Covid-19/Argentina vai produzir e México distribuir vacina de Oxford na América Latina, à excepção do Brasil
Bissau, 13 Ago 20 (ANG) – A Argentina vai
produzir e o México distribuir a vacina de Oxford contra a covid-19 na América
Latina, à excepção do Brasil, anunciou na quarta-feira o Presidente argentino.
“Para a América Latina,
excepto o Brasil, os responsáveis pela rede de produção serão a Argentina e o
México. O México será o responsável por completar o processo de produção, por
embalar a vacina e por toda a distribuição, que será de forma equitativa, de
acordo com os pedidos dos governos latino-americanos”, declarou Alberto
Fernández, em conferência de imprensa.
O laboratório
anglo-sueco AstraZeneca, responsável pela produção da vacina contra o novo
coronavírus (SARS-CoV-2) desenvolvida pela Universidade britânica de Oxford,
assinou um acordo com a Fundação Carlos Slim para produzir entre 150 e 250
milhões de doses, disponível durante o primeiro semestre de 2021, a um custo de
entre três e quatro dólares (entre 2,5 e 3,4 euros) por dose.
Embora tenha um
laboratório em Buenos Aires, o AstraZeneca fechou um acordo com outro
laboratório argentino, o Mabxience, melhor preparado para a transferência de
tecnologia e imediata produção da vacina que está na fase III, a última dos
testes.
“Isso põe a Argentina
num lugar de tranquilidade. De poder contar com a vacina em tempo oportuno e em
quantidade suficiente para poder cobrir a procura de forma imediata”, disse
Fernández.
O acordo permite que a
Argentina tenha “um acesso entre seis a 12 meses mais rápido” à vacina,
indicou.
“Uma das preocupações
que sempre tivemos era a de poder garantir, na hora em que a vacina estivesse
pronta, que a Argentina não tivesse de esperar e que tivesse acesso o mais
rápido possível a essa vacina”, disse.
A Fundação Slim, do
empresário mexicano Carlos Slim, líder em telecomunicações móveis na América
Latina, vai financiar a produção, mesmo durante a fase de testes.
“A Fundação Slim
permitiu que possamos ter acesso a essa vacina a preços muito mais do que
razoáveis, entre três e quatro dólares [entre 2,5 e 3,4 euros] a dose”,
considerou Fernández, embora o custo seja mais elevado do que o previsto no
Brasil.
O laboratório
AstraZeneca vai transferir procedimentos e o antígeno para que o laboratório
argentino Mabxience possa produzir, em grande escala, a substância activa da
vacina.
“É um imenso desafio
para a indústria nacional e para nós é um reconhecimento da qualidade dos
laboratórios argentinos”, apontou.
Fernández acrescentou
que o laboratório AstraZeneca prevê uma procura de 230 milhões de doses na
América Latina, com excepção do Brasil.
Em 31 de Julho, o
Ministério da Saúde brasileiro anunciou um acordo entre a AstraZeneca e a
fábrica de vacinas Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro,
para a produção de 100 milhões de doses a um custo inicial de 2,30 dólares
(1,95 euros) que desce para dois dólares (1,69 euros) nos lotes posteriores.
O valor no Brasil, em
que o projecto vai custar ao Estado brasileiro mais de 290 milhões de euros,
representa cerca de metade do custo inicial do projecto na restante América
Latina.
Resultados preliminares
mostraram eficácia para a vacina de Oxford, já no último estágio de testes, a
fase III, aplicada actualmente no Reino Unido, no Brasil, na África do Sul e,
em breve, nos Estados Unidos. O projecto Oxford é considerado o mais avançado
pela Organização Mundial da Saúde.
Tanto na Argentina
quanto no Brasil, a substância activa deve chegar em Novembro ou Dezembro e o
primeiro lote comercial poderá estar disponível em Janeiro ou Fevereiro.
“É uma grande notícia
que México e Argentina sejam os pontos de referência para a produção da vacina
e que possamos trazer uma solução ao continente”, afirmou Alberto Fernández.
A pandemia de covid-19
já provocou mais de 743 mil mortos e infectou mais de 20,3 milhões de pessoas
em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa
AFP.
Depois de a Europa ter
sucedido à China como centro da pandemia em Fevereiro, o continente americano é
agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes. ANG/Inforpress/Lusa
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