quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Serra Leoa/Validados estudos técnicos preliminares sobre Corredor Praia-Dacar-Abidjan

Bissau, 17 Set 25 (ANG) - Os estudos técnicos preliminares inerentes ao desenvolvimento do Corredor Praia-Dakar-Abidjan foram validados durante a 4ª reunião do Comitê Diretor Ministerial deste projeto, realizada recentemente em Freetown (Serra Leoa).

Ao mesmo tempo, o referido Comitê Ministerial definiu os próximos passos para a concretização desta infraestrutura estratégica da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), informou a Agência de Imprensa da Costa do Marfim (AIP) na terça-feira, citando um comunicado de imprensa da CEDEAO.

Esta reunião também foi uma oportunidade para os ministros presentes analisarem a ratificação do tratado por determinados estados-membros, as opções de financiamento, incluindo parcerias público-privadas, bem como o quadro institucional e jurídico do projeto.

Recorde-se que o Corredor Praia-Dakar-Abidjan visa ligar as capitais e zonas portuárias de oito países-membros (Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Senegal e Serra Leoa), graças a uma combinação de ligações rodoviárias, ferroviárias e marítimas.

Considerado um pilar importante da integração da África Ocidental, este projeto visa facilitar a livre circulação de pessoas e mercadorias, reduzir os custos de transporte e estimular o comércio intra-regional. ANG/FAAPA

Médio Oriente/Israel abre nova rota durante 48 horas para evacuar Cidade de Gaza

Bissau, 17 Set 25(ANG) – Israel vai abrir hoje, às 12:00 (10:00 em Lisboa), e durante 48 horas, uma segunda estrada que atravessa a Faixa de Gaza, para obrigar a população a abandonar a Cidade de Gaza.


"Poderão viajar pela autoestrada Salah al-Din e depois continuar para sul a partir de Wadi Gaza [centro]", lê-se num comunicado do porta-voz do exército de Israel em árabe, Avichay Adraee, na rede social X.

Salah al-Din atravessa a Faixa de Gaza de norte a sul, no leste do enclave, paralelamente à fronteira com o território israelita. A outra rota já aberta, a autoestrada Rashid, também atravessa todo o enclave, mas no oeste, em paralelo com a costa.

No entanto, a maioria dos refugiados encontra-se no oeste da Cidade de Gaza, em acampamentos à beira-mar, para onde o exército israelita lhes ordenou que se deslocassem, à medida que a ofensiva na zona avança a partir de leste e norte.

Questionado pela agência de notícias EFE se as forças armadas vão garantir algum tipo de percurso seguro do oeste da Cidade de Gaza para leste, para que a população possa chegar à estrada Salah al-Din, Adraee não comentou.

O porta-voz do exército de Israel disse que esta rota permanecerá aberta até sexta-feira, às 12:00 (10:00 em Lisboa).

Na terça-feira, depois de o exército israelita ter iniciado uma operação terrestre na capital e após um mês de intensos bombardeamentos contra a população, milhares de pessoas dirigiram-se para a autoestrada Rashid para tentar fugir aos ataques.

No entanto, tal como em Agosto, a estrada estava congestionada com veículos e pessoas que transportavam os pertences a pé, tentando escapar.

Quando a EFE fez o mesmo percurso no sábado, demorou cinco horas a percorrer os cerca de 25 quilómetros que separam as praias de Mawasi (sul) das da Cidade de Gaza (norte).

A sobrelotação da rota, somada aos preços exorbitantes de tudo o que envolve a viagem e à falta de espaço na área designada pelo exército para os refugiados em Mawasi, além do cansaço após mais de dois anos de constantes evacuações, estão a levar muitos a regressar à Cidade de Gaza ou a simplesmente não partir.

Embora o exército estime que cerca de 350 mil pessoas tenham deixado a capital desde meados de Agosto, os dados divulgados pelo Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários estimam o número em cerca de 150 mil.

Uma comissão independente da ONU, relatores de direitos humanos, organizações internacionais e um número crescente de países descreveram como genocídio a ofensiva militar de Israel contra a Faixa de Gaza, na qual morreram quase 65 mil pessoas, em resposta aos ataques do movimento islamita palestiniano Hamas contra solo israelita, a 07 de Outubro de 2023.

