Política/PAIGC condena posição da CEDEAO em saudar a nova maioria parlamentar que suporta o Governo
Bissau, 24 Ago 20 (ANG) -O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC) repudiou a posição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) em reconhecer o governo liderado por Nuno Gomes Nabian, que diz ter sido imposto pelo uso da força.
Segundo um comunicado à
Imprensa do secretariado Nacional dos libertadores à que a ANG teve acesso, o
partido manifestou o seu desagrado pelo facto de a CEDEAO ter saudado a
existência de uma nova maioria no parlamento da Guiné-Bissau, “mesmo conhecendo
o contexto e as circunstâncias dessa suposta maioria”.
A saudação da CEDEAO consta na
resolução final da Cimeira do dia 20 de corrente mês dedicada exclusivamente à
crise política no Mali.
“A CEDEAO insiste em tentar
legitimar na Guiné-Bissau um governo instituido pela força, em violação da
Constituição da República e das leis, mas este posicionamento ignora todos os
processos que deviam ser feitos na base das normas”, refere o documento.
Na nota, o PAIGC refere que
o reconhecimento de um Presidente autoproclamado e de um governo imposto pelo
uso da força por parte da CEDEAO colide
com princípios basilares que regem um Estado de Direito Democrático e viola o estituído na Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, o seu tratado
comunitário e o Protocolo Adicional de Dezembro de 2001 que genericamente todos
advogam confortar os povos africanos em prol de uma governação.
“Infelizmente, esta abertura
para uma solução política justa capaz de garantir a estabilidade política na
Guiné-Bissau, não encontrou o eco junto da CEDEAO , fazendo com que o país corra
o risco de mergulhar numa profunda crise política, semelhante à dos anos
2015/2019, com consequências imprevisíveis para o país e para a sub-região”, refere
o comunicado.
No mesmo documento o PAIGC denuncia a tentativa de alguns chefes
de Estado de países membros da CEDEAO, de impôr a sua agenda na Guiné-Bissau
contra os interesses do povo guineense, tendo, em jeito de alerta, referido que
o reconhecimento de um poder conquistado pelo uso da força e violência tem os seus riscos no que tange
a consolidação da paz e estabilidade
política.
O PAIGC denunciou igualmente
a violação sistemática dos Direitos Humanos, a repressão e a violência contra
Cidadãos indefesos, bem como a perseguição dos membros daquele partido e
recrudescimento do tráfico de drogas, devido a ligações obscuras do actual
regime com o mundo do crime organizado.
Na nota, o PAIGC apela a
Comunidade Internacional à promover esforços concertados com vista a assegurar
o restabelecimento da ordem constitucional e a garantir a estabilidade política
no país, tendo apelado igualmente os seus militantes e simpatizantes, bem como
a população em geral no sentido de não desistirem da luta para a reposição da
ordem constitucional.
A nova maioria parlamentar que possibilitou a aprovação do Programa do Governo com 55 votos, foi possível devido a coligação entre o Madem-G15, o PRS e o APU-PDGB, e a colaboração de quatro deputados do PAIGC, que, a revelia das orientações da direcção do partido, decidiram votar sim ao Programa de Governo de Nuno Nabian com 55 votos à favor, um contra e zero abstenção. ANG/AALS/ÂC//SG
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