quarta-feira, 5 de agosto de 2020

        Explosões em Beirute/ Mais de uma centena de mortos e 4.000 feridos

 

Bissau, 05 Ago 20 (ANG)  – Mais de uma centena de pessoas morreram e mais de 4.000 ficaram feridas nas duas violentas explosões que sacudiram na terça-feira o porto de Beirute, capital do Líbano, de acordo com um novo balanço da Cruz Vermelha.

“Até agora, mais de 4.000 pessoas ficaram feridas e mais de 100 morreram. As nossas equipas continuam as operações de busca e salvamento nas áreas circundantes”, informou a Cruz Vermelha libanesa, num comunicado citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

A capital libanesa acordou  em choque, abalada pelas explosões, com uma potência registada pelos sensores do Instituto Geofísico Americano como um terramoto de magnitude 3.3.

No epicentro da explosão, que foi sentido no Chipre, a mais de 200 quilómetros de distância, a paisagem permanece apocalíptica: contentores que parecem latas torcidas, carros queimados, ruas cobertas de papéis e detritos de edifícios de escritórios espalhados pelos rebentamentos.

Duas fortes explosões sucessivas sacudiram  o porto de Beirute, semeando o pânico e produzindo um enorme cogumelo de fumo no céu da capital libanesa.

As violentas explosões deverão ter tido origem em materiais explosivos confiscados e armazenados há vários anos no porto da capital libanesa.

O primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, revelou que cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio estavam armazenadas no depósito do porto de Beirute que explodiu, causando dezenas de mortos e milhares de feridos.

“É inadmissível que um carregamento de nitrato de amónio, estimado em 2.750 toneladas, estivesse há seis anos num armazém, sem medidas de precaução. É inaceitável e não podemos calar-nos sobre esta questão”, disse o primeiro-ministro na terça-feira, durante a reunião do Conselho Superior de Defesa.

O nitrato de amónio é um fertilizante químico e um componente de explosivos.

“O que aconteceu hoje não ficará impune. Os responsáveis por esse desastre terão de pagar pelo que fizeram”, disse o primeiro-ministro libanês na terça-feira, numa comunicação ao país pelas televisões.

Diab já prometeu mais esclarecimentos sobre “esse armazém perigoso que existe há seis anos” e pediu ajuda aos “países amigos e irmãos”, para curar as “feridas profundas” do país, tendo declarado um dia de luto nacional na quarta-feira, “pelas vítimas da explosão”.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, disse  que as violentas explosões em Beirute "pareceram um ataque terrível" e que especialistas militares lhe disseram que teriam sido resultado de uma "bomba".

Donald Trump, contudo, afirmou ter recebido informações que apontam para um ataque deliberado.

"Eu falei com os nossos generais e parece que não foi um acidente industrial. Parece, segundo eles, que foi um ataque, uma bomba", disse o Presidente norte-americano em declarações aos jornalistas.

As duas explosões sucessivas em Beirute danificaram um navio de missão das Nações Unidas no país e deixaram alguns capacetes azuis feridos "com gravidade", segundo um comunicado emitido pela Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL, sigla em inglês).

"A UNIFIL está a transportar os feridos para os hospitais mais próximos para tratamento médico" e a "avaliar a situação", sem fornecer dados sobre a identidade ou a nacionalidade das vítimas.

O chefe da missão da ONU no Líbano, o General Stefano del Col, disse na sua conta de Twitter que a UNIFIL está "com o povo e o Governo do Líbano durante este período difícil e que estão prontos "para ajudar e fornecer qualquer assistência e apoio".  ANG/Inforpress/Lusa

Covid-19/Guiné-Bissau ultrapassa os dois mil casos de infecção  

Bissau, 05 ago 20 (ANG) - A Guiné-Bissau regista 2.032 casos acumulados do novo coronavírus e 27 vítimas mortais, segundo os últimos dados apresentados terça-feira pela alta comissária contra a covid-19, Magda Robalo.

De acordo com Magda Robalo, o número de vítimas mortais aumentou para 27 e o de recuperados para 944.

"Infelizmente, esta semana a Guiné-Bissau ultrapassa a barreira dos 2.000 casos de covid-19", disse, na conferência de imprensa semanal, em Bissau, a alta comissária.

A antiga ministra da Saúde guineense afirmou também que dos 2.032 casos, 2.027 são de transmissão local e que cinco são casos importados.

A alta comissária contra a covid-19 adiantou que apenas as regiões de Bijagós, Bolama e Quinara não registaram até hoje qualquer caso do novo coronavírus.

Nas declarações aos jornalistas, Magda Robalo insistiu na necessidade de a população respeitar e cumprir com as medidas de prevenção da doença.

"As pessoas que são positivas continuam a transmitir às pessoas, o que significa que temos de acelerar, reforçar, as medidas de prevenção. A não ser que haja uma redução no contacto entre pessoas, vamos continuar a ter contágios", referiu.

Segundo Magda Robalo, no Setor Autónomo de Bissau já há transmissão comunitária.

