Haia/Mandados de detenção do TPI contra Chefe de Estado-Maior e antigo Ministro da Defesa da Rússia
Bissau, 26 Jun 24 (ANG) - O
Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou terça-feira ter emitido mandados de detenção
contra o Chefe de Estado-Maior Russo, Valeri Guérassimov, e
contra Serguêi Choïgou, antigo Ministro da Defesa, por alegados
crimes de guerra e crimes contra a Humanidade na Ucrânia.
"Como eu destaquei em várias ocasiões, nenhum
indivíduo, em qualquer lugar do mundo, deve sentir que pode agir com
impunidade",
disse hoje em comunicado Karim Khan, procurador do TPI.
Já no ano passado, esta entidade tinha
emitido um mandato de captura contra o Presidente russo e contra o seu
comissário para os Direitos da Criança pelo suposto crime de guerra de
deportação de crianças da Ucrânia para a Rússia, antes de emitir igualmente
mandados de detenção contra dois proeminentes oficiais russos no
passado mês de Março por alegados crimes de guerra.
Valeri Guérassimov e Serguêi Choïgu,
em funções como ministro da Defesa até Maio e doravante chefe do Conselho de
Segurança russo, são ambos acusados de serem responsáveis por crimes de guerra
por estarem alegadamente por detrás de ataques contra alvos civis.
Eles são nomeadamente suspeitos de serem
responsáveis por ataques efectuados pelas forças russas contra
as infraestruturas eléctricas ucranianas entre 10 de Outubro de 2022
e 9 de Março de 2023. Neste sentido, o Tribunal considera que "os danos civis acessórios esperados
(desses alegados ataques) teriam sido claramente excessivos em relação à
vantagem militar esperada".
Em reacção, o Kremlin considerou
imediatamente "insignificantes" estes
novos mandatos de captura.
Por sua vez, a Presidência ucraniana saudou
uma "decisão importante" que "deixa claro que a justiça pelos
crimes russos contra os ucranianos é inevitável", Volodymyr Zelensky acrescentando
ainda que "aguarda ansiosamente outros mandados de
prisão para privar a Rússia do seu sentimento de impunidade",
que "alimentou os
crimes russos durante décadas".
Apesar de o Tribunal Penal Internacional não
dispor de meios coercitivos para fazer aplicar as suas decisões, e apesar de
nem a Rússia, nem outros países como os Estados Unidos ou Israel, terem
ratificado o Tratado de Roma que instituiu esta entidade em 2002, esta
jurisdição pode teoricamente conta com a colaboração dos seus 124
Estados-membros.
Neste sentido, depois de o Tribunal Penal Internacional ter emitido o seu mandado de captura contra Vladimir Putin, este último reduziu as suas deslocações ao estrangeiro, viajando apenas para países não-signatários do Tratado de Roma. ANG/RFI
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