País rende última homenagem à Malam Bacai Sanha
Bissau, ANG – Centenas de personalidades nacionais e estrangeiras, dentre as quais os chefes de Estados do Senegal e de Cabo-Verde, renderam hoje dia 15 do corrente mês a última homenagem ao falecido Presidente da República da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá numa cerimónia fúnebre realizada no Palácio da Assembleia Nacional Popular “Colinas de Boé,” em Bissau.
.“O momento é de dor e consternação. O país está de luto. A República chora o seu Presidente. A nação perdeu o seu mais alto magistrado. O povo guineense na diversidade do seu mosaico étnico cultural viu-se privado do momento moderador e factor de equilíbrio do nosso sistema democrático”, lamentou o Presidente Interino da República.
Raimundo Pereira disse que neste momento de dor e pesar, toda a apologia que se possa fazer da figura e vida de Malam Bacai Sanhá nunca se distanciará a de um homem de largos consensos, moderado, analista, estudioso, excedente do diálogo, enquanto instrumento mais eficaz para se ultrapassar diferendos, quaisquer que sejam a sua natureza e proveniência.
“Combatente da liberdade da pátria desde muito cedo, Malam Bacai Sanhá deixa o seu nome gravado nos anais da nossa história contemporânea, como cidadão patriota que na hora da verdade, aceitou abraçar a gloriosa luta de libertação nacional”, elogiou.
O chefe de Estado interino salientou que a dignidade da pessoa humana, a paz, o diálogo e a tolerância constituem o ideal político que sempre norteou a postura de Malam Bacai enquanto cidadão, governante e presidente da república.
“Na hora em que nos deixa para sempre, Bacai Sanhá tinha ainda muito para dar a Guiné-Bissau e aos guineenses. Mas a morte implacável e insensível roubou-lhe os espaços e sonhos”, considerou
Pereira sublinhou que os dois anos do mandato de Bacai Sanhá foram suficientes para fazer resplandecer no seio dos guineenses uma nova aura de esperança e confiram a Guiné-Bissau uma nova imagem de credibilidade e respeito na cena internacional.
“Foram dois anos do mandato, em que, em todos os cantos da Guiné-Bissau se reviveu a estabilidade. Deu-se início ao relançamento da nossa economia e novos investimentos começaram a demandar o país”, enalteceu.
Raimundo Pereira disse que a moldura humana que de norte ao sul e do leste à oeste, quis marcar a presença para prestar último adeus ao Presidente Malam Bacai Sanhá só vem testemunhar o respeito e a admiração que conseguiu granjear demonstrando mais uma vez que a história é de facto o único juiz final dos nossos actos.
“Com efeito, o malogrado Presidente lançou na terra as sementes de estabilidade, de tolerância, da concórdia, da fraternidade e respeito. Malam Bacai Sanhá sempre acreditou que é possível ultrapassar os problemas do país, desde que sejamos capazes de dar resposta colectiva aos desafios com que nos confrontamos”, frisou.
Segundo Raimundo Pereira, Malam Bacai Sanhá é um homem de paz, de diálogo e seguidor dos nobres ideias pelos quais se bateram e tombaram os melhores filhos da Guiné-Bissau.
“Malam Bacai Sanhá permanecerá como referência para gerações vindouras. Hoje, perante os seus restos mortais, interpretando a dor e o pesar do nosso povo, estamos certos que o Presidente Malam Bacia Sanhá já havia comprometido de que morrer pela pátria é viver para sempre”, vincou.
Raimundo Pereira afirmou que um dos legados do falecido Presidente é o respeito pela legalidade, pelas instituições da república, pela dignidade humana e a criação de sinergias para a construção de uma paz sólida e duradoira.
“Nesta hora de adeus final ao Presidente Malam, exorto aos guineenses para que à sua memória redobrar-nos esforços para o enraizamento no nosso seio, do espírito de “guinendade”, de compreensão, de tolerância, amor ao próximo, fazendo da Guiné-Bissau uma terra de paz, unidade, progresso, bem-estar e fraternidade.
Em nome dos familiares usou de palavra o seu primeiro filho, Malam Bacai Sanhá Júnior, que agradeceu a todos e particularmente às autoridades francesas e senegalesas pelo apoio prestado à família enlutada.
“Acreditamos que a missão que Deus Lhe confiou chegou ao fim” disse Bacai Sanhá Júnior.
O Primeiro Vice-presidente da Assembleia Nacional Popular, António Serifo Nhamadjo, fez a leitura dos Elogios Fúnebres de Bacai Sanhá enquanto que Manuel dos Santos, actual embaixador da Guiné-Bissau em Angola apresentou a biografia do falecido.
A homenagem à Bacai Sanhá, que professava a religião muçulmana, ficou ainda marcada por uma cerimónia religiosa (espécie de missa de corpo presente) realizada no pátio externo da Assembleia Nacional Popular. Os restos mortais de Bacai Sanhá vão ser sepultados as 15h00 na Fortaleza da Amura, na baixa de Bissau.
ÂC/SG/ANG