ANG/Inforpress/Lusa

Cooperação /“Não podemos combater a pobreza sem a paz, estabilidade e segurança”, diz PR de Burundi

Bissau, 17 Set 25 (ANG) – O Presidente da República de Burundi afirmou que não é possível combater a pobreza sem paz, estabilidade e segurança.

Évariste Ndayishimiye falava, terça-feira, numa palestra com os estudantes da Universidade Amílcar Cabral, subordinado ao tema: “Juventude, Paz e Segurança”.

O chefe de Estado burundês disse que, na qualidade do designado pela União Africana para Agenda de Juventude e Paz Africana, é uma honra debater com os jovens académicos os assuntos ligados ao desenvolvimento, porque amanhã serão comandantes para o desenvolvimento.

Apela aos jovens  para  trabalharem para a preservação da paz e estabilidade, para  recusarem  solicitações de  políticos que querem desestabilizar o país, porque “não há nada  superior  a paz”.

“Os nossos antepassados não morriam de fome como acontece hoje, não disputavam  cargos de poder, sabiam criar riquezas, preparar as crianças para um futuro melhor”, enalteceu, sublinhando que hoje  as pessoas querem uma vida melhor sem esforços, esquecendo que não se pode vencer a pobreza sem suor.

Évariste Ndayishimiye afirmou que quando se conquista algo sem dificuldade é um triunfo  feito sem gloria, razão pela qual se  deve lutar para vencer a pobreza.

Informou que liderou uma campanha no Burundi, subordinado ao lema: “Todos têm que Comer e Todos têm  que ter dinheiro no bolso”, e diz,   “para ter a  comida é preciso trabalhar e para trabalhar é preciso que haja  segurança e paz, caso contrário não é possível”.

De acordo com o chefe de Estado do Burundi,  que hoje termina uma visita de três dias ao país,  quer dizer que antes de tudo, deve-se procurar a paz , estabilidade e  segurança para criação de riqueza.

Afirmou estar muito contente porque em Burundi existe um grupo de jovens que se ocupa da limpeza, e que antes de 2020 os universitários não participavam na limpeza, mas hoje são exemplares, porque o dinheiro não tem cheiro e para eles o importante é ter recursos para sustentar as suas necessidades.

“Cada um entre vocês está a pensar na sua vida futura, vejo com amargura jovens africamos que se lançam ao mar em busca de melhores condições de vida na Europa”, lamentou, tendo encorajado aos jovens guineenses a terem  a esperança, porque em cada desafio existe uma oportunidade. ANG/LPG/ÂC//SG

Comunicação social/”Expulsão de jornalistas da Lusa e RTP da Guiné-Bissau foi totalmente injustificada”, defende a União Europeia

Bissau, 17 Set 25(ANG) - A Alta Representante da União Europeia (UE) para a diplomacia defendeu que a expulsão das equipas da Lusa e da RTP da Guiné-Bissau foi "totalmente injustificada", demonstrando preocupação com a situação no país com "eleições a caminho".

"A expulsão dos jornalistas foi totalmente injustificada, especialmente quando há eleições a caminho", disse Kaja Kallas, em entrevista à agência Lusa, acrescentando que "órgãos de comunicação social livres e independentes são a pedra basilar de qualquer democracia".

A Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança acrescentou que "estes desenvolvimentos são muito preocupantes", em particular numa altura em que o bloco político-económico está "a aumentar a cooperação com a Guiné-Bissau em várias áreas, como as pescas e as migrações".

"Precisamos de olhar para estes problemas, se não forem na direção certa, será um retrocesso complicado", sustentou.

Questionada sobre a possibilidade de aplicar sanções ao Governo da Guiné-Bissau, na eventualidade de uma degradação contínua da situação democrática e político-social do país, Kaja Kallas foi taxativa: "São esses os instrumentos que estão na caixa de ferramentas da UE."

No entanto, "ainda não tiveram lugar discussões sobre o assunto", completou.

Em 15 de agosto, o Governo guineense anunciou que as delegações da agência Lusa, da RTP e da RDP tinham sido expulsas do país, e que a partir desse dia as emissões estavam suspensas.

O executivo de Bissau acrescentou que os representantes tinham que deixar o país até dia 19 desse mês, sem avançar razões para a decisão.

O caso mereceu repúdio dos respetivos órgãos de comunicação social portugueses e do Governo português.

