Diplomacia/Presidente da República recusa negociar abertura da
fronteira da Guiné-Conacri
Bissau,23 Jun 21(ANG) - O
Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, recusa negociar a reabertura da
fronteira da Guiné-Conacri,encerradas há
cerca de 10 meses, por decisão do seu homólogo do país vizinho, Alpha Condé.
"Da parte da Guiné-Conacri é que
fecharam. O Presidente da Guiné-Conacri fez aquilo de uma forma unilateral. Ele
encerrou as fronteiras com a República da Serra Leoa, com a República do
Senegal e com a Guiné-Bissau", referiu
Umaro Sissoco Embaló, terça-feira,em declarações à agência Lusa.
A Guiné-Conacri decretou, a
29 de setembro de 2020, o encerramento das suas fronteiras com a Guiné-Bissau,
Senegal e Serra Leoa por alegadas razões de segurança e no contexto da campanha
eleitoral para as presidenciais de 18 de outubro, que acabaram por ser ganhas
pelo atual Presidente, Alpha Condé, depois de alterações na Constituição, que
lhe permitiram concorrer a um terceiro mandato.
Já em outubro, o ministro da
Segurança e Proteção Civil da Guiné-Conacri, Damantang Albert Camará, disse ter
informações "seguras e fidedignas" sobre uma suposta entrada no seu
país de armas de uso militar, provenientes da Guiné-Bissau, que as autoridades
de Bissau sempre recusaram.
"Ele fechou as
fronteiras com aqueles três países porque pensou que estavam a apoiar o
candidato Cellou Dalein Diallo. O que é caricato. Fechou de forma unilateral, o
que vai contra o espírito dos acordos da CEDEAO [Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental] e da boa vizinhança", afirmou Umaro Sissoco
Embaló.
Na última cimeira de chefes
de Estados e de Governo da CEDEAO, a Guiné-Conacri assinou um acordo com o
Senegal com vista à abertura da fronteira e já depois de ter assinado um
documento semelhante com a Serra Leoa.
"Abordou a Guiné-Bissau
(por interposta pessoa) e eu disse que não. Eu não fechei fronteiras. Ele é que
fechou, ele é que tem de abrir. A Guiné-Bissau nunca vai negociar a abertura de
fronteira com a Guiné-Conacri. Não estivemos em guerra. A fronteira da
Guiné-Bissau está aberta com a Guiné-Conacri. Somos países irmãos. Quem fecha é
que manda abrir", reiterou Sissoco Embaló.
Questionado sobre se o
assunto foi debatido no sábado na cimeira de chefes de Estado e de Governo da
CEDEAO, realizada no Gana, Umaro Sissoco Embaló disse que foi debatido ao nível
do Conselho de Ministros, que antecede a cimeira.
Na cimeira no sábado, Umaro
Sissoco Embaló voltou a marcar a sua posição em relação à situação das
fronteiras e o chefe de Estado do Gana, que assume a presidência em exercício
da CEDEAO, disse que era escusado voltar ao assunto, caso contrário, teria de
"o repreender".
"Eu fiz aquilo de
propósito. A Guiné-Bissau nunca vai mandar negociar a abertura de fronteiras,
ele é que fechou, ele é que manda abrir", explicou o Presidente guineense.
Umaro Sissoco Embaló
salientou que o Presidente do Gana não lhe tirou a palavra.
"Pediu-me e disse que
aquele não era o local", afirmou.
"Pediram-me, os meus
colegas, para o poupar. Com Alpha Condé não há tolerância, porque pôs a
Guiné-Bissau de rastos. A CEDEAO endossou-o de mediador para humilhar a
Guiné-Bissau. Eu acabei com a mediação de Alpha Condé e hoje a Guiné-Bissau
deixou de estar na agenda da CEDEAO e da comunidade internacional",
afirmou.
Alpha Condé, de 82 anos de
idade, foi o mediador da CEDEAO para a crise política na Guiné-Bissau no âmbito
dos acordos de Bissau e de Conacri.
O Presidente da Guiné-Bissau
foi uma das vozes críticas da candidatura de Alpha Condé a um terceiro mandato
na Guiné-Conacri, tendo mesmo chegado a acusá-lo de "estar a tentar um
golpe de Estado".ANG/Lusa
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