Argélia/Justiça pede quatro anos de prisão para jornalistas
Bissau, 04 Ago 20 (ANG) - O Ministério Público argelino requereu na
segunda-feira quatro anos de prisão efectiva para o jornalista independente
Khaled Drareni, um símbolo do combate pela liberdade de expressão na Argélia, e
dois co-acusados, no início do seu processo em Argel.
De acordo com fonte judicial citada pela
agência noticiosa AFP, o procurador do tribunal de Sidi M'hamed pediu quatro
anos de prisão efectiva e uma pesada pena dirigida aos três acusados, e ainda a
privação dos seus direitos cívicos.
"Preocupante e chocante! Quatro
anos de prisão efectiva requeridos pelo procurador da República contra o nosso
correspondente na Argélia", protestou num tweet a organização Repórteres
Sem Fronteiras (RSF), que apelou à sua absolvição imediata.
Drareni, 40 anos, dirige o 'site'
informativo digital Casbah Tribune e trabalha como correspondente na Argélia da
cadeia televisiva francesa TV5Monde e dos RSF, uma organização não
governamental (ONG).
O jornalista foi acusado por
"incitamento a uma concentração não armada e atentado à integridade do
território nacional", após ter efectuado a cobertura jornalística no
início de Março em Argel de uma manifestação do 'Hirak', o movimento de
constatação popular anti-regime que durante mais de um ano desafiou o poder,
até à sua recente suspensão devido à pandemia de covid-19.
O jornalista é julgado por
videoconferência desde o centro penitenciário de Kolea, perto de Argel, onde
permanece em prisão preventiva desde 29 de Março.
No decurso da audiência, rejeitou as
acusações, assegurando que fez o seu trabalho "na qualidade de jornalista
independente", de acordo com a AFP.
Drareni está a ser julgado em companhia
de duas figuras do 'Hirak', Samir Benlarbi e Slimane Hamitouche, igualmente
detidos em 07 de Março em Argel, e que estavam presentes na sala do tribunal.
Apesar de terem sido indicados pelos
mesmos motivos, estes dois activistas beneficiaram em 02 de Julho de uma medida
de liberdade provisória, enquanto Drareni foi mantido na prisão.
As detenções de jornalistas
multiplicaram-se nos últimos meses na Argélia, as mais recentes dirigidas a um
correspondente e um operador de câmara da cadeia televisiva France 24,
libertados na quarta-feira após serem detidos na terça-feira.
Outros jornalistas estão na prisão e com
os processos em curso.
A Argélia figura no 146.º lugar na
classificação mundial de liberdade de imprensa 2020 estabelecida pelos RSF, e
que engloba 180 países.ANG/Angop
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