EUA/Liberdade de expressão mundial recua 10% desde 2012 - Unesco
Bissau,
16 Dez 25 (ANG) - A liberdade de expressão mundial caiu 10% entre 2012 e 2024,
um retrocesso comparável ao ocorrido com a Primeira Guerra Mundial, alertou
hoje a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(Unesco).
Esta
é uma das principais conclusões do estudo “Tendências munidas do jornalismo:
configuração num mundo de paz 2022/2025”, publicado hoje e que destaca a
ligação entre tendências preocupantes no ecossistema mediático, com o aumento
da autocensura, enfraquecimento das instituições, queda da confiança pública e
aprofundamento da polarização.
A
quebra na liberdade de expressão coincidiu “com retrocessos em matéria de
igualdade, juntamente com uma crescente hostilidade para com jornalistas,
cientistas e investigadores ambientais”, alerta a organização, enquanto o domínio
das grandes tecnologias criou “um terreno fértil para a propagação do discurso
de ódio e da desinformação na Internet”.
“Em
conjunto, estas pressões políticas, sociais e comerciais estão a minar a
liberdade, a pluralidade e a diversidade dos meios de comunicação”, destaca a
Unesco, além de salientar os efeitos prejudiciais da inteligência artificial
generativa, que nos últimos dois anos já conseguiu aprofundar a crise de valor
dos meios tradicionais.
Entre
2012 e 2019, a contração no índice de liberdade de expressão foi moderada, mas
acelerou a partir de 2020 e, sobretudo, a partir de 2022, a um ritmo de 1,30%
ao ano, muito acima da taxa média do período 2012-2024 (0,86%).
Dado
que este retrocesso está muito ligado à situação do jornalismo, a Unesco
salienta que para os repórteres é um período de assédio e aumento das ameaças
físicas, especialmente em zonas de conflito.
Entre
2022 e 2025, 185 jornalistas morreram, o que representa um aumento de 67% em
relação aos quatro anos anteriores.
Só em
2025, morreram 91 jornalistas, 41% em ataques deliberados, com a impunidade
desses crimes a ser muito alta, já que a Unesco calcula que, até 2024, 85% dos
autores destas mortes não haviam sido condenados.
A
autocensura entre os repórteres cresce quase 5% ao ano e, no total, entre 2012
e 2024, aumentou 63%, nomeadamente em temas controversos, como a corrupção, por
medo de represálias.
A
vigilância digital e as leis restritivas aumentaram 48%, o que dificulta
sobretudo o jornalismo independente, e também cresceram o assédio ‘online’, as
ações judiciais abusivas e infundadas e as práticas de intimidação.
Ainda
assim, a organização realça o aumento do acesso à Internet a nível global, ao
mesmo tempo que o índice da democracia cai globalmente, pois pela primeira vez
nas últimas duas décadas, os regimes autocráticos superam as democracias.
Assim,
72% da população do planeta vive sob regras não democráticas, o nível mais alto
desde 1978.
Este
índice é elaborado a partir do maior conjunto de dados mundiais sobre
democracia, compilado por uma rede internacional de milhares de académicos e
especialistas coordenada pelo Instituto V-Dem, da Universidade de Gotemburgo
(Suécia), levando em consideração fatores como a censura aos meios de comunicação,
o assédio a jornalistas ou a liberdade de expressão académica e cultural. ANG/Inforpress/Lusa

Sem comentários:
Enviar um comentário