão sido colocados em isolamento em Pyongyang e outras partes do país, sendo que os corpos dos soldados mortos em combate foram cremados na Rússia e as suas cinzas restituídas à Coreia do Norte.

Respondendo aos jornalistas, o parlamentar sul-coreano afirmou ainda que "a Coreia do Norte apoiou a retomada de Kursk pela Rússia, mobilizando 18 mil soldados em duas fases. Desde o mês de Março, data da retomada efectiva de Kursk, o número de confrontos diminuiu", sendo que na sua óptica não é de excluir que haja ainda uma terceira fase de combates para as tropas norte-coreanas.

Estas declarações são feitas numa altura em que a Coreia do Norte e a Rússia acabam no começo da semana de reconhecer pela primeira vez a sua cooperação no teatro das operações. Na segunda-feira, Pyongyang admitiu oficialmente ter enviado tropas para Kursk, na Rússia, e disse que iria erguer um monumento homenageando os seus soldados.

Reconhecendo implicitamente esta situação, o chefe de Estado russo Vladimir Putin agradeceu o seu homólogo norte-coreano pela "façanha" dos seus soldados. Já no sábado, o chefe do Estado-Maior do exército russo enalteceu o "heroísmo" das forças norte-coreanas que, segundo Moscovo, ajudaram a Rússia a retomar o controlo de Kursk no mês passado, o que a Ucrânia desmente.

Recorde-se que em Junho do ano passado Moscovo e Pyongyang assinaram um acordo de parceria estratégica prevendo uma assistência militar mútua em caso de ataque contra algum dos dois países.ANG/RFI

 

Suíça/Amnistia Internacional denuncia actuação de Trump e torna a acusar Israel de "genocídio" em Gaza

Bissau, 30 Abr 25 (ANG)   - O novo relatório anual da Amnistia Internacional sobre os Direitos Humanos em todo o mundo foi divulgado terça-feira.

A publicação deste documento coincide com o período em que Donald Trump cumpre os 100 dias do seu segundo mandato na Casa Branca, um marco simbólico relativamente aos Direitos Humanos, cuja situação, segundo esta ONG, vem se degradando ainda mais nestes últimos meses.

Neste documento, em que se observa uma degradação das liberdades civis, em particular a liberdade de manifestação em Angola e Moçambique, a Amnistia Internacional denuncia também a indiferença mundial perante as graves violações dos Direitos Humanos e, em particular, as violências sexuais que ocorrem no conflito no Sudão.

No seu relatório, a ONG torna a acusar Israel de "genocídio" na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza e denuncia igualmente a política do Presidente Trump no que tange, designadamente, ao tratamento reservado aos migrantes ou ainda o corte de financiamentos às Nações Unidas e outras entidades que apoiam as faixas mais fragilizadas da sociedade.

Neste sentido, Miguel Marujo, porta-voz e director da Comunicação da Secção portuguesa da Amnistia Internacional, começa por referir que Donald Trump "demonstrou um desprezo total pelos Direitos Humanos".

RFI: A publicação do vosso novo relatório coincide com os 100 dias de Trump na Casa Branca. Qual é a avaliação que se pode fazer destes primeiros dias do mandato do Presidente americano em termos de Direitos Humanos?

Miguel MarujoA avaliação é muito negativa. Aquilo que a Amnistia Internacional constata é que o Presidente Trump demonstrou um desprezo absoluto pelos Direitos Humanos universais. O governo americano atacou muito rapidamente e deliberadamente instituições vitais para os Estados Unidos, mas também instituições internacionais vitais para o funcionamento de muitos aspectos, de dimensão comunitária e de solidariedade a nível internacional que tinham sido exactamente concebidas para tornar o mundo mais seguro e mais justo. O ataque total aos próprios conceitos de multilateralismo do asilo na questão da migração, na questão da justiça racial e de género, da saúde global, da acção climática exacerba também os danos significativos e encoraja ainda mais outros líderes a juntarem-se a este ataque na questão das migrações. É muito mais visível e muito mais palpável essa situação, até pela conivência depois de outros governos, como o caso do governo de Salvador.

