Refugiados/ Percepção global é positiva, mas apoio é desigual entre países, diz ONU
Bissau, 21 Jun 24 (ANG) - A opinião pública, de acordo com uma pesquisa sobre percepção dos exilados no mundo, públicada terça-feira(18), apoia as pessoas obrigadas a fugir da guerra ou das mudanças climáticas, mas existem grandes diferenças em termos de atitudes.
A cada minuto, 20 pessoas são obrigadas a
abandonar suas casas, cidades ou países para fugir da guerra ou do terrorismo.
Mais de 117 milhões de pessoas no mundo estão em situação de deslocamento e um
pico de 120 milhões foi atingido em maio, com os conflitos no Sudão, em Gaza e
em Myanmar, conforme um relatório da Agência da ONU para os refugiados
publicado em junho de 2024.
Em 2023, o número de refugiados aumentou
8%, ou seja, 8,8 milhões de pessoas a mais com relação a 2022. Uma cifra que
cresceu progressivamente nos últimos 12 anos. O número de pessoas
deslocadas no mundo bateu recorde em 2023, de acordo com dados da ONU, que
comemorou quinta-feira (20) o Dia
Mundial dos Refugiados.
Em cinco anos, o número de deslocamentos
provocados pela guerra aumentou 50% e o de refugiados e requerentes de
asilo provenientes de países muito expostos às mudanças climáticas, 70%.
Uma pessoa entre 69, ou seja, 1,5% da
população mundial, está hoje em deslocamento forçado. É quase o dobro de há 10
anos, quando esta proporção era de uma pessoa para 125.
O conflito no
Sudão, que começou em abril de 2023, causou uma das maiores crises
humanitárias do mundo e levou mais de 6 milhões de pessoas a se deslocarem
dentro do país e outras 1,2 milhão a fugirem para países vizinhos.
Em Myanmar, a escalada de violência após a
tomada do poder por militares em fevereiro de 2021 levou ao deslocamento de
mais de 1,3 milhão de pessoas dentro do país até o final de 2023.
Na Faixa de
Gaza, a UNRWA, agência da ONU para os refugiados palestinianosestima que
entre outubro e dezembro de 2023, até 1,7 milhão de pessoas (mais de 75% da
população) foram deslocadas pelo conflito entre Israel e o Hamas, algumas delas
forçadas a fugir várias vezes.
De acordo com a ONU, a maioria das pessoas obrigadas a fugir de
conflitos não atravessam as fronteiras internacionais e são deslocadas dentro
do seu próprio país. Chamados de "deslocados internos", elas
representam 58% do total de refugiados.
No final de 2023, 68,3 milhões de pessoas eram deslocadas internas
devido a conflitos ou ao aumento da violência em suas regiões.
No Sudão, estimativas indicam 9,2 milhões de
pessoas deslocadas dentro do país, o que representa o maior número de
deslocados internos já registrado. Logo após vem a Síria, com 7,2 milhões e
a República Democrática do Congo, com 6,7 milhões.
A Agência da ONU para os refugiados e o instituto de pesquisas Ipsos
realizaram uma pesquisa sobre a percepção dos exilados no mundo. De acordo com
o resultado, 75% dos entrevistados apoiam o direito ao asilo, incluindo em seu
próprio país.
A pesquisa, realizada com 33.000 pessoas de 52 países, mostrou que, no
mundo, existe empatia com os refugiados. Aproximadamente 30% dos entrevistados
diz ter apoiado esta causa, por meio de doações ou mensagens em redes sociais.
"Ouvimos sobre muros, fronteiras fechadas, sobre reenvio, mas vamos
lembrar que as pessoas são, na verdade, bastante coerentes e práticas e sabem
que em outras circunstâncias poderiam ser eles fugindo", analisa Dominique
Hyde, Alta Comissária para os Refugiados da ONU.
Mas o apoio aos refugiados varia muito de um país a outro. Por exemplo,
em Uganda, primeiro país em acolhimento de refugiados na África, 75% dos
entrevistados dizem que os deslocados têm um impacto positivo na sociedade. Já
na França, apenas 38% concordam com essa ideia.
Na Europa, mais que em outros lugares, observa-se um ceticismo crescente sobre a capacidade dos refugiados de se integrar, que aumentou depois da Covid-19 e da guerra na Ucrânia. Outra razão seria o aumento do custo de vida, combinado ao discurso de partidos de extrema direita que têm como alvo os imigrantes. ANG/RFI
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