Dois dias depois do anúncio, questionado pelos jornalistas na cidade da Praia, em Cabo Verde, o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, escusou-se a explicar os motivos da expulsão dos órgãos de comunicação social portugueses.


"É um problema da Guiné-Bissau com Portugal, não é com Cabo Verde. Não vou responder a isso", disse o Presidente guineense quando questionado pelos jornalistas, no Palácio do Governo, na cidade da Praia.
ANG/ILusa

 

terça-feira, 16 de setembro de 2025

Cooperação/Presidente da República enaltece cooperação com Burundi para uma África mais unida

Bissau, 16 Set 25(ANG)n - O Presidente da República Umaro Sissoco Embaló afirmou que a visita do Chefe de Estado do Burundi à Guiné-Bissau demonstra a vontade de trabalhar na construção de uma África mais forte e unida.

Umaro Sissoco Embaló falava hoje ao lado do seu hóspede homólogo do Burundi, Évariste Ndayishimiye, em declarações conjunta à imprensa.

O Presidente da República acrescentou que esta visita de três dias de Ndyishimiye permitirá criar as bases para uma África orientada para a resiliência e o desenvolvimento sustentável.

Sissoco Embaló referiu ainda que a cooperação com o Burundi tem proporcionado benefícios diplomáticos, e impulsionado o desenvolvimento mútuo entre os dois países.

A visita ,segundo o PR representa um caminho para o estabelecimento de novas parcerias ao serviço do desenvolvimento da Guiné-Bissau e do Burundi.

Os dois Chefes de Estado deslocaram-se esta terça-feira à Fortaleza de Amura, onde procederam a deposição de coroas de flores nos jazigos de Amílcar Cabral e do General João Bernardo Vieira.

 À  chegada, foram recebidos pelo ministro da Defesa Nacional, Dionísio Cabi, e pelo Chefe do Estado-maior General das Forças Armadas, General Biaguê Na N’tan.

O Presidente do Burundi visitou ainda na manhã de hoje à fábrica de Farinha de Trigo da empresa privada  MC Grupo, localizada na zona industrial de Bolola, onde foi recebido pelo ministro da Indústria, Transformação e Promoção de Produtos Locais, Florentino Fernando Dias, acompanhado pelo Administrador dessa fábrica.

Ainda esta terça-feira, Umaro Sissoco Embaló e Évariste Ndayishimiye animaram  uma palestra na Universidade Amílcar Cabral, sob o lema “Juventude, Paz e Segurança” , em que os debates se centraram no processo de desenvolvimento sustentável de África.


A visita do chefe de Estado do Burundi termina quarta-feira estando prevista a assinatura de acordos de cooperação bilateral entre os dois países, antes da partida de Évariste e sua delegação. ANG/ÂC//SG

Ensino/Frente Social manifesta “discordância” com o método aplicado pelo Governo para  recrutamento de professores  

Bissau, 16 Set 25 (ANG) – A Frente Social, organização que agrupa sindicatos da Educação e de Saúde, manifestou segunda-feira, a sua “total discordância”, com o método aplicado pelo Governo, para  recrutamento dos professores para o presente ano letivo - 2025/26.

A discordância foi manifestada através de uma Carta Aberta dirigida ao ministro  da Educação Nacional, Ensino Superior e Investigação Científica, Queba Djaite, à que a Agência de Notícias da Guiné (ANG) teve hoje acesso.

A Frente Social defende que o  processo de recrutamento deve resultar de uma clara identificação das  necessidades para cobrir as  vagas existentes nas escolas ao nível nacional, antes do início do ano letivo.

“O mais estranho e incompreensível é o recrutamento de pessoal de outras áreas do saber que não têm preparação pedagógica”, lê-se no documento.

Na carta dirigida ao ministro Djaite, a FS sublinha que a estrutura da educação formal, segundo a Lei de base do Sistema Educativo, está organizada sequencialmente nos ensinos pré-escolar, básico, secundário, superior, técnico profissional e outras modalidades especiais.

“Senhor ministro, com base nesta estrutura , o recrutamento de professores de 1º e 2º ciclo, deve basear-se nos formados na Unidade Escolar 17 de Fevereiro, Escola de Formação de Professores de Bolama e demais escolas vocacionadas para estes ciclos”, diz a organização sindical .

