sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

São Tomé e Príncipe


Tentativas de golpe de estado são “forjadas”

Bissau, 21 dez 18 (ANG) -  O ministro da Defesa e Ordem Interna são-tomense, Óscar Sousa, afirmou quarta-feira que as duas tentativas de golpe de Estado, denunciadas em Junho e Agosto pelo anterior Governo, liderado por Patrice Trovoada, são "forjadas", prometendo "desmontá-los" brevemente, informou a Lusa.
“Há uma situação de dois golpes de Estado, em Junho e Agosto, forjados e eu vou desmontá-los. Não houve nenhuma tentativa de golpe de Estado", disse Óscar Sousa, durante o debate parlamentar sobre o estado da Nação.
O governante, que entrou em diálogo directo com o seu antecessor, Arlindo Ramos, actualmente deputado do Acção Democrática Independente (ADI), lembrou que o país tem "um problema em mãos" por causa dos espanhóis que estavam presos sobre a alegada tentativa de Agosto passado, e que foram libertados no mês passado, encontrando-se actualmente sob termo de identidade e residência.
Em relação a este caso, é necessário encontrar "uma solução pela via diplomática, judicial ou política", alertou o ministro.
"Conduziram mal o processo e eu vou anular tudo", garantiu Óscar Sousa, lamentado a situação de alguns oficiais do exército implicados neste processo que "estão suspensos há quatro meses".
Óscar Sousa, tenente-coronel na reserva, revelou que em Abril o Ministério da Defesa já "sabia" que este alegado golpe iria ter lugar e que tudo teria sido preparado com a cumplicidade do próprio ministro da Defesa do anterior executivo, liderado por Patrice Trovoada (ADI).
O governante sustentou que, ao assumir funções, chamou a si a responsabilidade deste caso, mas lamentou: "O original do processo desapareceu".
Óscar Sousa anunciou o início, na terça-feira passada, de uma operação denominada “São Tomé Poderoso”, que visa o desmantelamento e recolha das armas que estavam na posse da guarda do ex-primeiro-ministro, Patrice Trovoada.
"Existiam 90 homens especiais que foram preparados e outro 90 que estavam a mando directo do ex-primeiro-ministro", explicou o ministro da Defesa e Ordem Interna.
Algumas armas recolhidas já foram entregues às Forças Armadas, revelou o ministro, que disse que ainda há armamento por encontrar, afirmou que espera "contar com a colaboração dos que chefiaram esse grupo".
Segundo o responsável, a operação “São Tomé Poderoso” termina no dia 17 de Janeiro.
O ex-ministro Arlindo Ramos não confirmou nem desmentiu as declarações de Óscar Sousa, disse não temer "nada" e afirmou-se "sereno e tranquilo", justificando as suas decisões com "o interesse do Estado".
Em Agosto, o Governo são-tomense, então liderado por Patrice Trovoada, garantiu ter impedido "uma acção terrorista que visava o sequestro do Presidente da República, do presidente da Assembleia Nacional e a eliminação física do primeiro-ministro e chefe do governo", numa "operação em que foram detidos três indivíduos de nacionalidade espanhola e dois cidadãos nacionais", que foram libertados no final do mês passado.
Em 08 de Novembro, o Ministério Público são-tomense (MP) acusou 20 arguidos de crimes de alteração do Estado de Direito, atentado contra o Presidente da República, associação criminosa, posse de armas proibidas, engenhos e substâncias explosivas e contrafacção de moedas.
Em Junho, o então Governo são-tomense anunciou que foram detidos Gaudêncio Costa, antigo ministro da Agricultura e deputado do principal partido da oposição, e um sargento das Forças Armadas, Ajax Managem, por suspeita de envolvimento numa "tentativa de subversão da ordem constitucional".
Patrice Trovoada disse então que o objectivo do grupo que queria "interromper o funcionamento regular da ordem constitucional" era assassiná-lo num ato público e que estariam envolvidas pessoas que "já desempenharam altos cargos no país".
"Tivemos que agir no sentido de travar um plano que visava numa primeira fase a eliminação física do primeiro-ministro numa cerimónia pública efectuada por um “sniper” ajudado por outro elemento", para "criar condições para que depois o acesso ao poder de um grupo político fosse mais facilitado", acusou o então chefe do Governo. ANG/Angop

