Diplomacia/China pede à OTAN que não exagere "teoria da ameaça chinesa"
Bissau, 16 Jun 21 (ANG) - A República Popular da China pediu terça-feira à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que "pare de exagerar a teoria da ameaça chinesa", depois de os líderes da aliança transatlântica terem expressado preocupação com as "políticas coercivas" de Pequim.
"Exigimos
racionalidade à OTAN, na avaliação do desenvolvimento da China, e que pare de
exagerar a teoria da ameaça chinesa", disse terça-feira um porta-voz do
Governo chinês, em comunicado.
A organização
"não deve usar os nossos interesses e direitos legítimos como desculpa
para manipular e criar confrontos artificiais", advertiu.
O secretário-geral
da OTAN, o norueguês Jens Stoltenberg, disse na segunda-feira que o "mundo
inteiro reconhece que a China está a aumentar as suas capacidades militares e
que mantém um comportamento coercivo".
O porta-voz chinês,
cujo nome não é detalhado no comunicado, afirmou que estas declarações são
"calúnias", para "atacar o desenvolvimento pacífico da
China", e acusou a aliança de "manter uma mentalidade típica da
Guerra Fria".
"Instamos a
organização a seguir o caminho do diálogo e da cooperação e a tomar medidas que
levem à estabilidade internacional", apelou.
Stoltenberg também
garantiu que Pequim está a "expandir rapidamente o seu arsenal
nuclear" e que o regime chinês é "opaco" sobre o seu programa de
modernização militar.
"As políticas de
defesa da China são legítimas e transparentes", escreveu. "O nosso
orçamento de defesa para 2021 é de cerca de 1,35 biliões de yuan, enquanto o
dos 30 países da aliança juntos ascende a 1,35 biliões de dólares, mais de
metade do total global e 5,6 vezes maior que a China", argumentou o
porta-voz.
A OTAN apontou a
expansão do arsenal nuclear de Pequim "com mais ogivas e um maior número
de sistemas sofisticados para estabelecer uma tríade nuclear", ou seja, a
divisão do arsenal atómico do país em mísseis terrestres, projéteis
transportados por bombardeiros estratégicos e mísseis transportados por
submarinos nucleares.
"O número de
armas nucleares da China não atinge a magnitude disponível para os países da
OTAN e, além disso, a China sempre defendeu não disparar primeiro este tipo de
arma em nenhuma circunstância. Se a OTAN está tão comprometida com a 'paz,
segurança e estabilidade', pode chegar a um acordo desse tipo, como o fez a
China", apontou o porta-voz.
Os líderes da OTAN
também instaram a China a "agir com responsabilidade no sistema
internacional" e notaram a sua "influência crescente", que
"pode apresentar desafios" que a aliança transatlântica deve
enfrentar, enquanto defende a "sua segurança e interesses".
"Vamos dar
atenção especial aos ajustes estratégicos da OTAN, especialmente no que diz
respeito à China. A China não representa um desafio sistémico para ninguém, mas
se alguém quiser impor-nos algo, não ficaremos indiferentes", avisou o
porta-voz do país asiático.
No comunicado, o
porta-voz lembrou "a tragédia histórica" do bombardeamento da
embaixada chinesa na ex-Jugoslávia, pela OTAN, o que causou a morte de três
jornalistas chineses, em Maio de 1999.
"Jamais o
esqueceremos", acrescentou, reiterando que a "China sempre defenderá
a sua soberania". ANG/Angop
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