Portugal/Escritores de língua portuguesa mobilizam-se contra o racismo e o populismo
Bissau, 19 Ago
20 (ANG) - Perto de 200 escritores de Portugal e dos restantes países de língua
portuguesa assinaram uma carta aberta em que denunciam o populismo e as
manifestações de racismo e xenofobia a que se tem assistido ultimamente em
Portugal, designadamente o recente assassinato do actor de origem guineense,
Bruno Candé.
Nesta carta, autores como Mia Couto, José Eduardo Agualusa, Chi
co Buarque e muitos outros pedem que a comunicação social e os meios universitários assim como o poder político tomem medidas para combater activamente as expressões de ódio.Entre os subscritores da carta, a RFI
falou com a escritora, activista dos Direitos Humanos e antiga Ministra da
Educação de Cabo Verde, Vera
Duarte mas igualmente com a romancista portuguesa Lídia Jorge.
Ambas analisaram a situação vivenciada em
Portugal e explicitaram o que é pedido na acarta aberta cujo conteúdo se publica
na íntegra abaixo:
“Nós, escritores portugueses e de língua
portuguesa, estamos, por ofício, cientes do poder da palavra. E do poder da sua
omissão também. Conhecemos os custos de dar palco ao que, em circunstâncias normais,
não mereceria uma nota de rodapé. Pondo em cena aquilo que não é de cena –
aquilo que é, e não só etimologicamente, obsceno”, referem na carta..
Ainda nessa messiva reiteraram:”Preferimos
correr esse risco face às circunstâncias vividas em Portugal, que
consideramos graves e inquietantes, nos domínios do racismo, do populismo, da
xenofobia, da homofobia, das emoções induzidas, da confusão destas com ideias
e, em geral, de tudo aquilo que de mais repugnante pode emergir de uma
sociedade em crise e em estado de medo.
Temos de reagir antes que seja tarde. E
usar as palavras contra o insidioso ataque à democracia, ao multiculturalismo,
à justiça social, à tolerância, à inclusão, à igualdade entre géneros, à
liberdade de expressão e ao debate aberto”, lê-se na carta.
Os escritores fecharam a carta com os dizeres “......como sempre nos mostrou a História, quem adormece em democracia acorda em ditadura”.ANG/RFI
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