Greve de motoristas


Negociações condicionadas com  libertação de sindicalistas detidos pelo POP

Bissau,20 Dez 18(ANG) – Os transportes públicos cumprem hoje o segundo dia de paralisação, com os grevistas a condicionarem a retoma das negociações com a libertação de seis colegas detidos quarta-feira pela policia guineense.

Um porta-voz da Federação dos Sindicatos dos Motoristas , Caram Cassamá,  disse que só voltam à mesa das negociações com o Governo se os seis motoristas forem postos em liberdade.

Se assim não for, Cassamá promete que a greve vai até ao fim, na sexta-feira, e na segunda-feira vão entregar um pré-aviso de uma nova paralisação laboral, desta feita, para 15 dias.

Acusou  a polícia de ter detido, sem mandado judicial, seis elementos da sua organização, que se encontram em greve.

Caram  indicou que a polícia apareceu na sede da federação dos motoristas em Bissau, dando ordens de prisão, sem mandado judicial, a seis dirigentes sindicais, levados para 2ª Esquadra, junto ao Ministério do Interior.

Fonte da polícia disse à Lusa, entretanto, que os seis dirigentes sindicais foram detidos "por estarem a impedir  outros motoristas de trabalhar".

O porta-voz da federação das associações dos motoristas nega aquela versão, salientando que em toda Guiné-Bissau, os transportes públicos estão parados, mesmo perante ameaças e aliciamentos de elementos do Governo e da polícia, disse.

Caram Cassamá questionou a liberdade sindical e de expressão "que se diz existirem na Guiné-Bissau", quando a polícia prende pessoas "apenas por pararem os seus carros em casa", observou.

A greve dos motoristas, a segunda no país em dois meses, protesta contra a falta de cumprimento, pelo Governo, de um memorando de entendimento rubricado entre as duas partes em Outubro e que na altura permitiu o levantamento de uma paralisação laboral.

Os motoristas acusam o Governo de permitir um excesso de cobranças de multas nas estradas pela polícia.

"É demais. De Bissau até Gabu são 34 postos de controlo, de Bissau até São Domingos são 28 postos de controlo", afirmou Caram Cassamá. ANG/Lusa

ONU/Luta contra drogas


Guiné-Bissau “requer muita atenção”, diz Director da agência contra drogas

Bissau, 21 dez 18 (ANG)  - A Guiné-Bissau é um país que "requer muita atenção" no combate ao tráfico de drogas, disse ontem o diretor do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC), Yury Fedotov, no Conselho de Segurança da ONU.
O director-executivo do UNODC interveio na reunião do Conselho de Segurança em Nova Iorque, por teleconferência a partir de Viena, numa declaração que abriu a reunião de hoje, dedicada ao problema das drogas na África Ocidental e Central.
"Estados em pós-conflito e países em transição, incluindo a Guiné-Bissau, requerem muita atenção, como é reconhecido por este Conselho, para abordar os desafios das drogas e crime organizado, nas reformas políticas", declarou Yury Fedotov.
O UNODC sublinha que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental identificou a Guiné-Bissau como um dos cinco países mais vulneráveis da região, juntamente com Costa do Marfim, Guiné, Libéria e Serra Leoa.
O tráfico de drogas, muitas vezes ligado ao terrorismo e tráfico humano, permanecem grandes ameaças à paz e estabilidade nos países da África Ocidental e Central, reiterou Yury Fedotov.
A agência da ONU contra drogas e crimes pediu um reforço do diálogo regional e inter-regional no combate aos crimes, dada a dificuldade dos países em combater estes problemas que dão lugar a violência e impedem a sustentabilidade das nações.
O Relatório Mundial sobre Drogas, apresentado em Junho de 2018 pelo UNODC, constatou que 87 por cento das apreensões de opioides farmacêuticos em todo o mundo em 2016 foram localizadas na África Ocidental, Central e do Norte.
O director executivo do UNODC enalteceu a Iniciativa da Costa Ocidental Africana para a implementação de unidades contra a criminalidade na Guiné-Bissau, Libéria e Somália, três países onde estão instaladas missões de paz da ONU.
A Iniciativa da Costa Ocidental Africana é uma união de diversas organizações internacionais e órgãos de governos nacionais para encontrar mecanismos de combate ao tráfico de droga.
Entre os mecanismos de reforço do combate estão o reforço dos controlos de segurança nos aeroportos e o aumento da troca de informações a nível internacional sobre redes de crimes transnacionais.ANG/Angop