Para a FS,  ensinar é uma arte, por isso que se institui escolas vocacionadas para instrução das pessoas que vão transmitir  conhecimentos aos alunos ou estudantes. ANG/LLA/ÂC//SG  


Educação/Ministro promete acompanhar harmonização do currículo escolar para melhoria do ensino no país

Bissau, 16 Set 25 (ANG) – O ministro da Educação, Ensino Superior e Investigação Cientifica disse que a instituição que dirige vai acompanhar e seguir todos os trabalhos nas escolas para garantir que a harmonização curricular seja bem implementada, no sentido de garantir que os alunos não tenham dificuldades caso queiram transferir duma escola para outra, mesmo no decorrer do ano lectivo.

Queba Jaité, que falava na, segunda-feira, no ato de abertura do ateliê de Harmonização Curricular, promovido pelo Ministério da Educação com apoio técnico  da Fundação Fê e Cooperação (FEC) e do Instituto Politécnico de Setúbal, disse esperar que os cinco dias de ateliê produzam resultados capazes de servir para o  melhoramento do currículo escolar.

O referido ateliê, com a duração de cinco dias, tem como objetivo alinhar os conteúdos e métodos de ensino para melhorar a qualidade da educação básica no país.

Segundo o  Director-geral da Escola Superior de Educação, Djuldé Camará, o ateliê de harmonização do currículo escolar vai disponibilizar aos docentes ferramentas e conhecimentos necessários para fortalecerem as práticas pedagógicas.

“Esse processo de harmonização começou com apoio da FEC , na Unidade Escolar 17 de Fevereiro como um projecto piloto, hoje estamos a iniciar uma nova era de expansão para Unidade de Ensino Superior da Educação (ESE), com o  mesmo perfil de saída profissional”, disse.

Camará sublinhou   que a capacitação não é um objectivo isolado, mas sim  um processo continuo que deve envolver todos aspectos das  práticas pedagógicas.

“O ateliê é apenas um ponto de partida de caminho longo que trilharam juntos, pelo que é fundamental que cada um aproveite, no máximo, oportunidade de aprendizagem  durante os dias da formação”, disse.

Aquele responsável destacou a missão da Escola Superior de Educação de preparar os profissionais, não apenas para transmitem conhecimentos, mas  que também levam os alunos a terem pensamentos  críticos.

Djuldé Camará realçou que a harmonização curricular é um processo estratégico e essencial no sector da educação, sobretudo quando envolve  instituições que partilham a  missão formativa. ANG/MI/ÂC//SG 

 

Angola/ Novo salário mínimo já em vigor com sindicatos a apelarem à fiscalização do decreto

Bissau, 16 Set 25 (ANG) - O novo salário mínimo em Angola, de 100 mil (93 euros) e 50 mil Kwanzas (46 euros) para grandes e pequenas empresas angolanas, respectivamente, entrou hoje em vigor em todo o país.

Apesar do aumento, as centrais sindicais dizem que os valores ainda não agradam à classe, e exigem do governo maior fiscalização às empresas, sobretudo as micro e pequenas. 

As empresas angolanas devem, a partir deste terça-feira, 16 de Setembro, passar a pagar o novo salário mínimo fixado em 100 mil Kwanzas (93 euros), contra os actuais 70 mil Kwanzas (65 euros), ou apenas 50 mil Kwanzas (46 euros) para as pequenas empresas. A medida resulta de um acordo entre o governo e o movimento sindical angolano.

Admar Jinguma, membro da comissão técnica e negociadora das centrais sindicais, espera que o governo fiscalize a execução do decreto e que tome medidas pesadas contra as empresas que se negarem a pagar a nova tabela salarial.

“Estes 100 mil Kwanzas, agora sim, correspondem mesmo ao salário base. As empresas devem, obviamente, continuar a praticar o salário base e, obviamente, definir um conjunto de subsídios para aumentar o rendimento. Aqui o papel do Estado é fundamental, no sentido de continuar a fiscalizar e penalizar aquelas empresas que não estão a praticar o salário mínimo”, advertiu o sindicalista e secretário-geral do Sindicato Nacional dos Professores Angolanos, Sinprof.

Já o líder da Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), Francisco Jacinto, aplaude a medida, apesar de reconhecer que o aumento não vai sequer contrapor o custo de vida dos trabalhadores.