RFI: Outro foco de preocupação enunciado pela Amnistia Internacional no seu relatório anual é a questão do Médio Oriente e, mais especificamente, o conflito na Faixa de Gaza.

Miguel Marujo: Sim, aquilo que a Amnistia Internacional recorda é que, em 2024, os acontecimentos tidos na Faixa de Gaza, na região do Médio Oriente, vieram ainda mais colocar o mundo numa situação muito complicada. A Amnistia Internacional, já em Dezembro, tinha denunciado aquilo a que chamou o genocídio dos palestinianos em Gaza, que está a ser transmitido em directo, sem que Israel ouça o mundo a protestar contra aquilo que vai acontecendo. Mas estes acontecimentos na Faixa de Gaza mostraram também até que ponto os Estados mais poderosos rejeitaram o Direito Internacional e ignoraram instituições multilaterais. No caso, os Estados Unidos, por exemplo, invocaram mesmo sanções agora para o Tribunal Penal Internacional. Portanto, todo este caso, digamos assim, tem levado a que a situação dos palestinianos em Gaza esteja, cada dia que passa mais desumana e cruel. E isso tem sido particularmente defendido e notado pela Amnistia Internacional.

RFI: Relativamente aos ataques tanto verbais como também concretos nos actos contra os Direitos Humanos, também evocam a Rússia. É uma espécie de banalização da violência.

Miguel Marujo: Sim, aquilo que assistimos é que há essa disseminação crescente de práticas autoritárias. E muitos destes líderes sejam aspirantes a líderes, sejam líderes eleitos, actuam voluntariamente como motor de destruição. Temos notado uma proliferação de leis, de políticas e práticas que visam directamente a liberdade de expressão, de associação e de reunião pacífica. E aquilo que temos notado é que a repressão pelas forças de segurança tem sido cada vez mais violenta e mais arbitrária. Notamos detenções arbitrárias em massa, desaparecimentos forçados e frequentemente o uso de força excessiva, por vezes também letal, como podemos, por exemplo, verificar em Moçambique para reprimir a desobediência civil. Portanto, aquilo que temos notado, não só pela invasão da Ucrânia pela Rússia e depois, mesmo dentro de muitos países, é que as dissidências, as vozes dissidentes, as vozes opositoras, são vítimas de repressões muito violentas e muito excessivas por parte das autoridades.

RFI: Mencionou o caso de Moçambique. Relativamente aos países da África lusófona, observaram que efectivamente os Direitos Humanos conheceram algum recuo nestes últimos meses, tanto em Moçambique como também em Angola.

Miguel Marujo: Sim, aquilo que a Amnistia Internacional tem vindo a denunciar, quer em Moçambique desde as eleições de Outubro, quer em Angola, é que tem existido uma cada vez maior repressão de vozes que muitas vezes se manifestam pacificamente contra as políticas dos governos. Temos, e isso é muito evidente na parte de Moçambique, relativamente àquilo que foi a repressão pós-eleitoral e com todos os confrontos violentos entre polícias e forças de segurança e até mesmo tropas nas ruas contra os manifestantes, que muitas vezes estavam a manifestar-se pacificamente contra os resultados eleitorais. Contra aquilo que se passou em torno das eleições gerais de Outubro. E ao mesmo tempo, também em Angola, temos notado um acréscimo de prisão e detenção de activistas da sociedade civil, de jornalistas, apenas por exercerem os seus direitos à liberdade de expressão e de reunião pacífica. A Amnistia Internacional acompanhou o caso em concreto de cinco activistas que estavam detidos e alguns deles tinham sido negados cuidados de saúde necessários durante a sua detenção nas cadeias. São cinco casos, em particular, que tiveram um final feliz porque acabaram libertados no início deste ano de 2025. Mas, na verdade, aquilo que temos ouvido, os relatos que nos têm chegado de Angola, é que também há cada vez uma maior repressão daquilo que são as opiniões contrárias ao Governo de Luanda.

RFI: Também em África mencionaram o conflito relativamente esquecido do Sudão, que também dá azo a atropelos aos Direitos Humanos.

