COP16/Secas custam quase 300
bilhões de euros por ano, alerta ONU
Bissau, 03 Dez 24 (ANG) - As secas custam quase € 300
bilhões por ano em todo o mundo, alerta a ONU nesta terça-feira (3), no segundo
dia da COP16 sobre a desertificação.
Relatório das Nações Unidas pede investimentos
urgentes em soluções baseadas na natureza, como a reflorestação.
As secas, exacerbadas
pelas mudanças climáticas e pela gestão insustentável dos recursos
hídricos e dos solos, devem afetar 75% da população mundial até 2050, de acordo
com o relatório da ONU publicado nesta terça-feira, intitulado "Economia
da seca: investir em soluções baseadas na natureza para a resiliência diante
das secas".
O balanço ilustra como essas soluções baseadas na natureza, como
a "reflorestação" ou a "gestão dos pastos", podem reduzir
as perdas e aumentar a renda agrícola, ao mesmo tempo em que oferecem
benefícios climáticos e ambientais.
Um estudo de 2020 publicado na revista científica Global Change Biology já
havia concluído que "as intervenções baseadas na natureza são
frequentemente tão eficazes, ou até mais eficazes", em 59% dos casos,
"do que outras intervenções para combater os efeitos das mudanças
climáticas".
O ano de 2024, que
certamente será o mais quente já registrado na Terra, foi marcado por várias
secas devastadoras no Mediterrâneo, no Equador, no Brasil, no Marrocos, na
Namíbia e no Malawi, causando incêndios, escassez de água e alimentos.
O custo das secas "vai além das
perdas agrícolas imediatas, afetando toda a cadeia de suprimentos, reduzindo o
Produto Interno Bruto (PIB), impactando os meios de subsistência e gerando
problemas a longo prazo, como fome, desemprego e migração", destacou Kaveh
Madani, coautor do relatório e diretor do Instituto Universitário das Nações
Unidas para a Água, o Meio Ambiente e a Saúde (UNU-INWEH).
"Gerir nossas terras e recursos
hídricos de maneira sustentável é essencial para impulsionar o crescimento
econômico e fortalecer a resiliência das comunidades presas em ciclos de
seca", afirmou Andrea Meza, secretária executiva adjunta da Convenção das
Nações Unidas de Combate à Desertificação (CNULCD).
Sua organização é responsável por
organizar a COP16, que está ocorrendo esta semana em Riade, na Arábia Saudita.
"Enquanto as discussões para uma decisão histórica sobre a seca estão em andamento, o relatório pede aos líderes globais que reconheçam os custos excessivos e evitáveis das secas e utilizem soluções proativas e baseadas na natureza para garantir o desenvolvimento humano dentro dos limites planetários", explicou Meza. ANG/RFI/AFP
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