Greenpeace/Farinha e óleo de peixe privam populações africanas de alimentos
Bissau, 01 jun 21 (ANG) - A produção de farinha e óleo de peixe para as
indústrias europeia e asiática está a privar a população da África Ocidental de
parte importante da sua dieta e a exaurir recursos pesqueiros, alertou hoje a
organização não governamental ambiental Greenpeace.
Segundo a
Greenpeace, citada pelo site Notícias ao Minuto, cerca de 500 mil toneladas de
peixe que poderiam acabar nos pratos de 33 milhões de pessoas são transformadas
anualmente em farinha de peixe e óleo de peixe para sectores como a
aquicultura, agricultura, suplementos alimentares, produtos cosméticos e rações
para gado, alertou a organização não-governamental (ONG) ambientalista num
relatório publicado hoje.
A produção de
farinha e óleo de peixe nesta região do continente aumentou de 13 mil toneladas
em 2010 para 170 mil toneladas em 2019, de acordo com a Greenpeace, que tem
vindo a soar este alarme há vários anos.
“Esta prática não só
compromete a segurança alimentar das comunidades costeiras da Mauritânia,
Senegal e Gâmbia”, como também priva “as do Mali continental e do Burkina Faso
de uma das suas principais fontes de proteínas”, afirma o relatório.
A Greenpeace observa
que, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura
(FAO), as principais espécies utilizadas para a produção de farinha e óleo de
peixe – sardinha e galucha (Ethamalosa fimbriata, sardinha estuarina, ou bonga)
– são “sobre-exploradas”.
Isto representa “uma
séria ameaça à segurança alimentar na sub-região”, adverte a Greenpeace.
A União Europeia é o
principal mercado para estes produtos. “Em 2019, mais de 70% do óleo de peixe
produzido na Mauritânia foi para a UE”, enquanto grande parte da produção do
Senegal vai para Espanha, segundo o relatório.
A China, onde a
procura de farinha de peixe aumentou devido ao aumento das necessidades em
aquacultura, é também um destino importante, juntamente com outros países
asiáticos, como o Vietname e a Malásia.
Esta produção
industrial tem também “graves e negativas repercussões ambientais,
socioeconómicas e na saúde humana”, de acordo com a ONG.
Na Mauritânia,
“foram registadas numerosas queixas de doenças crónicas e problemas
relacionados com a asma, juntamente com danos ambientais em áreas próximas das
fábricas”, afirma o relatório.
As populações mais
afectadas “são as mulheres, que tradicionalmente fazem peixe fumado, salgado e
seco para o mercado local, e os pescadores artesanais”.
A Greenpeace apela
aos países da África Ocidental para pararem com a produção de óleo e farinha de
peixe e darem prioridade ao consumo humano de peixe.ANG/Angop
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