EUA/Banco Mundial vê África a acelerar para 3,4 %, mas
alerta para vários riscos
Bissau, 08 Abr 24(ANG) - O Banco Mundial prevê que as economias
da África subsaariana recuperem para 3,4% este ano e 3,8% em 2025,
impulsionadas pelo consumo privado, num contexto de falta de liquidez e
recuperação "muito frágil" da região.
"Depois de bater no fundo em 2023, com um crescimento de
2,6%, o crescimento económico na África subsaariana deverá chegar aos 3,4% este
ano e 3,8% em 2025, com a recuperação assente principalmente no aumento do
consumo privado, que beneficia da queda da inflação, impulsionando o poder de
compra das famílias", lê-se no relatório Pulsar de África.
No relatório
hoje divulgado em Washington, com o título 'Combater a desigualdade para
revitalizar o crescimento e reduzir a pobreza em África', o gabinete do
economista-chefe para África, Andrew Dabalen, escreve que "o crescimento
do investimento vai continuar limitado porque as taxas de juro deverão
manter-se elevadas, com a consolidação orçamental a dificultar o crescimento do
consumo".
A inflação
deverá reduzir-se, em média, de 7,1% em 2023 para 5,1% este ano e 5% em 2025 e
2026, devido "à normalização das cadeias globais de abastecimento, ao
declínio sustentado dos preços das matérias-primas e aos impactos dos apertos
monetários e da consolidação orçamental", apontam os analistas, notando,
ainda assim, que o panorama varia muito de país para país.
Ainda que a
inflação esteja a descer na maioria dos países este ano, "continua elevada
quando comparada com os níveis anteriores à época da pandemia em 32 dos 37
países, havendo 14, entre os quais Angola, que continuam com níveis
persistentemente elevados, nos quais a inflação caiu apenas de 25,9%, em 2023,
para 24,8% em 2024".
No relatório,
o gabinete do economista-chefe para África no Banco Mundial mostra-se ainda
preocupado com os níveis de elevada dívida pública nos países da região, que
dificulta o investimento em setores essenciais para relançar o desenvolvimento
económico.
Apesar de o
rácio da dívida sobre o PIB dever cair de 61% em 2023 para 57% este ano, o mais
preocupante é que mesmo esta redução não chega para aliviar as contas públicas
das economias da região, com metade dos países africanos "a terem
problemas de liquidez externa, a enfrentarem fardos insustentáveis de dívida ou
estando ativamente à procura de reestruturar as suas dívidas".
Os pagamentos
de dívida pública dispararam na região devido à exposição ao financiamento
comercial a empréstimos de governos que não pertencem ao Clube de Paris, o
credor tradicional dos países africanos, mas que perdeu importância face à
predominância da China no financiamento de África.
"O
financiamento externo está mais caro do que estava antes da pandemia, apesar de
as taxas de juro terem caído gradualmente face ao pico atingido em maio de
2023", lê-se no relatório, que exemplifica que os novos 'Eurobonds'
(dívida comercial em moeda estrangeira) emitidos pelo Quénia em fevereiro
comportam uma taxa de juro anual de 9,75%, face aos 6,87% exigidos anualmente
pelos investidores num financiamento que termina este ano.
Na
conferência de imprensa de apresentação do relatório, Andrew Dabalen vincou que
"muitos países enfrentam uma dívida elevada, com problemas de liquidez e
estão a pensar em reestrutura a dívida", num contexto em que 47%, em
média, das receitas fiscais são canalizadas para os pagamentos da dívida.
"Isto é
extremamente difícil, porque significa que estes países deixam de ter recursos
para uma governação de qualidade e para os investimentos que são cruciais para
o crescimento", acrescentou.
Para
responder a este panorama, o Banco Mundial defende um aumento da mobilização
fiscal interna e mais envolvimento da comunidade internacional, nomeadamente
através do financiamento concessional, isto é, com juros mais baixos e
maturidades mais longas.
O relatório é
divulgado nas vésperas dos Encontros da Primavera do Banco Mundial e do Fundo
Monetário Internacional, que decorrem em Washington de 15 a 20 de abril.
CRESCIMENTO
DO PIB......2023.....2024....2025
Angola...................0,8.....2,8.....2,7
Cabo
Verde...............4,8.....4,7.....4,7
Guiné-Bissau.............4,2.....4,7.....4,8
Guiné
Equatorial........-5,8....-4,3....-3,3
Moçambique...............5,0.....5,0.....5,0
São Tomé e
Príncipe.....-0,5.....2,5.....3,1
FONTE: Banco
Mundial
ANG/Inforpress/Lusa
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