sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Síria/Regime de Bashar al-assad perde cidades estratégicas e mostra sinais de fraqueza diante de ofensiva rebelde

Bissau, 06 Dez 24 (ANG) - Os rebeldes liderados por radicais islâmicos entraram na cidade estratégica de Hama, no centro da Síria, na quinta-feira (5), após duras batalhas com o Exército do presidente Bashar al-Assad, que admitiu a derrota.

Hama é a segunda cidade que a coligação rebelde liderada pelos extremistas islâmicos da Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ou Organização de Libertação do Levante, toma em uma semana. Aleppo, a segunda cidade do país, caiu no domingo.

Os combatentes “entraram em vários bairros da cidade de Hama, onde ocorrem batalhas na rua com as forças do regime”, afirmou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

O Exército sírio admitiu ter perdido o controle da cidade e indicou que suas forças tinham se “redistribuído” fora de Hama. Localizada 210 km ao norte de Damasco, a cidade é estratégica para o governo de Bashar al-Assad, porque controla a estrada para a capital.

O OSDH informou na manhã desta quinta-feira que “fortes” combates entre rebeldes e o Exército sírio estavam acontecendo em Hama, e que tinha enviado reforços para a cidade.

O líder dos rebeldes sírios e do HTS, Abu Mohammed al-Jolani, prometeu que “não haverá vingança” após a captura de Hama, onde o Exército exterminou a rebelião da Irmandade Muçulmana em 1982. “Peço a Deus Todo-Poderoso que esta seja uma conquista sem vingança”, disse Jolani em uma mensagem de vídeo transmitida no canal Telegram dos rebeldes, depois de anunciar que os seus combatentes tinham entrado em Hama “para fechar a ferida aberta há 40 anos”.

Na quinta-feira, os rebeldes também anunciaram que tinham tomado a prisão de Hama e libertado centenas de detidos. “As nossas forças entraram na prisão central de Hama e libertaram centenas de prisioneiros detidos injustamente”, anunciou Hassan Abdel Ghani, líder militar da coligação rebelde liderada pelo HTS, no Telegram.

A Rússia e o Irã, principais aliados de Damasco, e a Turquia, um grande apoio dos rebeldes do reunidos no grupo Exército Nacional Sírio, estão em “contato próximo” para estabilizar a situação, afirmou a diplomacia russa em 4 de dezembro.

Por sua vez, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, alertou contra o ressurgimento do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria, onde o grupo jihadista se autoproclamou um “califado” em 2014, antes de ser derrotado vários anos depois.

Os temores surgem porque, quando fundado em 2017, o HTS era o braço sírio do Estado Islâmico.

Os confrontos desencadeados desde o início da ofensiva rebelde são os primeiros desta magnitude desde 2020. A Síria foi devastada por uma guerra civil que deixou meio milhão de mortos desde 2011, e que dividiu o país em várias zonas de influência, com grupos apoiados por diferentes potências estrangeiras.

Desde o início da ofensiva rebelde, em 27 de novembro, os combates e os bombardeios deixaram mais de 727 mortos, incluindo 111 civis, segundo o OSDH, com sede no Reino Unido, mas que tem uma vasta rede de fontes na Síria.

A ONG Human Rights Watch (HRW) manifestou preocupação com os riscos para os civis e acusou os grupos rebeldes ​​de violações dos direitos humanos.

O vice-coordenador humanitário regional da ONU para a Síria, David Carden, disse à AFP que mais de 115 mil pessoas foram deslocadas em uma semana de combates.

A agência alemã DPA anunciou a morte de dos seus fotógrafos, Anas Alkharboutli, em  ataque aéreo perto de Hama.ANG/RFI/ e AFP

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