"Temos uma progressão da doença de pessoa para pessoa e é difícil identificar quem é que infetou quem", salientou.

"Ainda há muito trabalho a fazer para sensibilizar as populações que ainda não estão conscientes do risco que correm. O comportamento que têm tido deixa-nos a pensar que não se leva a doença a sério, o risco de infeção a sério", disse.

Magda Robalo declarou que é preciso uma abordagem diferente para levar a uma mudança de comportamentos.

"As pessoas precisam de estar conscientes de que o risco é permanente e que qualquer pessoa pode transmitir a doença", sublinhou, acrescentando que a utilização de máscara protege o próximo, bem como manter a distância física.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 689 mil mortos e infetou mais de 18,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em África, há 20.288 mortos confirmados em mais de 957 mil infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné Equatorial lidera em número de casos e de mortos (4.821 infetados e 83 óbitos), seguindo-se Cabo Verde (2.583 casos e 25 mortos), Guiné-Bissau (2.032 casos e 27 mortos), Moçambique (1.973 casos e 14 mortos), Angola (1.199 infetados e 55 mortos) e São Tomé e Príncipe (871 casos e 15 mortos).

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos (mais de 2,7 milhões de casos e 94.104 óbitos), depois dos Estados Unidos.ANG/Lusa

Angola/ PGR entrega ao governo grupo Media Nova de figuras ligadas ao regime de JES

Bissau, 05 Ago 20 (ANG) - O monopólio do Estado na imprensa em Angola anima o debate da classe jornalística depois do Serviço Nacional de Activos da Procuradoria Geral da República ter entregue ao Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, no passado dia 30 de Julho, a TV Zimbo,a Rádio Mais e o jornal o País, do grupo privado Media Nova, no quadro do combate à corrupção.

Segundo a RFI que cita  o Ministério Público Angolano,a TV Zimbo,a Rádio Mais e o jornal o País, foram construídos com fundos públicos pelo grupo Média Nova,pertencente à altas figuras do regime de José Eduardo dos Santoscomo o antigo vice-Presidente de Angola e ex-presidente da Sonangol Manuel Vicente e os generais Leopoldo "Dino" Fragoso do Nascimento e Helder Vieira Dias "Kopelipa".

O governo já garantiu, que não vai alterar as linhas editoriais dos referidos órgãos, que vão contar com comissões de gestão, com vista o seu saneamento financeiro e definir o seu futuro, que inclui a sua eventual privatização.

O Sindicato dos Jornalistas receia que o controle pelo Estado dos principais órgãos de comunicação social, ponha em causa os efeitos positivos em curso, decorrentes de uma maior liberdade de imprensa, que se regista actualmente em Angola. ANG/RFI

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Prevenção contra coronavirus

No plano individual deve-se  manter o distanciamento físico, usar  uma máscara,  lavar as mãos  regularmente e tossir fora do alcance  dos outros. Façam  tudo isso!

A nossa mensagem às populações e aos governos é clara.Façam tudo isso!"

                                        ( Tedros Adhanom Ghebreyesus - DG da OMS)


Covid-19/”Grossistas de medicamentos estão a especular preços neste período de pandemia”, revela Inspector Geral de  Saúde

Bissau,04 Ago 20(ANG) – O Inspector Geral de Saúde Pública revelou que algumas empresas grossistas de medicamentos estão a especular os preços de forma exagerada neste período da pandemia de covid-19.

Benjamin Lourenço Dias, em entrevista exclusiva à ANG sobre o resultado do encontro mantido na passada quarta-feira com todos os proprietários das farmácias do país, disse que os grossistas oscilam diariamente os preços de medicamentos vendidos aos farmacêuticos.

“Hoje pode-se adquirir um medicamento junto do grossista num determinado preço e amanhã noutro. A título de exemplo, o preço do medicamento para a cura de tensão arterial denominado de captopril subiu 76 por cento e ainda existe o diclofenac e outros cujos preços dispararam entre os 20 à 65 por cento”, revelou.

O Inspector Geral de Saúde sublinhou que os grossistas estão a aproveitar-se deste período de rutura de medicamentos para especularem os preços porque entendem que há muita procura.

“Já temos todos os documentos e foi nesta perspetiva que mantivemos um encontro com os proprietários das farmácias e no qual nos reafirmaram as dificuldades e limitações das empresas grossistas de medicamentos em atender as  solicitações”, disse.

Benjamin Lourenço Dias salientou que actualmente o país conta com três empresas grossistas de medicamentos, dentre as quais um estatal neste caso a Cecomes e duas privadas nomeadamente Saluspharma e Guifarma.

Disse que a Central de Comercialização de Medicamentos(Cecomes), encontra-se actualmente em falência, acrescentado que, das três empresas é a única que tem suas estruturas regionais de abastecimento.

Aquele responsável frisou que as outras igualmente deveriam criar as suas estruturas nas regiões mas que não é o caso, volvidos cerca de três anos que estão a operar no país.

