Presidente IBK expressa
orgulho em emigrante que salvou criança em França
Bissau,
29 Mai 18 (ANG) – O Presidente do Mali,
Ibrahim Boubacar Keïta, e uma associação de migrantes saudaram segunda-feira a
coragem de um cidadão maliano indocumentado que salvou uma criança de cair de
um prédio em Paris, o que lhe valeu a legalização.
Mas,
tal como o presidente da Associação Maliana dos Expatriados (AME), Ousmane
Diarra, “muito orgulhoso” do compatriota, muitos lamentam que tenha sido
necessário um ato tão excepcional para obter uma regularização que outros
jovens africanos aguardam por vezes em vão durante “mais de dez ou 15 anos”.
“Não
devia ser preciso esperar [a oportunidade de] salvar um francês para ser
naturalizado francês”, sustentou Diarra, apelando para que “se reveja e altere
a política europeia sobre a migração e a política francesa, em particular”.
Na
sua conta da rede social Twitter, o Presidente maliano, que telefonou a
Mamoudou Gassama para o felicitar, descreveu-o como “um digno e corajoso filho
do Mali”.
“Salvar
uma vida colocando em perigo a sua não está ao alcance de todos. Mamoudou
Gassama correu esse risco, demonstrando valores de coragem e de humanismo que
honram toda a nação. Bravo!”, acrescentou o chefe de Estado.
Durante
a conversa telefónica, Keïta “transmitiu-lhe todo o orgulho que o Mali sente
perante o seu acto”, disse o director de comunicação da presidência, Tiegoum
Boubeye Maïga, embora considerando que “não é surpreendente quando se conhece o
homem maliano”.
Um
médico maliano a fazer o internato num hospital de Bamako, Sylvain Poudiougou,
de 37 anos, criticou, por seu lado, “a recuperação política” por parte do
Governo francês.
“Porquê
todo este barulho em torno deste caso? Tapete vermelho no Eliseu e um pouco por
todo o lado. É preciso não esquecer que, ao mesmo tempo, em França – e
sobretudo em Paris – se preparam para deportar centenas de estrangeiros em
situação irregular”, declarou o clínico, citado pela agência noticiosa francesa
AFP.
Para
Oumar Gassama, que indicou ser originário da mesma aldeia que o herói desta
história, no oeste do Mali, “ele mostrou que nós somos pessoas de bem”.
“Agora
que ele tem os seus papéis e trabalho, espero que ele pense mais em nós e envie
mais dinheiro para o país, para a aldeia”, sublinhou.
“Tenho
dois irmãos em França em situação irregular. Também espero que um dia eles
façam alguma coisa assim para serem legalizados. Vejo também que se a França
quiser regularizar imigrantes ilegais, isso é exequível”, disse um lojista,
Hervé Keïta, acrescentando que “se eles vão para França, é porque não há
trabalho” no Mali.
ANG/Inforpress/Lusa
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