sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


“Cerca de 80 por cento das farmácias vendem medicamentos de origem duvidosas”, denuncia SNAF-GB

Bissau, 25 Jan.13 (ANG) – Cerca de 80 por cento das farmácias existentes na Guiné-Bissau, vendem medicamentos de origem duvidosa e cuja maioria é adquirida nos países vizinhos, nomeadamente, Guiné-Conacri, Gâmbia, e Nigéria.

A revelação é do Secretário Nacional da Associação dos Farmacêuticos da Guiné-Bissau (SNAF-GB), em entrevista exclusiva à Agência de Notícias da Guiné (ANG).

Ahmed Akdhar sublinhou que é difícil sanear a situação enquanto o país não dispor de um instrumento de controlo de qualidade de medicamentos, neste caso, um laboratório.

“O problema maior reside na origem dos remédios. A título de exemplo, no Senegal existe mais de dez depósitos de distribuição oficial de medicamentos e enquanto na Guiné-Bissau, não há nenhum”, revelou Ahkdar.

Informou que, a Guiné-Bissau dispõe de um Depósito Central de Compras de Medicamentos Essenciais (CECOMES), mas que no fundo não tem medicamentos para especialidades farmacêuticas, mas sim os do tipo genéricos.

“Os medicamentos de que dispõe o CECOMES são na sua totalidade donativos e, por isso, não são destinados para a venda”, vincou, Ahmed Akhdar.

Segundo Akhdar o Ministério da Saúde, tinha em carteira, há três anos, o lançamento de um concurso para a abertura de três depósitos públicos de fornecimentos de medicamentos pelo sector privado, mas até agora nada foi feito nesse sentido.

“Por isso, todos os medicamentos existentes nas farmácias são de qualidades duvidosas devido a inexistência de um depósito para a sua distribuição e controle de qualidade”, frisou.

O SNAF-GB afirmou que, outra situação preocupante, tem a ver com a falta de formação do pessoal farmacêutico, acrescentando que a maioria nem sequer sabe interpretar as receitas médicas dos pacientes.

“Segundo os últimos dados produzidos em meados de Agosto do ano passado, existem em todo o território nacional, 230 farmácias, dos quais 52 se encontram em Bissau. A capital ainda dispõe de 35 postos de venda de medicamentos”, explicou.

A maioria destas funcionam com pessoal não preparados para tal, salvo um ou dois deles, referiu ainda.

“As normas da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), determinam que uma farmácia não pode funcionar sem um médico farmacêutico ou um técnico habilitado a dar aconselhamento”, revelou.

Ahmed declarou que muitos proprietários das farmácias contratam médicos para lhes prestarem assistência e que em muitas ocasiões estes não cumprem as suas obrigações em termos de supervisão das vendas de medicamentos.

“Nos últimos anos, nota-se na Guiné-Bissau uma propagação de Postos de vendas de Medicamentos (PVM). No Senegal, por exemplo, os referidos postos já foram extintos há mais de 30 anos”, informou.

Akdhar sublinhou que existe a Inspecção-geral de Saúde mas que não pode combater o fenómeno de vendas de medicamentos falsos devido as suas limitações pois não tem poderes sancionatórios mas sim apenas de fiscalização.

“Houve, recentemente, uma acção de apreensão de medicamentos falsos, levadas a cabo pela Polícia Judiciária e que pela primeira vez, desde a independência, conseguiu-se desmantelar a maior rede de venda de medicamentos no Mercado de Bandim”, explicou.
ANG/ÂC

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