Acordo nuclear
com o Irão "não está morto"
Bissau, 09 Mai 18 (ANG) - O ministro
francês dos Negócios estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, garantiu hoje que
"o acordo não está morto".
Paris, Londres e Berlim mantêm uma frente
unida, depois do Presidente dos Estados Unidos ter anunciado que retirou o país
do acordo com Teerão sobre o seu programa nuclear.
Face ao peso que o acordo nuclear
iraniano tem na geopolítica internacional, mas principalmente como garante da
estabilidade no Médio Oriente, as reacções não tardaram e voltaram a ser
negativas para os Estados Unidos.
Desde logo da parte do Irão. Hassan
Rouhani, o Presidente da República Islâmica, afirmou que o país vai manter o
seu compromisso com o acordo assinado mesmo sem os Estados Unidos. Embora tenha
centrado o seu discurso na ideia da manutenção do acordo, deixou no ar a
ameaça. Caso as negociações falhem, o Irão vai enriquecer urânio “mais do que antes”.
Como manifestação de repúdio, deputados
iranianos incendiaram simbolicamente uma bandeira de papel dos EUA, no
parlamento, gritando: "Morte
à América!".
Nas imagens divulgadas em vários órgãos
de comunicação iranianos, vê-se um deputado que agita uma bandeira de papel dos
Estados Unidos e a queima na tribuna da Câmara. Outro deputado conservador,
Mojtaba Zolnur, junta-se a ele e ateia fogo a uma cópia do acordo
nuclear. "Queimamos
o acordo nuclear", grita.
Seguiram-se gritos de "morte aos Estados
Unidos", dezenas de deputados juntaram-se a eles, segundo
as imagens divulgadas pela televisão estatal iraniana. Os dirigentes iranianos
condenaram a decisão do Presidente americano Donald Trump em abandonar o acordo
nuclear e a imposição de duras sanções americanas que foram suspensas no âmbito
do acordo.
O acordo nuclear com o Irão foi assinado
em Julho de 2015 em Viena entre Teerão e o Grupo 5+1 (China, Estados Unidos,
França, Reino Unido, Rússia e Alemanha).
Da parte da Europa, Emmanuel Macron,
Angela Merkel e Theresa May lamentaram a decisão de Donald Trump e reafirmaram
os seus esforços para manterem o compromisso assinado em 2015.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros
francês, britânico e alemão vão encontrar-se com representantes de Teerão, na
próxima segunda-feira, para arranjarem forma de preservar o acordo nuclear
iraniano
A Rússia foi menos cordial e admitiu
estar “profundamente
desapontada” com a decisão de Trump e falou ainda na "incapacidade" de
Washington para negociar.
A União Europeia considera o acordo
nuclear "essencial" para
a segurança mundial e, através da chefe da diplomacia da União Europeia,
Federica Mogherini, fez um apelo; "não
deixem ninguém desmantelar este acordo".
O secretário-geral da ONU, António
Guterres, mostrou-se "profundamente
preocupado" com o abandono do acordo nuclear por parte
dos Estados Unidos.
Barack Obama foi outra das vozes críticas
depois do anúncio de Trump. Ao ver mais uma das suas conquistas ser revertida
por Trump, o antigo Presidente considerou esta decisão um "erro grave" e
teme a perda de "credibilidade
global" dos EUA.
Israel e a Arábia Saudita, aliados de
longa data de Washington, foram dos poucos países a congratularem-se pela
decisão anunciada por Donald Trump.ANG/RFI
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