“Os 100 mil Kwanzas nunca vão corresponder, digamos, a qualquer anseio, a qualquer expectativa de um trabalhador. Estes 100 mil Kwanzas, apesar de ser um elemento, digamos, considerável, não satisfazem ainda aquilo que são os desejos, que são as expectativas, que são os anseios dos trabalhadores. É claro que, diante das dificuldades que eu aqui enumero, não temos condições de sobreviver com os 100 mil Kwanzas”, lembrou o responsável e também advogado.

A Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA) informa que a lei do novo salário mínimo nacional é de cumprimento obrigatório. Por isso, as empresas que não implementarem ainda este mês, têm mais 12 meses, a contar da data da sua execução, para regularizar a situação salarial dos trabalhadores.ANG/RFI

 

     França/Lecornu retira “benefícios vitalícios” a ex-primeiros-ministros

Bissau, 16 Set 25 (ANG) – O  primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu,numa entrevista à imprensa regional, no fim de semana,afastou a hipótese de retomar o debate sobre a idade da reforma, mostrou-se disponível para discutir a justiça fiscal, recuou na proposta de suprimir dois feriados nacionais e anunciou a retirada de privilégios concedidos a antigos chefes de Governo.

 A medida entra em vigor a partir do dia 1 de Janeiro de 2026. Em declarações à RFI, o economista franco-português Pascal de Lima sublinha que “quando se exige um esforço a todos os franceses, é necessária uma postura exemplar da parte administração pública”.

O primeiro-ministro francês, Sébastian Lecornu, decidiu voltar atrás na medida de François Bayrou que pretendia suprimir dois dias de feriado do calendário dos franceses. Considera que foi a decisão mais acertada, numa altura em que o país está a braços com um movimento social?

Sim, mas penso que o assunto dos dias de feriado não é prioritário. Acredito que o mais importante são as 35 horas de trabalho semanais e, nesse aspecto, defendo que devia ser feita uma reforma mais eficaz, com a implementação de horários legais que garantam o cumprimento das 35 horas por semana.

Está a dizer que os franceses não cumprem as 35 horas de trabalho semanais?

Sim, exacto. Em relação a outros países europeus, a França está abaixo da quota mínima de trabalho para poder ser competitiva na economia europeia. Seria melhor reformar directamente o número de horas de trabalho semanais. Depois, há também o número de dias de férias dos quadros, particularmente nas categorias superiores do mercado de trabalho. O número de dias de férias penso que teria um impacto ainda mais significativo. Por exemplo, se pensarmos que mais uma hora de trabalho representaria cerca de 8 mil milhões de euros para os cofres franceses.

Questionado sobre a taxa Zucman, Sébastian Lecornu mostrou-se receptivo a trabalhar as questões de justiça fiscal. Quando fala sobre questões de justiça fiscal, a que se refere concretamente?

A taxa Zucman é um imposto mínimo sobre as grandes fortunas, que pode reforçar a justiça fiscal e gerar receitas adicionais. Mas só funciona com uma forte coordenação internacional, porque, caso contrário, existe o risco de fuga de capitais. Trata-se de um instrumento complementar, não de uma solução única. O facto de se mostrar receptivo a trabalhar as questões de justiça fiscal é positivo e dá legitimidade social. Todavia, o esforço orçamental deve ser feito com critério, protegendo o património produtivo - que gera investimento e emprego - e concentrando a tributação acrescida sobre patrimónios essencialmente financeiros ou especulativos, menos sensíveis.

O patrão do MEDEF, Patrick Martin, associa a taxa Zucman à palavra “espoliação”?

Porque a pressão fiscal é muito elevada e Patrick Martin receia que a taxa Zucman diminua a atractividade da França.

Isso pode acontecer?

Sim, pode. É muito importante fazer a distinção entre um património ganho pelo trabalho e um património totalmente ligado a heranças - são realidades muito diferentes. Portanto, o MEDEF não está contra e, eventualmente, até preconiza um pequeno imposto sobre os grandes patrimónios ligados à herança, mas não sobre os patrimónios resultantes do trabalho. O problema é que o Governo não faz essa diferenciação.

Mas, a seu ver, seria necessário fazê-lo?

Claro que sim. Seria essencial fazer essa distinção entre o património de herança e o património ligado ao trabalho.

