“Cerca de 80 por cento das farmácias
vendem medicamentos de origem duvidosas”, denuncia SNAF-GB
Bissau,
25 Jan.13 (ANG) – Cerca de 80 por cento das farmácias existentes na
Guiné-Bissau, vendem medicamentos de origem duvidosa e cuja maioria é adquirida
nos países vizinhos, nomeadamente, Guiné-Conacri, Gâmbia, e Nigéria.
A
revelação é do Secretário Nacional da Associação dos Farmacêuticos da Guiné-Bissau
(SNAF-GB), em entrevista exclusiva à Agência de Notícias da Guiné (ANG).
Ahmed
Akdhar sublinhou que é difícil sanear a situação enquanto o país não dispor de
um instrumento de controlo de qualidade de medicamentos, neste caso, um laboratório.
“O
problema maior reside na origem dos remédios. A título de exemplo, no Senegal
existe mais de dez depósitos de distribuição oficial de medicamentos e enquanto
na Guiné-Bissau, não há nenhum”, revelou Ahkdar.
Informou
que, a Guiné-Bissau dispõe de um Depósito Central de Compras de Medicamentos
Essenciais (CECOMES), mas que no fundo não tem medicamentos para especialidades
farmacêuticas, mas sim os do tipo genéricos.
“Os
medicamentos de que dispõe o CECOMES são na sua totalidade donativos e, por
isso, não são destinados para a venda”, vincou, Ahmed Akhdar.
Segundo
Akhdar o Ministério da Saúde, tinha em carteira, há três anos, o lançamento de um
concurso para a abertura de três depósitos públicos de fornecimentos de
medicamentos pelo sector privado, mas até agora nada foi feito nesse sentido.
“Por
isso, todos os medicamentos existentes nas farmácias são de qualidades duvidosas
devido a inexistência de um depósito para a sua distribuição e controle de
qualidade”, frisou.
O SNAF-GB
afirmou que, outra situação preocupante, tem a ver com a falta de formação do
pessoal farmacêutico, acrescentando que a maioria nem sequer sabe interpretar
as receitas médicas dos pacientes.
“Segundo
os últimos dados produzidos em meados de Agosto do ano passado, existem em todo
o território nacional, 230 farmácias, dos quais 52 se encontram em Bissau. A
capital ainda dispõe de 35 postos de venda de medicamentos”, explicou.
A
maioria destas funcionam com pessoal não preparados para tal, salvo um ou dois
deles, referiu ainda.
“As
normas da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), determinam
que uma farmácia não pode funcionar sem um médico farmacêutico ou um técnico
habilitado a dar aconselhamento”, revelou.
Ahmed
declarou que muitos proprietários das farmácias contratam médicos para lhes
prestarem assistência e que em muitas ocasiões estes não cumprem as suas obrigações
em termos de supervisão das vendas de medicamentos.
“Nos
últimos anos, nota-se na Guiné-Bissau uma propagação de Postos de vendas de
Medicamentos (PVM). No Senegal, por exemplo, os referidos postos já foram
extintos há mais de 30 anos”, informou.
Akdhar
sublinhou que existe a Inspecção-geral de Saúde mas que não pode combater o
fenómeno de vendas de medicamentos falsos devido as suas limitações pois não
tem poderes sancionatórios mas sim apenas de fiscalização.
“Houve,
recentemente, uma acção de apreensão de medicamentos falsos, levadas a cabo
pela Polícia Judiciária e que pela primeira vez, desde a independência,
conseguiu-se desmantelar a maior rede de venda de medicamentos no Mercado de
Bandim”, explicou.
ANG/ÂC
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