Eleições Legislativas


Japão doa um milhão de dólares para realização do escrutínio

Bissau 21 Dez 18 (ANG) – O Governo japonês doou ontem uma contribuição no valor de um milhão de dólares americanos, cerca de 550 milhões de francos CFA, ao executivo guineense para o processo eleitoral em curso.

O apoio financeiro se inscreve na cooperação financeira não reembolsável estabelecido entre os dois países.

No acto da entrega da referida contribuição ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),enquanto fiel depositário do seu apoio, o embaixador nipónico, Tatsuo Arai destacou que  a realização de eleições justas e transparentes é uma garantia de estabilidade, requisito indispensável para impulsionar o desenvolvimento da Guiné-Bissau.

“Nesse âmbito,  o Japão já havia demostrado o seu interesse pela Guiné-Bissau ao apoiar financeiramente com o valor de um milhão de dólares as eleições legislativas e presidenciais de 2014, que decorreram com muito sucesso. Esta nossa contribuição hoje é uma continuação dessa acção, explicou.

O diplomata frisou que o montante em causa vai ajudar na realização das eleições fornecendo equipamentos necessários,  bem como as despesas de difusão e as relacionadas  a remuneração dos assessores técnicos, aspectos que considerou de fundamentais para a mobilização dos eleitores. 

Tatsuo Arai realçou a riqueza natural da Guiné-Bissau, salientando que o Japão através das acções de cooperação deseja participar no desenvolvimento dessas potencialidades, tendo agradecido ao PNUD pelo seu compromisso com as autoridades guineenses de assegurar a realização destas eleições dentro do prazo.

Disse  esperar que as mesmas sejam realizadas o mais rápido possível, no início do próximo ano e que sejam bem-sucedidas.

Por seu turno, o representante residente do PNUD no país, David Mclachlan-karr agradeceu ao Governo Japonês pelo gesto de solidariedade para com a Guiné-Bissau e pela confiança depositada naquela instituição, enquanto  fiel depositário do seu apoio.
Salientou que o apoio japonês para o ciclo eleitoral 2018/19 vai complementar as contribuições de outros parceiros e que será decisivo para viabilizar as fases subsequentes do processo eleitoral em curso.

“A criação das condições técnicas  e logísticas, materiais e financeiras inerentes a preparação do processo de votação e a proclamação dos resultados vão contribuir para que os órgãos de gestão eleitoral conduzam o processo de uma forma livre, credível, justa e transparentes em conformidade com os estandartes internacionalmente aceites”, frisou.

A ministra da Administração Territorial, Ester Fernandes agradeceu o gesto do Governo japonês, tendo realçado a contribuição deste pais à Guiné-Bissau nas áreas da educação, pesca e agora no processo eleitoral.

“Por isso, garanto que os fundos serão geridos com rigor e transparência pelas entidades responsáveis para dignificar o apoio dado” disse tendo pedido mais colaboração entre os dois países amigos e irmãos, garantiu a governante.

A cerimónia contou com a presença do Presidente da Comissão Nacional de Eleições(CNE), José Paulo Sambu.

 ANG/MSC/ÂC//SG