O chefe do executivo francês falou ainda em retirar privilégios vitalícios a antigos primeiros-ministros, a medida entra em vigor a partir de Janeiro de 2026. O que representa este corte em termos de despesa do Estado? Ou trata-se apenas de um sinal para os franceses, numa altura em que o executivo fala em austeridade?

Quando se pede um esforço a todos os franceses, espera-se também um comportamento exemplar da parte da administração pública. O peso da administração pública e das colectividades representa cerca de 500 mil milhões de euros. Ou seja, é uma parte importante das despesas públicas, com a administração a apresentar fraca eficácia. É importante pensar na eficiência da despesa pública, como fazem os países anglo-saxónicos, em áreas como a saúde, a educação e outros sectores.

Segundo o Tribunal de Contas, o desperdício de medicamentos representou, em 2023, entre 561 milhões e 1,7 mil milhões de euros ao Estado francês...

É urgente reforçar a prevenção para melhorar a eficácia da despesa em saúde. É exactamente o mesmo em relação a outras despesas sociais, como o desemprego, as reformas no mercado de trabalho, os subsídios às empresas. Precisamos de perceber que há subsídios que ajudam efectivamente as empresas, mas outros são ineficazes. É essa reflexão que precisamos de fazer em 2025.

Sébastian Lecornu fala ainda de um debate sobre a descentralização. O que pode ser feito aqui? Olhar para o Estado e perceber onde é possível cortar mantendo a eficácia?

Sim, pode ser uma oportunidade para melhorar a eficiência e a responsabilização da administração pública. Mas só funcionará se a transferência de competências vier acompanhada de um financiamento estável e de um mecanismo claro de avaliação. Caso contrário, corre-se o risco de aumentar a complexidade sem ganhos reais - e é isso que devemos evitar.

Sébastian Lecornu disse, no entanto, que não está disponível para voltar ao debate sobre a idade da reforma. Considera que é uma decisão sensata, numa altura em que tenta dialogar com todas as forças políticas?

Sim, penso que é uma boa ideia, uma vez que a estabilidade política é uma questão sensível. As greves não são positivas para a economia francesa e diminuem a atractividade do território. Considero, por isso, que se trata de uma decisão política com impactos positivos, que evita tensões entre gerações e contribui para a coesão social num período de instabilidade política.

Este fim-de-semana vimos a agência de rating norte-americana Fitch baixar a nota da dívida soberana da França. Quais são os verdadeiros impactos desta decisão?

É sobretudo um sinal de alerta quanto à trajectória das finanças públicas. A França continua a ser considerada um país de baixo risco, mas perde uma parte da confiança dos mercados.

A primeira consequência é que o país tem hoje menos margem de manobra orçamental. E, se não há margem de manobra, é porque o Estado precisa de financiamento para as suas despesas, o que antecipa um cenário de aumento dos impostos. Outra consequência prende-se com as taxas de juro no mercado do crédito imobiliário, já que os investidores exigem um prémio de risco maior para investir em dívida pública francesa - e essa taxa serve de referência para o crédito imobiliário. Assim, os bancos vão também aumentar ligeiramente o custo do crédito à habitação, impactando o poder de compra dos franceses.

Há também o peso da dívida francesa: o valor que o país paga em juros passou de 58,8 mil milhões em 2024 e pode atingir os 107 mil milhões em 2029. Esta realidade revela que é imperativo organizar as contas públicas ou expõe um modelo económico que deixou de funcionar?

Mostra que o custo da dívida está a consumir uma fatia crescente dos recursos públicos, reduzindo a margem de manobra para investimentos e políticas sociais. Não significa que o modelo económico francês tenha falhado completamente, mas que precisa de ser ajustado quanto à eficácia da despesa pública. É preciso racionalizar a despesa para investir melhor. Sem uma gestão mais rigorosa, os juros tornam-se uma bola de neve que asfixia a capacidade de acção do Estado.ANG/RFI

ONU/Comissão de investigação independente  acusa Israel de genocídio em Gaza

Bissau, 16 Set  25(ANG) – Uma comissão internacional independente de investigação da ONU acusou hoje Israel de cometer genocídio na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em 07 de Outubro de 2023, com a "intenção de destruir" os palestinianos.