“Isso significa que as duas empresas privadas grossistas de medicamentos têm enormes dificuldades de satisfazer as necessidades das nossas populações. A título de exemplo, existem centros de saúde em localidades longínquas da capital Bissau, nomeadamente a de Calak, Iemberem, Cabudú, todos no sector e Bendanda, região de Tombali que necessitam de serem abastecidos regularmente de medicamentos”, referiu.

O Inspector Geral de Saúde disse que os referidos centros sanitários quando se deparam com falta de medicamentos são obrigados a se deslocarem até  Bissau ao invéz de se dirigirem à sede da região que é Catió, porque, em muitas ocasiões, a estrutura de Cecomes naquela localidade não dispõe de stock para lhes atender.

“São situações verídicas que acontecem igualmente em todos os Centros de Saúde existentes em outras zonas longíquas do país, como Boé, Pitche, Pirada, Cambadju entre outras”, explicou.

Perguntado sobre as deligências que estão a tomar para estancar a especulação de preços de medicamentos, Benjamin Lourenço Dias disse que já têm na posse todos os documentos das denúncias dos factos, acrescentado que agora vão manter um encontro com todos os grossistas de medicamentos para depois tomarem medidas adequadas.ANG/ÂC//SG

Sociedade/Apresentada  Associação de Escritores, jornalistas, Editores e Tradutores de línguas

Bissau, 04 Ag 20 (ANG) – A Guiné-Bissau dispõe a partir desta terça-feira de uma organização de apoio aos escritores, jornalistas e editores perseguidos, presos, torturados ou exilados, denominada (PEN Guiné-Bissau) que é a abreviatura de Poets, Essayists, Novelists (poetas, enssaístas e romancistas).

De acordo com a nota distribuída à imprensa na cerimónia de apresentação pública da organização, a PEN Guiné-Bissau é uma associação sem fins lucrativos e apartidária, limitada à escritores, jornalistas, editores e tradutores de línguas nacionais, e foi criada em 2013, no congresso anual do PEN Internacional, que decorreu em Outubro de 2018, em Londres, Inglaterra.

De acordo com o documento, os objectivos do PEN Guiné-Bissau são, para além dos comuns à todos os outros ( promoção de literatura, defesa da liberdade de expressão), o aumento da literacia, facilitação do acesso ao livro, elevação do hábito e gosto pela leitura e advocacia  para a inclusão do ensino da literatura guineense no currículo escolar, tanto do ensino público como no  privado, no país.

Na ocasião, o Presidente da PEN Guiné-Bissau, Abdulai Silá disse que para que haja um desenvolvimento da literatura tem que existir a liberdade de expressão e quando este se consolida apoia o avanço da literatura.

Por isso, assegurou, a organização irá  trabalhar em defesa dos direitos humanos, em particular, no que refere a liberdade de expressão e de imprensa.

Para além disso, conforme o Presidente,   pretende-se contribuir para que a literatura tenha elevação no país, porque segundo os dados disponíveis em 2014, 15 por cento da população guineense está fora do sistema escolar, o que na opinião de Sila  “está-se a fabricar analfabetos”.

Abdulai Silá afirmou que organização está disponível para apoiar a criação de clube de leitores e promoção da escrita através da advocacia junto das autoridades para que a literatura guineense seja incluída no currículo escolar, por forma promover a boa imagem, o sentimento de pertença, da unidade nacional e da consolidação da nação guineense.

Segundo Silá  existem actualmente Centros de PEN em mais de 100 países, incluindo a Guiné-Bissau, constituída por uma rede mundial de solidariedade activa na defesa dos direitos humanos, em particular no que toca com a liberdade de expressão e de imprensa, promovendo apoios aos escritores, jornalistas e editores perseguidos, presos, torturados ou exilados.

A PEN Internacional fundada em Londres, em 1921 era, inicialmente,,constituída por escritores, mas actualmente congrega no seu seio Jornalistas, editores, tradutores e bloguistas.ANG/LPG/ÂC//SG

03 de Agosto/Presidente da Câmara Municipal de Bissau promete mudar a imagem da cidade de Bissau

Bissau, 04 Ago 20 (ANG) – O Presidente da Câmara Municipal de Bissau (CMB) prometeu esta segunda-feira devolver aos guineenses a sensação outrora vivida tornando Bissau numa cidade limpa, organizada e divertida, com construções de espaços verdes, jardins e parques de diversão.

Luís Enchama que discursava no acto da comemoração de 3 de A

gosto, Dia dos Mártires de Pindjiguiti acrescentou  que ao mesmo tempo vai exigir  aos habitantes de Bissau a comparticiparem na gestão do lixo, acto que, segundo ele, será possível através de um processo de cadastro de todas as casas, cujo o início e o término vai decorrer até o final deste ano (2020).

“Vamos proceder a construção ou reconstrução dos mercados, matadouros, parquímetros e cancelas para organizar a circulação rodoviária na cidade, deixando que estudos mais aprofundados  fornecem pistas sobre como atacar outras situações que levantam os parques anteriormente referidos”,prometeu.

Para Enchama nada é impossível quando há vontade e determinação, a partir de conhecimento da realidade,.