Miguel Marujo: Sim, aquilo que Amnistia tem denunciado é a extrema violência sexual generalizada contra mulheres e raparigas no Sudão, nomeadamente protagonizadas por milícias das Forças de Apoio Rápido sudanesas. E são práticas que equivalem a Crimes de Guerra e possíveis Crimes contra a Humanidade. O número de pessoas deslocadas internamente pela guerra civil que já dura há dois anos no Sudão aumentou para 11 milhões. É mais do que em qualquer outro lugar do mundo. E, no entanto, este conflito tem suscitado uma indiferença global quase total. Aquilo que temos ouvido são manifestações -muito cínicas até- sobre aquilo que se passa no Sudão, enquanto que muitos desses países continuam a violar o embargo às armas no Darfur, vendendo armas a forças que estão envolvidaesta guerra civil. De facto, há que pôr termo a essa venda de armas e ao mesmo tempo tentar levar a que as diferentes partes em conflito se possam entender à mesa das negociações.ANG/RFI

 

Rússia/ Governo  e Coreia do Norte reforçam ligações com construção de ponte rodoviária

Bissau, 30 Abr 25 (ANG) - A Rússia iniciou hoje a construção de uma ponte rodoviária com a Coreia do Norte, no âmbito do reforço da cooperação estratégica entre os dois países, anunciou o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin.


ponte será construída sobre o rio Tumannaya, terá um comprimento de 4,7 quilómetros, juntamente com as estradas de acesso, e deverá estar concluída em 18 meses, segundo a agência de notícias espanhola EFE.

A nova infraestrutura vai ficar situada perto da atual Ponte da Amizade, que tem uma linha de caminho-de-ferro e foi construída no final da década de 1950, após a Guerra da Coreia (1950-1953).

"O significado desta ponte ultrapassa a questão da engenharia. Simboliza o desejo comum de reforçar a amizade e a boa vizinhança na região", afirmou Mishustin, citado pela agência de notícias espanhola Europa Press.

A decisão de construir a nova ponte foi tomada durante a visita do Presidente russo, Vladimir Putin, à Coreia do Norte em 2024.

A ponte permitirá alargar a rede rodoviária da Rússia.

Numa videoconferência com o homólogo norte-coreano, Pak Thae-song, que assinalou o início da obra, Mishustin, afirmou que a cooperação entre a Rússia e a Coreia do Norte está a reforçar-se de ano para ano.

"Apreciamos muito as nossas relações de amizade e de boa vizinhança (...), sentimos um grande afeto pelo seu país e confirmamos a nossa disponibilidade para prosseguir uma cooperação construtiva", disse Mishustin.

A Coreia do Norte é um dos raros aliados da Rússia na guerra contra a Ucrânia, tendo mesmo contribuído com o envio de soldados e de armamento.

Pak afirmou que a ponte tornar-se-á "uma estrutura memorial histórica eterna, simbolizando as indestrutíveis relações de amizade russo-coreanas".

Acrescentou que a ponte "criará uma garantia real para o desenvolvimento multifacetado da cooperação bilateral, incluindo a circulação de pessoas, o turismo e o comércio, o que acabará por dar um novo impulso ao desenvolvimento das relações Coreia-Rússia".

O Ministério da Unificação da Coreia do Sul anunciou em Seul que foram detetados movimentos na zona da construção da ponte e que se espera que os trabalhos estejam concluídos no verão de 2026.

"Estou confiante de que em breve nos voltaremos a ver, na conclusão dos trabalhos e na inauguração do tráfego na nova ponte", disse o chefe do governo russo.

Em junho de 2024, Putin e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, assinaram um tratado de parceria estratégica com uma cláusula de defesa mútua em caso de agressão de qualquer uma das partes.

Putin agradeceu na segunda-feira à Coreia do Norte e a Kim a ajuda no combate às tropas ucranianas na região russa de Kursk, cuja libertação Moscovo proclamou no passado fim de semana.

"Prestamos homenagem ao heroísmo, ao alto nível de treino especial e à dedicação dos soldados norte-coreanos que, lado a lado com os combatentes russos, defenderam a nossa pátria como se fosse sua", disse Putin na mensagem de agradecimento.ANG/Lusa