Cabo Verde/Presidente angolano pede “maior vigor” nas tomadas de posições a respeito de golpes em África
Bissau, 15 Mar 22(ANG) – O Presidente da República de Angola defendeu “maior vigor” nas tomadas de posições a respeito dos golpes de estado para que a tomada de poder em África pela força das armas não se torne uma “banalidade e normalidade”.
João
Lourenço fez estas declarações durante um jantar de boas-vindas oferecido pelo
Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, a propósito da visita de Estado que
o chefe de Estado angolano efectua a Cabo Verde.
“Permanecem
ainda muitos problemas de insegurança no nosso continente, os quais requerem
uma abordagem abrangente e concertada por parte da União Africana (UA) e de
cada um dos nossos países para que encontremos de forma criativa soluções que
possam ajudar a resolvê-los definitivamente”, disse
Para
João Lourenço, é natural, neste contexto, que mereça destaque uma reflexão
sobre a questão dos conflitos de natureza e causas diversas que assolam várias
regiões do continente africano e que comprometem seriamente os esforços de
desenvolvimento em que a África está “decididamente empenhada”.
“Estamos
todos cientes de que o impacto negativo dos diferentes cenários de insegurança
não se circunscrevem somente aos locais onde ocorrem, pois os seus efeitos
nocivos repercutem-se amplamente por todo o nosso continente, por isso mesmo
devemos colocar toda a nossa atenção, energia e esforço na busca de soluções
para os conflitos que se desenrolam na região do Sahel, os grande lago, na
África Austral em que se sobressai o problema do terrorismo, em Moçambique e
também no Corno da África”, disse.
A par
desses assuntos “preocupantes”, João Lourenço defendeu que não se pode
agir com indiferença às sucessivas mudanças inconstitucionais de governos por
via de intervenções militares que vem ocorrendo com “preocupante frequência” em
algumas regiões do nosso continente.
“Desde
os anos 60, década em que os primeiros países africanos ganharam as suas
independências das potências coloniais europeias, o nosso continente vive
ciclicamente períodos de instabilidade política criada por guerras com
motivações étnico-tribais, de fundamentalismo religioso, raciais, no caso do
regime apartheid, ou ainda de intervenções militares por forças de outros
continentes”, lamentou.
Este
quadro, que perdura há décadas, disse, é responsável em grande medida pelo
atraso económico de África, pelos altos índices de desemprego, pela falta de
infra-estruturas e, consequentemente, pelos já frequentes fluxos de refugiados
internos e de refugiados que aportam Europa, “onde, em alguns casos, são
discriminados e humilhados”.
“África
tem sido vítima dos conflitos armados terrorismo e golpes de estados, por isso
defendemos a necessidade da sua prevenção ou do fim deles ali onde já existe,
sendo por isso que a república de Angola propôs a realização de uma cimeira
sobre o terrorismo em África, que decorrerá em Malabo, capital da
Guiné-Equatorial, de 28 a 29 de Maio do corrente ano”, anunciou.
João
Lourenço explicou ainda que durante o evento haverá a oportunidade de realizar
uma “discussão aprofundada” que permitirá identificar e adoptar um conjunto de
medidas apropriadas que concorram para o fim destas “inaceitáveis ocorrências”
no continente africano. ANG/Inforpress
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