EUA/Biden anuncia plano que pode conceder visto à meio milhão de imigrantes
Bissau, 19 Jun 24 (ANG)
- O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou terça-feira (18) uma nova ordem executiva com
relação às políticas migratórias de seu governo.
A nova medida daria a
oportunidade a meio milhão de imigrantes, que são casados com cidadãos
norte-americanos, de regularizar sua situação sem ter que deixar o país.
O anúncio do plano
acontece apenas duas semanas após a decisão de Biden de limitar a entrada de
estrangeiros em busca de asilo político no país.
A ordem
executiva prevê que todo aquele imigrante que resida nos Estados Unidos há mais
de dez anos, esteja casado com um cidadão dos Estados Unidos, e que não tenha
passagem pela polícia, terá a obtenção da cidadania facilitada.
Ao contrário do
que se crê popularmente, de que ao contrair matrimônio com um cidadão
norte-americano, o [cartão de residência permanente] green card
está praticamente garantido, a verdade é que o processo para quem cruza a
fronteira sul ilegalmente é muito mais complicado.
Aquelas pessoas que entraram ao país de forma ilegal precisam voltar ao
seu país de origem e só estão habilitadas a retornar aos Estados Unidos uma
vez que a tramitação do green card seja finalizada. O processo
que pode durar anos, e acaba separando muitas famílias.
Ao anunciar a nova política, a Casa Branca disse que há um
número estimado de 1,1 milhão de famílias compostas por pessoas com status
legal híbrido, e que cerca de 500 mil pessoas poderiam ser beneficiadas pela
medida, além de 50 mil menores, fruto desses matrimônios.
Conforme a ordem
executiva, a espera pela cidadania agora pode ser feita em solo
norte-americano, ao lado de seus familiares.
Os beneficiados
pela medida terão que esperar até meados de setembro para iniciar o processo de
pedido de visto ou de retorno ao país, no caso daqueles que foram separados de
suas famílias.
Somente então
aqueles que são elegíveis terão seu caso avaliado pelo Departamento de
Segurança Interna. Se aprovados, eles terão três anos para solicitar residência
permanente.
De acordo com o plano da Casa Branca os Dreamers - jovens
beneficiados pelo DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals) que tiverem
obtido um diploma em uma instituição de ensino superior dos EUA e que receberam
uma oferta de um empregador no país, em sua área de formação, poderão solicitar
o visto de trabalho de forma mais rápida e direta.
Ainda antes de
oficializar a medida, a administração Biden disse em um pré-anúncio feito aos
jornalistas, que tanto garantir a segurança na fronteira, quanto corrigir o
sistema imigratório, são prioridades para o governo.
Por isso, em uma
tentativa de mostrar empatia com as famílias de imigrantes, a primeira-dama
Jill Biden foi a escolhida para dar início ao discurso de comemoração dos 12
anos do programa DACA que protege da deportação aqueles que chegaram aqui ainda
crianças. O benefício é uma medida do governo Obama, que logo foi suspensa por
Trump.
O tom suave e carinhoso de Jill ao contar as histórias dos chamados
Dreamers, como os beneficiados pelo programa ficaram conhecidos, tem a clara
intenção de fazer contraste com o discurso violento de Donald Trump sobre
os imigrantes, a quem chegou a comparar a "animais" que
"envenenam o sangue do país".
O presidente
falou na sequência da primeira-dama, oficializando a medida que tenta reverter
a impressão causada na ala mais progressista do partido democrata, de que Biden
estaria não só descumprindo suas promessas de campanha, quanto reproduzindo
políticas parecida às de Trump com relação à imigração.
Tanto o fechamento das fronteiras sul para a entrada de imigrantes e
busca de asilo político, quanto esta nova possibilidade de obtenção da
cidadania, são ordens executivas, ou seja, que podem ser facilmente
desabilitadas por outro governo com ideias distintas.
A campanha do
ex-presidente Trump emitiu um comunicado em reação à ordem, descrevendo os
migrantes como um fardo para os contribuintes e um fardo para os programas de
bem-estar social, dizendo que a medida se trata de uma “anistia em massa”.
Em entrevista à Rádio Nacional Pública (NPR), a
professora da Universidade St. Mary no Texas, Erica Schommer, disse que a ordem
executiva "não é uma espécie de anistia geral que converte automaticamente
um monte de pessoas em residentes ou cidadãos”, mas sim uma "liberdade
condicional".
Assim como
outras medidas relacionadas à imigração, como a própria suspensão de asilo,
esta nova política poderia ser contestada nos tribunais.
Os números da Pew Research Institute mostram que os latinos
cresceram no segundo ritmo mais rápido de qualquer grupo étnico em relação ao
número de eleitores desde a última eleição presidencial nos Estados Unidos.
Estima-se que
36,2 milhões estejam habilitados para votar este ano, contra 32,3 milhões em
2020.
Em uma corrida
eleitoral apertada, este eleitores poderiam ser decisivos. Sabendo disso, a
administração Biden tem tentado correr atrás do prejuízo para recuperar a sua
confiança em um tema que os afeta diretamente, como são as políticas
migratórias.
Uma pesquisa recente feita pela Equis Research em alguns
estados-chave nestas eleições como Arizona, Geórgia, Michigan,
Pensilvânia, Wisconsin, mostra que os eleitores não veem os democratas
como melhores no manejo da imigração, em comparação aos republicanos.
A pesquisa aponta que 49% dos eleitores registrados não-hispânicos e 41% dos hispânicos confiam mais em Trump na condução das questões relacionadas à imigração, do que no atual presidenteJoe Biden. ANG/RFI
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