Caso ministro dos Transportes/Governo diz que despacho do juiz é “tentativa de descredibilizar o executivo”
Bissau, 31 Ago 20 (ANG) – O
Governo chamou ao despacho do juiz que
mandou prender o Ministro dos Transportes e Comunicações “uma tentativa de
humilhar um cidadão nacional no exercício de funções políticas ,descredibilizar
o Executivo e colocar em causa a colaboração e cooperação que deve presidir a relação
entre órgãos de soberania”.
Em causa está o ministro dos Transportes e Comunicações
, Jorge Mandinga, que sob alegada tentativa de abstrução a Justiça foi objecto de um mandado de detenção por parte de um juiz, por este ter, alegadamente, ordenado a soltura de um navio sob processo judicial.
Em comunicado,o executivo diz
que ordem de detenção é ilegal, desproporcional e que não se enquadra às
necessidades processuais que o autor da ordem de detenção pretende acautelar.
“E diante de tudo isso ,há fortes indícios de
ter havido abuso do poder e a prevaricação ,condutas previstas e puníveis no
Código Penal Guineense ,por isso o Governo quer lembrar que ninguém esta em
cima da lei ,o que significa que os atos de todos os órgãos de soberania devem
ter como fundamento e limite dos preceitos legais”,lê-se no comunicado.
Na nota o executivo sustenta que ,”se é verdade que a justiça deve manter a
sua autonomia e independência vis-a -vis aos outros órgãos da soberania ,não é
menos verdade que o governo ,enquanto órgão administrativo supremo da
Guiné-Bissau ,no exercício da função administrativa que lhe é confiada pela
Constituição ,pode tomar decisões e praticar atos de gestão administrativa sem
interferência de outros órgãos de soberania “.
Assim ,segundo o comunicado
governamental, a decisão do Governo através do Ministério dos Transportes e
Comunicações ,não pretende obstruir a realização da justiça e muito menos usurpar
as funções do tribunal , ela visa tão só ,no âmbito da função administrativa
,acautelar avultados prejuízos que o país estaria sujeito se o navio em causa
não descolasse do porto de Bissau.
“Designadamente ,a paragem
da exportação de 600 contentores de castanha de cajú já embarcados ,numa altura
em que a crise sanitária provocada pela Covid-19 despoletou outras crises
,nomeadamente ,económico-financeira que o país está a enfrentar”,acrescenta o
executivo .
No comunicado o executivo fez
questão de salientar que tal como o as decisões administrativas ,as decisões
judiciais também são recorríveis .Se assim é,e não tendo a decisão judicial no
caso em concreto transitado em julgado ,o Governo aguarda que o processo siga o
seu curso normal nos tribunais superiores e que o Ministério Público ,enquanto o
único titular da acção penal ,abra o competente procedimento criminal com vista
a investigar os actos de todos os intervenientes neste processo ,que possam
preencher algum tipo criminal legalmente consagrado.
O Governo declara no comunicado que continuará a orientar a sua actuação na
defesa dos direitos e interesses dos guineenses assim como na criação de
condições para que o poder judicial exerça a sua função com total independência
e autonomia face aos outros órgãos
de soberania,mas também de interesses
alheios à vontade do povo. ANG/MSC//SG
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