Acrescenta que  a CMB está para o bem estar dos cidadãos e que doravante não haverá mais lugar a pesada burocracia nem descaminho dos processos muito menos a reversão abusiva dos terrenos.

Lamentou a desorganização da cidade de Bissau com construções clandestinas, tapando ruas e vias de passagens, parques das construções nas zonas húmidas e bacias da cidade, com futuras consequenciais dramáticas que avizinha cada vez mais .

 “Enfim algo falhou e o tempo é agora de corrigirmos os erros e transformar a administração pública numa entidade de prestação de serviços de qualidade, sustentou , tendo considerado os acontecimentos do 3 de Agosto de 1959 de um acto bárbaro e desumano, motivado mais pelo menosprezo dos  homens brancos colonizadores com relação aos homens pretos que reivindicavam os habituais aumentos de salários anualmente acordados.

Enchama frisou que o acontecimento deve servir de inspiração aos governos mundiais para se promover a cultura de respeito  pelo outro, na luta para a criação de condições de bem estar social. ANG/MSC/ÂC//SG

 


   03 de Agosto//Governo promete atender  as reivindicações dos sindicatos

Bissau 04 Ago. 20 (ANG) – O ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Assuntos Parlamentares e porta-voz do Governo prometeu que o executivo liderado pelo Nuno Nabian tudo fará para atender, na medida das suas possibilidades, as reivindicações dos sindicatos, e avisa  que  não será fácil uma vez que os problemas são vastos.

“Foram 46 anos de maus hábitos, não é um dia, num mês ou num ano que um Governo consiga resolver os problemas de toda a administração pública do país, mas é preciso sim que as Centrais Sindicais continuem a exigir , acompanhar e serem parceiros do executivo na solução destes problemas”, disse Jaquité ao intervir na cerimónia alusiva as comemorações dos 61 anos do massacre dos marinheiros do cais de Pindjiguiti, realizada segunda-feira,em Bissau.

O governante afirmou que pretende com isso expressar a firme determinação em tudo fazer para que a vida dos trabalhadores ligados ao mar e outros servidores públicos seja melhorada.

Jaquité frisou que o  Governo não vé o pagamento de salários como um objectivo final, pois é apenas a obrigação do executivo, salientando que vão fazer tudo para continuar a cumprir essa missão à tempo e hora, uma vez que a conjuntura actual assim o exige.

Pediu a comprensão dos sindicatos e que tenham  em consideração os problemas que o Governo enfrenta nomeadamente  as mudanças climáticas e a crise sanitária causada pelo coronavírus que, segundo ele, podem provocar muito mais sofrimento do que já se viveu.

Falndo do acto comemorado, afirmou que o massacre de Pindjiguiti ocorrido à 3 de Agosto de 1959 deve servir aos governantes guineenses de exemplo para uma boa prática de Governação e  procura incessante da satisfação dos desejos e ambição de uma vida cada vez melhor  dos filhos da Guiné-Bissau.

Mamadu Serifo Jaquité que falava em representação do chefe de Governo

disse que a boa Governação exige de todos a ética, rigor, a verdade,  responsabilidade,  coerência e o compromisso de todos para juntos lutar para uma Guiné-Bissau melhor, renunciando a corrupção, demagogia,  manipulação,  mentira e ao nepotismo, e colocar os interesses do país acima dos partidários e pessoais.

O governante exaltou  o papel dos mártires de Pindjiquiti na independência nacional e desenvolvimento da Guiné e Cabo-Verde, mas lamentou o abandono à que os sobreviventes foram relegados .

Por seu turno, a ministra da Função Pública destacou que completou segunda-feira 61 anos desde aquele violento acontecimento que marcou  a história da Guiné-Bissau como um Povo heróico, salientando que a luta pela emancipação do Povo guineense para uma vida condigna sem exploração e opressão por um salário digno merecido começou exactamente através do movimento dos marinheiros e operários do porto de Pindjiquiti .

Para Maria Celina Tavares, as reivindicações dos marinheiros eram mais do que justa, mas a respostas da então administração colonial foi tudo menos consentânea, uma vez que, no lugar de diálogo, a tropa colonial preferiu utilizar a força com balas reais para assassinar aqueles que ousaram dizer “basta ao salário de miséria e a exploração” .

“Esse massacre foi o despertar da consciência do Povo da Guiné-Bissau sobre a imperatividade de ter que lutar, por todos os meios possíveis, na época, para assumir o seu destino. Assim foi e continua a ser até os dias de hoje”, sublinhou.

Tavares salientou que a dignificação do trabalhador guineense, ainda está a quem do desejável e que é nesta perspectiva que o Ministério que dirige está empenhado em prosseguir e executar, fielmente, o Programa do Governo e a adenda assinado com as Centrais Sindicais, de forma a dar melhores condições de vida e aos trabalhadores da administração pública da Guiné-Bissau.

 O Secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné(UNTG), Júlio Mendonça presente na cerimónia advertiu ao Governo de que a paciência das Centrais Sindicais já está no limite e que não haverá mais espaço à violação do princípio da legalidade e que todos são obrigados a mudar o paradigma da Governação do país.