"Nós chegamos à conclusão que um genocídio acontece em Gaza e vai continuar a acontecer, sendo que responsabilidade cabe ao Estado de Israel", disse a presidente desta comissão, Navi Pillay, ao apresentar hoje o relatório da investigação da Comissão da ONU sobre os crimes cometidos nos territórios palestinianos ocupados.

Israel "rejeita categoricamente" este "relatório tendencioso e mentiroso e pede a dissolução imediata" da Comissão, afirmou hoje, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita.

Os mais altos dirigentes israelitas "orquestraram uma campanha genocida", acrescentou Navi Pillay, de 83 anos, antiga alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

A Comissão "concluiu que o Presidente israelita, Isaac Herzog, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, incitaram o genocídio e que as autoridades israelitas não tomaram qualquer medida contra estas pessoas para punir essa incitação".

As investigações, que têm como ponto de partida os ataques do grupo islamita palestiniano Hamas contra Israel, em 07 de Outubro de 2023, demonstraram que as autoridades e as forças de segurança israelitas cometeram "quatro dos cinco actos genocidas" definidos pela Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio de 1948.

Estes crimes são, nomeadamente, "matar membros de um grupo; causar danos físicos ou mentais graves a membros de um grupo; impor deliberadamente ao grupo condições de vida calculadas para causar a sua destruição física, total ou parcial; e medidas destinadas a impedir nascimentos dentro de um grupo".

"A comunidade internacional não pode permanecer em silêncio perante a campanha genocida lançada por Israel contra o povo palestiniano em Gaza. Quando surgem sinais e provas claras de genocídio, a omissão em agir para o impedir equivale a cumplicidade", segundo a Comissão.

A Comissão não é um órgão legal, mas os seus relatórios podem aumentar a pressão diplomática e servir para reunir provas para serem utilizados pelos tribunais. A comissão tem um acordo de cooperação com o Tribunal Penal Internacional (TPI), com o qual é partilhado "milhares de informações", segundo a presidente da Comissão da ONU.

A campanha de represália militar no território palestiniano fez quase 65 mil mortos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, que a ONU considera fiáveis. Pelo menos 41 residentes de Gaza morreram entre a noite de segunda-feira e hoje devido aos bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, numa das noites mais mortíferas desde que Israel lançou a sua operação terrestre na Cidade de Gaza.

O Exército israelita lançou hoje uma ofensiva em grande escala para tentar capturar a Cidade de Gaza, localizada no norte da Faixa de Gaza, após semanas de intensos bombardeamentos e ordens de retirada para expulsar a população da zona. Anteriormente, o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, afirmou que "Gaza está em chamas" diante dos ataques do Exército israelita.

"As Forças de Defesa de Israel (FDI) estão a destruir a infra-estrutura terrorista com mão pesada e os soldados das FDI estão a lutar bravamente para criar as condições necessárias para a libertação dos reféns e para a derrota do Hamas", declarou Katz.

ANG/Inforpress/Lusa

 

              Malawi/ Dezassete candidatos para as eleições presidenciais

Bissau, 16 Set 25 (ANG)Os eleitores são chamados às urnas para escolher o novo Presidente do país, num  escrutínio que conta com 17 candidatos, inclusive o Presidente cessante Lazarus Chakwera.

No Malawi, mais de 7 milhões de eleitores podem participar na eleição do próximo Presidente do país que está num contexto económico complicado com uma inflação de quase 30% e o preço do milho que foi multiplicado por seis em apenas quatro anos.

 O Presidente cessante, Lazarus Chakwera, de 70 anos, pastor evangélico que acabou por ser Presidente, pede “mais cinco anos para terminar o trabalho que iniciou.

Em 2020, tinha prometido relançar a economia e lutar contra a corrupção. No entanto, o mandato foi marcado pela inflação recorde e pelo escândalo Sattar, nome de um homem de negócios acusado de ter corrompido vários responsáveis do país, levando à demissão do vice-presidente do Malawi.

Uma eleição com um segundo ex-Presidente, Peter Mutharika, de 85 anos, que esteve à frente do país de 2014 a 2020. O principal opositor promete restabelecer a disciplina orçamental. No entanto, o antigo Presidente também tem tido problemas com apoiantes que são acusados de intimidação e violência.

