Moçambique/incêndio criminoso no semanário Canal de Moçambique
Bissau, 25 Ago 20 (ANG) - Ainda não são conhecidas as causas do incêndio que deflagrou na noite de 23 de Agosto, nas instalações do semanário independente Canal de Moçambique e do diário digital CanalMoz.
A polícia garante estar a investigar o caso, mas a direcção do jornal critico ao regime, não tem duvidas de que se trata de fogo posto, numa acção deliberada para acabar com a liberdade de imprensa.
Na noite de domingo, 23 de Agosto, um grupo de
pessoas ainda não identificadas incendiou a redacção do semanário
independente Canal de Moçambique e do diário digital CanalMoz em Maputo, bidões
de combustível foram encontrados no local.
De acordo com o editor executivo do Canal de
Moçambique, Matias Guente,
há mão criminosa.
“Provavelmente há-de ser pela linha editorial do jornal, como
deve imaginar, pela forma interventiva do jornal, há muita gente que se sente incomodada com o
conteúdo, que tem sido publicado e não temos a mínima dúvida
de que isso é um brutal ataque a
liberdade de imprensa”
A porta-voz da polícia na cidade de Maputo, Minoria Petissone revela que o
caso está já em investigação.
"Da análise preliminar houve danos materiais
avultados mas sem nenhum dano humano. A polícia solicitou uma brigada técnica para efectuar um exame local e
apurar as causas do incêndio. A equipa neste momento está a trabalhar
com vista a esclarecer o sucedido”.
As condenações fazem-se ouvir contra este atentado ao
jornal Canal de Moçambique ocorrido num dia em que o jornalista e activista Armando Nenane também
foi detido pela polícia nas imediações da sua residência por razões
ainda desconhecidas.
O MISA-Moçambique considera
que se está perante um “ataque”
que “nunca deve ser visto de forma
isolada”, pois faz parte de “forças mais retrógradas da sociedade,
para reverter o processo democrático em Moçambique” e exige que as
autoridades ajudem a esclarecer a ocorrência e responsabilizar os autores.
Para Ernesto Nhanale, director
executivo do MISA-Moçambique, trata-se de um "ataque contra a liberdade de expressão
em Moçambique".
Igualmente indignado, o presidente da Renamo, Ossufo Momade, principal
partido de oposição em Moçambique, manifestou solidariedade ao semanário
Canal de Moçambique pelo incêndio, considerando que se trata de um "grave ferimento à democracia".
O Centro
para a Democracia e Desenvolvimento - CDD - organização da
sociedade civil moçambicana, considerou hoje um "atentado contra a liberdade de imprensa" o incêndio,
provocado por fogo posto, na redação do Canal de Moçambique e qualificou os
seus autores de mal-feitores.
Também o diretor do Centro de Integridade Pública - CIP - em Moçambique, Edson Cortez lamenta o que
segundo ele, pode configurar uma tentativa
de silenciamento das vozes críticas.ANG/RFI
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