Mudanças climáticas/África emite menos de 5% dos gases com efeito estufa no mundo
Bissau, 04 Abr 24 (ANG) - África emite menos de 5% dos gases com efeito de estufa a nível mundial, mas "sofre as graves consequências das alterações climáticas", afirmou esta quarta-feira, num relatório, o Instituto para Estudos de Segurança (ISS).
Segundo o ISS, reconhecer esta disparidade "é o primeiro
passo para uma resposta internacional" que a rectifique, sendo que a
resposta global deve ser orientada pelo princípio da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (CQNUAC).
O mundo enfrenta uma crise climática provocada por um aumento
incessante das emissões de carbono, explicou o ISS no seu relatório.
O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas
(IPCC), citado pelo ISS, referiu que 89% das emissões globais de dióxido de
carbono em 2022 tiveram origem em combustíveis fósseis e processos industriais.
Os níveis de CO2 atmosférico têm continuado a aumentar,
atingindo máximos históricos em 2023. Como consequência, o Serviço Copernicus
para as Alterações Climáticas declarou 2023 como o ano mais quente de que há
registo.
São necessários esforços coordenados a nível mundial para
reduzir as emissões de carbono e atenuar a escalada dos níveis de CO2 na
atmosfera, referiu.
De acordo com o ISS, estima-se que a percentagem de dióxido de
carbono dos combustíveis fósseis em África corresponderá a 13% das emissões
globais em 2050 e a 22% em 2063.
"O continente precisa de ser apoiado pelos responsáveis
pela crise, sendo que uma dessas vias é a utilização das receitas geradas pelos
impostos sobre o carbono para projectos de medidas de atenuação e
adaptação", aconselhou o ISS.
"Os mecanismos de fixação do preço do carbono, incluindo os
impostos sobre o carbono e os sistemas de comércio de licenças de emissão
(ETS), constituem instrumentos práticos para combater a crise climática",
declarou.
Instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário
Internacional (FMI) apoiaram um quadro global de tributação do carbono, citou.
"No ano passado, os líderes africanos assinaram a
Declaração de Nairobi sobre as alterações climáticas, sublinhando a necessidade
de reformas financeiras multilaterais abrangentes. A declaração propôs a
criação de um regime global de tributação do carbono para financiar
investimentos que apoiem iniciativas ecológicas", referiu.
No entanto, apenas 37 iniciativas de tributação do carbono foram
implementadas a nível mundial, cobrindo "uns escassos 5,62% das emissões
globais de gases com efeito de estufa", alertou.
Os 10 maiores emissores mundiais são a China, os Estados Unidos
da América, a Índia, a Rússia, o Japão, a Indonésia, o Irão, a Alemanha, a
Arábia Saudita e a Coreia do Sul.
Colectivamente, contribuem com 69% das emissões globais de
combustíveis fósseis.
"A aplicação de um imposto sobre o carbono a estes grandes
emissores poderia incentivar a redução das emissões e promover práticas
sustentáveis", aconselhou.
Destes, apenas o Japão adoptou um imposto sobre o carbono,
indicou.
Embora um imposto sobre o carbono seja apenas uma das várias
medidas necessárias para combater as alterações climáticas, a sua implementação
à escala global é fundamental, reforçou.
"O continente africano deve apresentar uma frente unida a
nível internacional e reconhecer a sua responsabilidade partilhada no combate
às alterações climáticas", declarou.
O estabelecimento de um quadro global de impostos sobre o
carbono oferece vários benefícios para combater as alterações climáticas,
referiu.
"É claro que a implementação de um quadro global de
tributação do carbono tem os seus desafios: os interesses económicos, a
dinâmica política e as limitações de capacidade podem impedir o
progresso", reflectiu.
No entanto, ao aplicar princípios de justiça e de eficiência, um
quadro global de tributação do carbono torna-se a pedra angular de uma
governação climática eficaz no século XXI, mas apenas se África desempenhar um
papel activo e os principais poluidores do mundo pagarem as suas contas,
concluiu. ANG/Angop
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