Estes são os dois favoritos para as eleições presidenciais, legislativas e autárquicas desta terça-feira, 16 de Setembro, num país que está numa crise económica marcada pela falta de combustíveis e de divisas.

Num país com 21 milhões de habitantes, 11 milhões de pessoas podiam votar, no entanto apenas sete milhões se inscreveram nas listas eleitorais.

O Malawi é um dos países mais pobres do mundo com ¾ da população a viver com menos de 2,15 dólares por dia.ANG/RFI

 

   Bélgica/Comissão Europeia propõe na 4.ª feira suspensão de acordo UE-Israel

Bissau, 16 Set  25(ANG) – A Comissão Europeia vai propor quarta-feira a suspensão parcial do acordo de associação entre União Europeia e Israel em questões comerciais, anunciou hoje a chefe da diplomacia comunitária, esperando que este “elevado custo” pare a ofensiva em Gaza.

“Vamos apresentar amanhã [quarta-feira] diferentes propostas para o Conselho [Estados-membros] para aumentar a pressão sobre o governo israelita e forçá-lo a mudar de rumo porque o que está a acontecer é realmente insustentável”, anunciou a Alta Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, em entrevista à agência Lusa em Bruxelas.

No dia em que o exército israelita confirmou ter tropas no interior da cidade de Gaza, Kaja Kallas salientou que a proposta de suspensão parcial do acordo de associação da UE com Israel em questões comerciais “teria um custo financeiro muito pesado” para Telavive, estando em causa a cessação das disposições comerciais do acordo, nomeadamente a revogação do princípio da nação mais favorecida para alguns produtos.

Em cima da mesa têm vindo a estar também sanções contra colonos violentos, mas haverá uma nova proposta também na quarta-feira para os abranger, juntamente com ministros extremistas, com a responsável a admitir bloqueios às propostas por parte dos países europeus reunidos no Conselho.

 

A UE é o maior parceiro comercial de Israel, representando 32% do comércio total de mercadorias de Israel, e os dois blocos têm as relações regidas por um acordo de associação datado de 2000.

“Não vejo um verdadeiro movimento do lado do Conselho porque os Estados-membros continuam com posições diferentes” sobre o conflito, admitiu, porém, a chefe da diplomacia da UE nesta entrevista à Lusa, cuja segunda parte será divulgada na quarta-feira.

E exemplificou: “Mesmo nas matérias em que precisamos de maioria qualificada [como comércio] ou conseguimos que alguns grandes Estados-membros mudem ou precisamos que todos os pequenos mudem”.

Estas propostas serão discutidas na reunião do colégio de comissários da Comissão Europeia de quarta-feira, após a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, as ter anunciado na semana passada.

No discurso sobre o Estado da União, na sessão plenária na cidade francesa de Estrasburgo, Ursula von der Leyen defendeu que a fome provocada por Israel em Gaza “não pode ser uma arma de guerra” e “tem de acabar”, divulgando medidas para aumentar a pressão sobre Telavive.

Depois de ter sido bastante criticada pelo silêncio sobre Gaza e por ser próxima de Israel, a responsável alemã anunciou a suspensão parcial do Acordo de Associação da UE com Telavive no que diz respeito a questões comerciais, a introdução de sanções contra os ministros extremistas e os colonos violentos, a suspensão do apoio bilateral e a interrupção dos pagamentos sem afetar o trabalho com a sociedade civil.

Pendente no Conselho da UE, por falta de consenso entre os Estados-membros, está a proposta da Comissão Europeia para suspender partes do financiamento a Israel no âmbito do projeto Horizonte Europa.

Depois de ter estado sete vezes no Médio Oriente, mais do que noutro território desde que iniciou funções em dezembro passado, a chefe da diplomacia da UE vai voltar à região (Síria, Líbano e outros países) em Novembro.

Sobre a ajuda humanitária em Gaza, Kaja Kallas apontou melhorias: “Antes de julho, eram zero camiões e depois de julho foram milhares”.

Ainda assim, “menos do que o que tinha sido acordado”, concluiu a chefe da diplomacia da UE, defendendo que se mantenham “canais abertos para realmente pressionar o governo israelita a fazer mais para ajudar as pessoas no terreno e para melhorar a situação”.

A posição surge quando se assinalam quase dois anos de guerra na Faixa de Gaza. ANG/Inforpress/Lusa