França/Chade e Senegal lamentam declarações do
Presidente francês
Bissau, 07 Jan 25 (ANG) - Os
governos do Chade e do Senegal lamentaram as declarações do Presidente francês
Emmanuel Macron que considerou que os dirigentes africanos “esqueceram de dizer
obrigado” a Paris pela luta contra o terrorismo no Sahel.
O governo do Chade fala em
“atitude de desprezo perante África e os africanos”, enquanto o primeiro-ministro
do Senegal desmentiu abertamente as afirmações do Presidente francês.
As declarações de Emmanuel Macron indignaram
os governos do Chade e do Senegal. Esta segunda-feira, numa reunião anual com
os embaixadores em França, o Presidente francês disse que Paris teve razão em
intervir com uma missão militar contra o terrorismo no Sahel desde 2013, mas
que os dirigentes africanos se “esqueceram de dizer obrigado”.
Em resposta, num comunicado lido na televisão
estatal esta segunda-feira à noite, o ministro dos Negócios Estrangeiros do
Chade, Abderaman Koulamallah, falou em “grande
preocupação perante as declarações do Presidente francês” que, no seu
entender, “reflectem uma atitude de
desprezo perante África e os africanos”.
O ministro sublinhou que o Chade “não tem nenhum problema com França”,
mas que “os dirigentes franceses devem aprender a
respeitar o povo africano”.
Abderaman Koulamallah escreveu, ainda, que “o papel
determinante” de
África e do Chade na libertação de França nas duas guerras mundiais nunca foi “verdadeiramente reconhecido” por Paris, nem
os “sacrifícios dos soldados
africanos”. O ministro
acrescentou que “em 60
anos de presença, a contribuição francesa foi maioritariamente limitada a
interesses estratégicos próprios, sem impacto durável para o desenvolvimento do
povo chadiano”.
A 28 de Novembro, Ndjamena rompeu os acordos
militares que duravam há 60 anos com a antiga potência colonial e as operações
de retirada começaram em Dezembro.
Por sua vez, o primeiro-ministro do Senegal,
Ousmane Sonko, desmentiu directamente o Presidente francês ao classificar
como “totalmente errada” a
afirmação segundo a qual Paris propôs aos presidentes africanos a reorganização
da presença militar francesa e lhes deu a primazia de o anunciar.
Ousmane Sonko disse que “não houve nenhum debate ou negociação e que a
decisão tomada pelo Senegal é da sua inteira responsabilidade, enquanto país
livre, independente e soberano”. Em Dezembro, o
primeiro-ministro já tinha dito que “se os soldados
africanos, maltratados e depois traídos, não tivessem sido mobilizados para a Segunda Guerra Mundial
para defender a França, esta talvez ainda fosse hoje alemã”.
Dakar anunciou, nas últimas semanas, para
2025 o fim da presença militar francesa e estrangeira no solo nacional. O
Senegal era um principais aliados africanos de França depois da independência,
mas os dirigentes que chegaram ao poder no ano passado trouxeram uma agenda de
ruptura e prometeram tratar França da mesma forma que os outros países estrangeiros.
Entre 2022 e 2023, quatro antigas colónias francesas, o Níger, o Mali, a República Centro-Africana e o Burkina Faso, exigiram a retirada dos militares franceses. Há pouco mais de um mês, o Senegal e o Chade fizeram o mesmo e há dias foi a vez da Costa do Marfim tomar a mesma posição. ANG/RFI
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