Frisou que já não há tempo a perder e se querem a estabilidade governativa devem respeitar as leis, combater a corrupção em diversos níveis e pagarem as dívidas do Estado, não importa a denominação de interna ou externa.

Para Malam Li , líder da Confederação-Geral dos Sindicatos Independentes da Guiné-Bissau (CGSI-GB), um Estado que não dispõe de trabalhadores com moral altamente motivada, é um Estado vazio.

Li exige, entre outras, o pagamento das dívidas salariais em atraso aos jornalistas contratados e técnicos da comunicação social dos órgãos públicos referentes aos meses de Abril á dezembro de 2019 e de Janeiro a Julho do ano em curso.

Pediu ainda a anulação dos recrutamento do pessoal levado a cabo nas diferentes instituições do Estado sem concurso público, nomeadamente no Ministério de interior, dos Transportes e outros.

António Gomes, um dos sobreviventes do Massacre de Pindjiquiti queixou-se de  que estão abandonados à sua sorte, uma vez que só são lembrados no dia 3 de Agosto, depois disso voltam ao esquecimento.

, Gomes acrescentou que, para eles , trata-se de um dia de desgosto porque   os 57 marinheiros que foram mortos não cometeram qualquer crime. ANG/MSC/ÂC//SG

 


Diplomacia/”Cabo Verde está a trabalhar para abrir uma embaixada na Guiné-Bissau”, diz  Ministro

 

Bissau, 04 Ago 20 (ANG) -  O ministro do Estado e da Presidência do Conselho de Ministros, Fernando Elísio Freire, garantiu segunda-feira que o Governo está a trabalhar para abrir uma embaixada de Cabo Verde na Guiné-Bissau.

O governante falava aos jornalistas no final da cerimónia de inauguração das novas instalações da Embaixada da Guiné-Bissau em Cabo Verde, quando questionado sobre a possibilidade de abertura de uma representação diplomática de Cabo Verde naquele país lusófono.

“Nós, neste momento, estamos a trabalhar nesse sentido. Como sabem, há reciprocidade. Neste momento, a Guiné-Bissau está a abrir aqui a sua embaixada por impulso do Governo caboverdiano e esperamos que brevemente isso aconteça na Guiné-Bissau. Cabo Verde vai ter uma estrutura também para funcionamento da nossa embaixada”, disse.

Fernando Elísio Freire realçou a necessidade dos dois países potenciarem as suas relações de amizade e cooperação, sublinhando que, para além da Guiné-Bissau e Cabo Verde terem a mesma língua, relações consanguíneas, interesses comuns, há ainda o facto de os dois países pertencerem a espaços dinâmicos que demandam diálogo e concertação.

“Aproveitar o facto de tanto a Guiné-Bissau como Cabo Verde pertenceram ao mesmo espaço, nomeadamente CPLP, CEDEAO e a União Africana e potenciarmos isso para o reforço das relações e também das relações dos respectivos países com o mundo”, sustentou.

Por seu lado, o embaixador da ,Guiné-Bissau, M´Bala Alfredo Fernandes adiantou que é vontade do Governo da Guiné-Bissau que haja reciprocidade entre os dois países.

“Em 2018, ainda quando o actual Presidente era primeiro-ministro, ele decidiu e entendeu por bem o presidente José Mário Vaz que devíamos abrir uma embaixada em Cabo Verde, elevando o consulado geral para uma embaixada, no sentido de não só promover a integração da comunidade, mas porque há uma vontade política de haver uma concertação política entre os dois Estados, no âmbito das relações internacionais”, indicou

Neste sentido, adiantou que a Guiné espera que também, desde que estejam reunidas as condições, Cabo Verde possa abrir a sua embaixada na Guiné-Bissau para responder e a essa reciprocidade.

Sobre as novas instalações  inauguradas, sitas na rua de UCCLA, no bairro de Achada Santo António, cidade da Praia, M´Bala Alfredo Fernandes disse tratar-se de uma estrutura muito melhor para o funcionamento de uma embaixada que a Guiné-Bissau merece em Cabo Verde.

Para além de tratar de assuntos consulares, o espaço pode ainda ser utilizado pela comunidade para realização de ateliês, debate e tertúlias, convívios e ainda para exposição das peças de arte e artefactos culturais da Guiné-Bissau e Cabo Verde.

“Isto será uma casa para vender aquilo que é bom da nova imagem da Guiné-Bissau em Cabo Verde que muitos já almejavam de conhecer, pelo menos a nova geração”, disse o diplomata guineense. ANG/Inforpress

       

Covid-19/ONU pede aos países medidas para a reabertura das escolas

Bissau, 04 Ago 20 (ANG) – As Nações Unidas pediram hoje a todos países para que seja dada prioridade à reabertura das escolas sempre que haja controlo da transmissão local dos contágios de covid-19, alertando que o encerramento prolongado pode provocar uma “catástrofe geracional”.

