Cooperação/Portugal e Guiné-Bissau elegem formação como fundamental na cooperação futura
Bissau, 28 Jun 24 (ANG) – A
formação, em particular de docentes de língua portuguesa, será um “elemento
fundamental” no próximo Programa Estratégico de Cooperação
Portugal-Guiné-Bissau, que começará a ser preparado no próximo ano, anunciou
quinta-feira o Governo português.
A relação bilateral e os projetos de cooperação dos dois países estiveram em destaque na visita de três dias do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Nuno Sampaio, a Bissau, e nos encontros que manteve com as autoridades guineenses.
No balanço da visita, que
terminou quinta-feira, o secretário de Estado enfatizou que “um dos grandes
desafios” das relações entre os dois Estados é a língua portuguesa e o reforço
da cooperação na formação e, em particular, na formação de docentes.
“Há convergência de que a
formação vai ser elemento fundamental do reforço dessa cooperação, temos que
ver de que forma a podermos intensificar ainda mais”, disse aos jornalistas.
O governante especificou que
este aspeto estará em destaque na preparação do próximo ciclo de apoio de
Portugal à Guiné-Bissau, que começará a ser trabalhado em 2025.
Em causa está a renovação do
Programa Estratégico de Cooperação em vigor desde 2021 e até 2025, com um
investimento português de 60 milhões de euros, 85% dos quais “já foram
executados”, de acordo com o secretário de Estado.
Os dois países elegem a
formação como “elemento fundamental” para o futuro e o secretário de Estado
prometeu levar de Bissau para Portugal a questão “para trabalho de casa”, junto
com o presidente do Instituto Camões, que o acompanhou nesta visita.
Nuno Sampaio referiu que, na
Guiné-Bissau, já “há um trabalho de promoção muito importante” da língua
portuguesa, que constatou numa visita à escola Tchico Té, com “uma licenciatura
em língua portuguesa, mais de quatro centenas de estudantes a aprender português,
um corpo docente de 25 professores” e com a perspetiva de ministrar em breve um
mestrado.
“Mas temos que fazer muito
mais pela língua portuguesa porque os desafios são enormes”, declarou,
considerando que um projeto que pode ser estruturante, e que ainda está em
embrião, é a escola portuguesa da Guiné-Bissau.
“Pode ser de facto um
projeto âncora, estruturante e dar um contributo muito importante para todo o
sistema de ensino da Guiné-Bissau”, afirmou.
O secretário de Estado
referiu, ainda, que, “atualmente, Portugal contribui com 2,5 milhões de euros
para acolher bolseiros estudantes da Guiné-Bissau”.
Nuno Sampaio salientou que
“Portugal é o primeiro cooperante com a Guiné-Bissau em termos bilaterais e a
cooperação tem outras dimensões”, além da formação, nomeadamente na saúde e na
defesa, que são para continuar.
O governante reiterou que
Portugal pode ser a ponte entre a União Europeia e África, especificamente na
captação de financiamento por países como a Guiné-Bissau do novo mecanismo
Global Gateway, destinado a reduzir a disparidade de investimento a nível
mundial.
“Há diversos projetos que
podem ser realizados na Guiné-Bissau, mas para isso é muito importante também
que naquilo que é o ambiente dos negócios, a segurança jurídica, o quadro
fiscal, as infraestruturas, que os portos possam receber e exportar
mercadorias, para que se consiga atrair e manter empresas na Guiné-Bissau”,
alertou.
O secretário de Estado
destacou ainda, nesta visita à Guiné-Bissau, o papel das Organizações Não
Governamentais (ONG) portuguesas e de outras nacionalidades que, no terreno,
contribuem para a execução da cooperação. ANG/Lusa
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