França/Incêndios florestais extremos duplicaram nos últimos 20 anos em todo o mundo
Bissau, 25 Jun 24 (ANG) – O número e a intensidade dos incêndios florestais extremos, os mais destrutivos e poluentes, mais do que duplicaram em todo o mundo nos últimos 20 anos, devido ao aquecimento global causado pela atividade humana, aponta um novo estudo.
Com
recurso a dados de satélite, os investigadores estudaram cerca de 3.000
incêndios florestais com enorme “poder radiativo” – a quantidade de energia
emitida pela radiação – entre 2003 e 2023 e descobriram que a sua frequência
aumentou por um fator de 2,2 durante este período.
São
as florestas temperadas de coníferas, especialmente no oeste dos Estados
Unidos, e as florestas boreais, que cobrem o Alasca, o norte do Canadá e a
Rússia, as mais afetadas, com uma frequência desses incêndios multiplicada por
11 e 7, respetivamente.
Considerando
apenas os 20 incêndios mais violentos de cada ano, o seu poder radiativo
cumulativo também mais do que duplicou, a um ritmo que “parece estar a
acelerar”, segundo o estudo publicado na segunda-feira na revista Nature
Ecology & Evolution, noticiou a agência France-Presse (AFP).
“Eu
esperava um aumento, mas esta taxa alarmou-me”, sublinhou o principal autor do
estudo, Calum Cunningham, da Universidade da Tasmânia, na Austrália.
“Os
efeitos das alterações climáticas já não pertencem ao futuro e atualmente vemos
os sinais de uma atmosfera que está a secar e a aquecer”, realçou à AFP,
apelando a uma melhor gestão preventiva das florestas.
Os
seis anos mais extremos em intensidade e frequência de incêndios florestais
ocorreram desde 2017, concluíram os autores do estudo.
Confirmando
a tendência, é o ano de 2023, o mais recente, que registou “as intensidades
mais extremas de incêndios florestais” ao longo do período analisado.
Estes
incêndios extremos são alimentados por secas cada vez mais severas, uma
consequência do aquecimento global.
Durante
o seu crescimento, a cobertura florestal absorve CO2, mas este retorna em massa
à atmosfera quando a vegetação queima, agravando o aquecimento global causado
pelas emissões de gases de efeito estufa.
Isto
cria um “efeito de feedback”, frisou Cunningham.
Além
disso, com estes incêndios, “vastas regiões são atravessadas pela nuvem de
fumo, que tem efeitos significativos na saúde e provoca muito mais mortes
prematuras do que as próprias chamas”, sublinhou a investigadora.
O seu estudo cita, em particular, um trabalho segundo o qual a poluição do ar devido aos ‘megaincêndios’ em 2015 na Indonésia levou a uma mortalidade excessiva de 100.000 pessoas. ANG/Lusa
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