“Vivemos um momento decisivo para as crianças e jovens de todo o mundo. As decisões que os governos venham a tomar agora vão ter um efeito duradouro em centenas de milhões de jovens, assim como nas perspectivas de desenvolvimento dos países, durante décadas”, assinalou o secretário-geral da ONU, António Guterres, através de uma mensagem em vídeo.

Guterres apresentou um relatório elaborado pela organização para analisar o impacto do encerramento das escolas, institutos e universidades e propõe recomendações aos responsáveis políticos.

De acordo com o relatório, já se verificava uma “crise na educação” no mundo, antes da pandemia de SARS CoV-2, com mais de 250 milhões de crianças que não estavam escolarizadas e, nos países em desenvolvimento, apenas uma quarta parte dos alunos do ensino secundário tinham terminado os estudos com “competências básicas”.

“Agora enfrentamos uma catástrofe geracional que pode vir a desperdiçar um potencial humano incalculável, minar décadas de progresso e exacerbar desigualdades instaladas”, disse Guterres.

A pandemia, sublinhou Guterres, causou “a maior disrupção de sempre na educação”.

Segundo dados da ONU, em meados de Julho as escolas permaneciam encerradas em mais de 160 países, o que afecta mais de mil milhões de estudantes sendo que mais de uma centena de países ainda não anunciaram as datas de reabertura.

Entre os aspectos que mais preocupam as Nações Unidas destacam-se o tempo perdido por milhões de crianças do pré-escolar, uma etapa considerada essencial, disse em conferência de imprensa a directora geral adjunto para a Educação da UNESCO, Stefnia Giannini.

A educação à distância, com aulas através da rádio, televisão ou internet, “deixa muitos alunos para trás”, avisa a ONU que destaca em especial o risco daqueles que sofrem deficiências, de comunidades minoritárias ou desfavorecidas, os deslocados, refugiados e aqueles que vivem em zonas remotas.

Assim, a pandemia está a aumentar as desigualdades na educação e ameaça desfazer rapidamente os progressos alcançados nas últimas décadas.

Perante esta situação, a ONU pede a aplicação de medidas, começando pela reabertura das escolas o mais rápido possível, uma questão que está a gerar amplos debates em vários países.

“Assim que a transmissão local de covid-19 esteja controlada é preciso devolver os alunos às escolas e aos estabelecimentos de ensino de forma segura: esta deve ser uma das prioridades fundamentais”, afirmou Guterres.

Para a ONU “é essencial encontrar um equilíbrio entre os riscos para a saúde e os riscos para a educação e protecção das crianças e ter em conta também a repercussão da situação na participação das mulheres na força do trabalho”.

Segundo o relatório, em todo este processo é fundamental consultar os pais, cuidadores, docentes e os próprios alunos.

As Nações Unidas pedem para que seja dada prioridade à educação na distribuição de fundos, protegendo e aumentando os orçamentos para a educação nas contas públicas dos respectivos países e reclama que a questão passe a estar no centro dos “esforços internacionais de solidariedade”.

A ONU pede também especial atenção aos estudantes em situação mais vulnerável e pede para que seja “aproveitada” a pandemia para se transformar os sistemas educativos através de infra-estruturas digitais, revitalizando a aprendizagem ou usando métodos de ensino mais flexíveis.

“Temos uma oportunidade geracional de recriar a educação e o ensino. Podemos dar um salto e avançar para sistemas progressistas que consigam educação de qualidade para todos, como um ‘trampolim’ para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável”, disse Guterres.ANG/Inforpress/Lusa

    Política/Presidente Sissocó nega que esteja a auferir USD 100 mil de salário

Bissau, 04 Ago 20 (ANG) - O Presidente , Umaro Sissoco Embaló, negou  segunda-feira estar a receber 100 mil dólares mensais, como salário, como denunciou o líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira.

 A partir de Portugal, onde se encontra desde o início da pandemia do novo coronavírus e através de um vídeo nas redes sociais, o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, acusou Sissoco Embaló de ter aumentado o salário mensal de Presidente da República de cerca de 30 mil dólares para 100 mil dólares.

Simões Pereira disse ser inadmissível que a Guiné-Bissau, um dos países mais pobres do mundo, tenha o Presidente a ganhar um salário superior ao do seu homólogo dos Estados Unidos de América, que afirmou aufere cerca de 24 mil dólares mensais.

No mesmo vídeo, Domingos Simões Pereira defendeu que o primeiro-ministro da Guiné-Bissau recebe um salário mensal equivalente a 60 mil dólares.

Embaló aproveitou as declarações aos jornalistas segunda-feira no Palácio da Presidência, onde recebeu a representante do secretário-geral das Nações Unidas, na Guiné-Bissau, para contrariar  as acusações de Simões Pereira, com quem disputou a segunda volta das últimas eleições presidenciais, em Dezembro passado.

Sissoco Embaló afirmou que nenhum chefe de Estado guineense auferiu um salário mensal superior a três mil dólares, mas que até gostaria de ter recursos suficientes para pagar ao Presidente da República 100 mil dólares mensais.

