quinta-feira, 24 de junho de 2021

Ambiente /“A Humanidade não poderá reverter os efeitos das mudanças climáticas”, diz  o GIEC

Bissau, 24 Jun 21 (ANG) -  O Grupo de peritos Intergovernamentais sobre a Evolução do Clima(GIEC), cujo projecto de relatório a ser divulgado dentro de alguns meses foi conhecido  quarta-feira, adianta  que é previsível que as consequências introduzidas pelas mudanças climáticas sejam irreversíveis num horizonte muito curto. 

Segundo este documento de 4 mil páginas, “a vida na Terra pode ultrapassar as grandes mudanças climáticas evoluindo para novas espécies e criando novos ecossistemas”, mas “a humanidade não pode”.

 Neste sentido, o documento, dá conta do possível aumento de fenómenos meteorológicos extremos num horizonte curto, o ano de 2050, que poderiam fazer aumentar o nível do mar, afectando os 10% da humanidade que vivem precisamente no litoral, em locais mais expostos às mudanças climáticas.

Outro potencial efeito da subida de temperatura, será a escassez de água. Segundo o GIEC, 75% do fornecimento em água subterrânea, principal fonte de água potável para os 2,5 biliões de seres humanos, deveria ser impactada pelas mudanças climáticas.

Este fenómeno, combinado com os anteriores, poderá a prazo produzir grandes movimentações de populações, os chamados "migrantes climáticos", nomeadamente na África subsariana, América latina e o sul da Ásia, onde se estima que 31 a 143 milhões de pessoas poderiam ser obrigadas a deixar as suas zonas de origem.

 Segundo comentários de Francisco Ferreira, Presidente da ONG ambientalista portuguesa Zero,com o aumento dos fenómenos meteorológicos extremos, nomeadamente as secas, as más colheitas e por conseguinte o aumento do preço dos bens alimentares poderiam colocar 8 e 80 milhões de pessoas suplementares em risco de fome, sendo que entre 2015 e 2019, cerca de 166 milhões de pessoas, principalmente em África e na Ásia do sudeste, precisaram de assistência alimentar devido às consequências das alterações climáticas.

Francisco Ferreira nota que serão, uma vez mais, as populações mais fragilizadas que vão conhecer dificuldades em contornar as consequências da subida de temperatura.

Ainda no rol das consequências das mudanças climáticas, o pré-relatório do GIEC antevê no horizonte 2050, o surgimento de novos problemas, como a extensão da área de prevalência da dengue e da malária, colocando uma pressão suplementar sobre os sistemas de saúde a nível mundial. ANG/RFI

 

 

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