Suíça/ Líderes pedem esforço para acabar guerra em conferência pela paz na Ucrânia
Bissau, 18 Jun 24(ANG) - Mais de dois anos após a invasão russa, líderes de mais de 90 países reuniram-se no fim de semana em um hotel em Bürgenstock, no centro da Suíça, para discutir maneiras de colocar um fim ao maior conflito da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O comunicado final da reunião, que ficou pronto no
início da tarde de domingo (16), foi considerado “satisfatório” e “equilibrado”
por Kiev, mas o presidente Volodymyr Zelensky disse que os russos não estão
prontos para "uma paz justa".
O texto, que é
apoiado pela grande maioria dos cerca de cem participantes, também reafirma
"os princípios de soberania, independência e integridade territorial de
todos os Estados, incluindo a Ucrânia".
"Acreditamos
que alcançar a paz requer participação e diálogo entre todas as partes",
diz o documento. "Decidimos, portanto, tomar medidas concretas no futuro
nas áreas mencionadas acima, com maior engajamento de representantes de todas
as partes".
Vários participantes lamentaram a ausência da Rússia,que não foi
convidada para o encontro, incluindo a Arábia Saudita e o Quênia. Cerca de 80
países apoiam a declaração final. Brasil, Índia, Arábia Saudita estavam
ausentes no início da tarde.
O comunicado
também ressaltou que "a segurança alimentar não deve ser militarizada de
forma alguma". A invasão da Ucrânia, um dos principais exportadores de
grãos do mundo, teve graves repercussões para o abastecimento dos países pobres
e também para a inflação. A paralisação das exportações russas de fertilizantes
teve o mesmo efeito no início do conflito.
O comunicado final também exige a libertação dos prisioneiros de
guerra e "de todas as crianças ucranianas deportadas e deslocadas
ilegalmente". O texto também pede que todos os civis ucranianos detidos
ilegalmente sejam devolvidos à Ucrânia.
Mas, de acordo
com o chanceler austríaco Karl Nehammer, que participou da reunião, o documento
não obteve o consenso de todos os participantes. O texto, cujos detalhes não
foram divulgados, não precisa ser aprovado por unanimidade. "Ele é
equilibrado e todas as posições apresentadas pela Ucrânia foram levadas em
conta", disse Dmitro Kuleba.
"Sabemos
que vai chegar uma hora em que teremos que conversar com a Rússia", disse
o chefe da diplomacia ucraniana aos jornalistas em Bürgenstock. "Mas nossa
posição é muito clara: não vamos permitir à Rússia nos dar ultimatos, como vem
fazendo nesse momento.
O Kremlin não
descarta negociações com a Ucrânia, mas exige "garantias" que as
medidas sejam colocadas em prática. O país não foi chamado para participar da
cúpula e a China, sua grande aliada, recusou o convite. Por essa razão, as
propostas de paz discutidas no encontro foram todas formuladas por Kiev,
garantiu Dmitro Kuleba.
Para encerrar a
guerra, o presidente russo, Vladimir Putin, exige que a Ucrânia renuncie a
todos os territórios reivindicados por Moscou e à futura adesão do país à Otan.
Kiev, por outro lado, insiste em recuperar todos os territórios ocupados pela
Rússia desde 2014, incluindo a península da Crimeia.
O ministro
austríaco das Relações Exteriores, Alexander Schallenberg, disse que ainda é cedo
para saber se a reunião de Bürgenstock poderá levar de forma concreta a
negociações de paz e não descartou a hipótese de organizar uma
conferência Arábia Saudita.
Neste sábado
(15), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recebeu disse ter esperança
de que será possível unir a comunidade internacional em torno de uma proposta
de paz que seria apresentada a Moscou. "Devemos decidir juntos o que
significa uma paz justa para o mundo e como ela pode ser alcançada de forma
sustentável", disse ele no sábado.
No domingo, as delegações se divirgirem em três grupos de trabalho sobre
questões concretas e urgentes: segurança nuclear, segurança alimentar global,
incluindo a garantia da liberdade de navegação no Mar Negro.
As discussões se
concentraram em questões relacionadas a prisioneiros de guerra e civis e ao
destino de pessoas desaparecidas. Haverá também a questão do repatriamento de
crianças retiradas dos territórios ucranianos ocupados para a Rússia.
"Vimos cerca de 20.000 crianças ucranianas retiradas de suas famílias, comunidades e países. É aterrorizante dizer isso, e como o mundo pode virar as costas?", disse o primeiro-ministro irlandês, Simon Harris. Os líderes também discutiram segurança das usinas nucleares ucranianas especialmente, a de Zaporijia, a maior da Europa, ocupada pelos russos. ANG/RFI
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