O chefe de Estado convidou Domingos Simões Pereira a regressar ao país "para se ocupar do seu partido, fazendo oposição construtiva" e preparar-se para daqui a cinco anos disputar novas eleições presidenciais, disse.

Embalo notou que já é o Presidente da Guiné-Bissau, eleito pelo povo, e que a campanha política já terminou, pelo que, convida todos os políticos do país a abraçarem a ideia da concórdia nacional que lançou.

Embaló afirmou ser "uma vergonha" que a Guiné-Bissau seja um país independente há cerca de 50 anos, mas que não tem estradas em condições.

Pediu aos guineenses que lhe concederem um ano de mandato para construir, pelo menos, 200 quilómetros de estradas alcatroadas.ANG/Angop

Covid-19/OMS afirma que não há solução milagrosa para lutar contra a pandemia

Bissau, 04 Ago 20 (ANG) - A  Or

ganização Mundial de  Saúde avisou na segunda-feira que não há, nem haverá uma solução milagre contra a  pandemia  de Covid-19,  não obstante  a  corrida  que se verifica actualmente   de forma  a  descobrir  uma vacina  que  seja  eficaz. 

Segundo  o  director-geral  da OMS, Dr Ghebreyesus  a  única  esperança reside nos  ensaios clínicos  que estão a decorrer.

De acordo  com Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral  da Organização Mundial de  Saúde, os ensaios clínicos de várias vacinas,  em curso, entraram  numa  terceira  fase,  mas  isso  não significa que  estão  perante a conclusão de  uma  vacina  eficaz   que  possa  bloquear  as  infecções  pelo  novo  coronavírus.

Segundo Adhanom Ghebreyesus o novo coronavírus só pode ser combatido através do  recurso persistente aos gestos  de protecção, às boas  práticas,  bem como a vontade  política dos  Estados.

''Várias  vacinas  estão   agora  na  terceira  fase  de  ensaios  clínicos.Todos nós  esperamos   ter  um  número  de vacinas eficazes , que  possam  impedir  que  as  pessoas  sejam  infectdas. Contudo  neste  momento não  existe  uma  solução milagrosa  e  talvez a mesma nunca haverá. De momento, travar os novos focos dependerá da aplicação de medidas básicas em matéria de saúde bem como do controlo de doenças.Rastreio, confinamento,  tratar os pacientes,  identificar  os seus contactos e  mantê-los em quarentena...Façam tudo isso!  Informar, capacitar e estar a escuta das populações. Façam tudo isso!  No plano individual deve-se  manter o distanciamento físico, usar  uma máscara,  lavar as mãos  regularmente e tossir fora do alcance  dos outros.Façam  tudo isso! A nossa mensagem às populações e aos governos é clara.Façam tudo isso!", disse Ghebreyesus.

De  acordo  com as últimas estatísticas  publicadas  nos  media, a  pandemia  de  Covid-19  provocou pelo menos  a morte de 689.758 pessoas no mundo, desde  o  seu início em Dezembro  de 2019.

No  dia 10  de Julho  de 2020  a  OMS enviou a China um epidemiologista, assim  como  um especialista da  saúde dos  animais para  uma  missão exploratória, antes de  uma  investigação que  deverá ser efectuada, sob a  sua  égide, sobre  as origens do novo  coronavírus, emergido  em Wuhan na China.

Segundo  Tedros  Adhanom Ghebreysus, a  referida missão concluiu o  seu trabalho  prepatório e estudos   epidemiológicos vão agora  começar, de forma  a detectar  a  fonte  potencial  de  infecção  dos primeiros casos.

 A  grande  maioria  dos  pesquisadores  concorda em  afirmar  que  o novo coronavírus  SARS-CoV-2,  na  origem  da  actual pandemia, emanou sem  dúvida  dos  morcegos,  mas os  cientistas não ponhem de lado a hipótese segundo a  qual,o  vírus  passou por uma outra espécie  antes  de  ser  transmitido aos humanos.

No  que  diz  respeito  à  evolução da  epidemia , a  América latina, tendo o Brasil como o país  mais  afectado, e as Caraíbas, são actualmente as  regiões mais infectadas  do mundo, a seguir a  Europa que regista mais de 210.000 mortos. ANG/RFI              

Guiné-Bissau/ Jornalistas vão calar-se 24 horas contra “atentado à liberdade”

Bissau, 04 Ago 20 (ANG) - O Sindicato de Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social da Guiné-Bissau promete uma “paralisação a nível nacional” de 24 horas, esta semana, para repudiar o ataque à Rádio Capital FM que classifica como “atentado à liberdade de imprensa e de expressão”.

 O objetivo é também “pressionar as autoridades para prosseguire

m com as investigações e apurarem os autores”.

Indira Baldé, presidente do Sindicato, avisa que é altura de dizer “Basta” às tentativas de silenciar os jornalistas na Guiné-Bissau.

O objectivo é fazer uma “paralisação a nível nacional” de 24 horas, esta semana, para repudiar o ataque à Rádio Capital FM, um “atentado à liberdade de imprensa e de expressão”, conta à RFI Indira Baldé, a presidente do Sindicato de Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social da Guiné-Bissau.

É uma das acções que o Sindicato de Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social da Guiné-Bissau vai levar a cabo em solidariedade com os profissionais da Rádio Capital FM, vandalizada na semana passada por pessoas ainda não identificadas. É também uma forma de pressionar as autoridades para prosseguirem com as investigações para apurarem os autores morais e materiais deste acto que consideramos um atentado à liberdade de imprensa e de expressão na Guiné-Bissau, explica.

Indira Baldé sublinha que “é o momento de dizer ‘Basta’”: “Há uma vontade dos profissionais da comunicação social em aderir a esta iniciativa porque sentiram que a nossa profissão e a nossa vida estão em causa. Então, os profissionais da comunicação social guineense estão mesmo mobilizados para aderir a esta paralisação. É a única forma de manifestarmos o nosso repúdio quanto a este acto que aconteceu com a Rádio Capital FM. Aconteceu com a Capital, não sabemos, daqui a uns tempos, que radio será uma outra vítima, não sabemos quem será a próxima vítima. Então, é o momento de levantarmos e dizermos ‘Basta’.

A presidente da Sinjotecs acrescenta :“Esta manifestação vai ter reacção porque o próprio povo guineense sentiu que estão a ser limitados os seus direitos, o direito de expressão. Pensamos que se os profissionais da comunicação social começarem com esta luta, vamos ter a solidariedade do povo guineense porque isso já foi demonstrado no dia em que a Rádio Capital sofreu aquele assalto.”

A presidente do Sindicato de Jornalistas não tem medo que a acção venha a ter represálias porque se está a manifestar o direito de fazer um jornalismo livre na Guiné-Bissau sem algum condicionalismo”. Perante a crise político-institucional que tem abalado o país, “jornalismo livre” é possível? “Temos que lutar para isso”, disse.

Porém, Indira Baldé admite que o panorama da comunicação social “está a ser um bocadinho difícil”, há medo e autocensura.

O panorama está a ser um bocadinho difícil porque - com as declarações do Presidente da República, há semanas, de avançar com a possível instalação de algum aparelho para controlar as informações via rádio ou online, - algumas pessoas estão com medo. Há algum medo e isto não é bom, é uma forma de intimidar indirectamente os profissionais da comunicação social, é uma forma de tentar criar um sentido de autocensura. Há algum medo de algumas pessoas em fazer o trabalho. Mas vamos lutar. Não há nada que se consegue de bandeja, a vida é uma luta e vamos lutar para isso,”referiu. ANG/RFI

                Argélia/Justiça pede quatro anos de prisão para jornalistas

Bissau, 04 Ago 20 (ANG) - O Ministério Público argelino requereu na segunda-feira quatro anos de prisão efectiva para o jornalista independente Khaled Drareni, um símbolo do combate pela liberdade de expressão na Argélia, e dois co-acusados, no início do seu processo em Argel.

De acordo com fonte judicial citada pela agência noticiosa AFP, o procurador do tribunal de Sidi M'hamed pediu quatro anos de prisão efectiva e uma pesada pena dirigida aos três acusados, e ainda a privação dos seus direitos cívicos.

"Preocupante e chocante! Quatro anos de prisão efectiva requeridos pelo procurador da República contra o nosso correspondente na Argélia", protestou num tweet a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que apelou à sua absolvição imediata.

Drareni, 40 anos, dirige o 'site' informativo digital Casbah Tribune e trabalha como correspondente na Argélia da cadeia televisiva francesa TV5Monde e dos RSF, uma organização não governamental (ONG).

O jornalista foi acusado por "incitamento a uma concentração não armada e atentado à integridade do território nacional", após ter efectuado a cobertura jornalística no início de Março em Argel de uma manifestação do 'Hirak', o movimento de constatação popular anti-regime que durante mais de um ano desafiou o poder, até à sua recente suspensão devido à pandemia de covid-19.

O jornalista é julgado por videoconferência desde o centro penitenciário de Kolea, perto de Argel, onde permanece em prisão preventiva desde 29 de Março.

No decurso da audiência, rejeitou as acusações, assegurando que fez o seu trabalho "na qualidade de jornalista independente", de acordo com a AFP.

Drareni está a ser julgado em companhia de duas figuras do 'Hirak', Samir Benlarbi e Slimane Hamitouche, igualmente detidos em 07 de Março em Argel, e que estavam presentes na sala do tribunal.

Apesar de terem sido indicados pelos mesmos motivos, estes dois activistas beneficiaram em 02 de Julho de uma medida de liberdade provisória, enquanto Drareni foi mantido na prisão.

As detenções de jornalistas multiplicaram-se nos últimos meses na Argélia, as mais recentes dirigidas a um correspondente e um operador de câmara da cadeia televisiva France 24, libertados na quarta-feira após serem detidos na terça-feira.

Outros jornalistas estão na prisão e com os processos em curso.

A Argélia figura no 146.º lugar na classificação mundial de liberdade de imprensa 2020 estabelecida pelos RSF, e que engloba 180 países.ANG/Angop