Diplomacia/Maputo atribui chave da cidade ao PR da Guiné-Bissau com boicote da oposição
Bissau, 20 jun 24 (ANG) – O
Conselho Municipal de Maputo atribuiu hoje a chave da cidade ao Presidente da
Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, em cerimónia boicotada pela oposição
moçambicana, que considera que o chefe de Estado guineense “não é um bom
exemplo”.
A cerimónia contou apenas com os membros da assembleia municipal da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, tendo sido boicotada pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, e pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido.
Justificando a atribuição da
Chave da Cidade de Maputo, o presidente do Conselho Municipal, Razaque
Manhique, disse que a distinção “simboliza o reconhecimento pela especial
amizade que [o chefe de Estado da Guiné-Bissau] sempre manifestou em relação a
Moçambique e ao seu povo e, em particular, à cidade”.
Manhique afirmou que o
percurso político de Umaro Sissoco Embaló não deixa dúvida do seu empenho na
luta pela construção de uma Guiné-Bissau livre da pobreza.
Umaro Sissoco Embaló
agradeceu a distinção, elogiando a “vitalidade” democrática da autarquia de
Maputo.
“O Conselho Municipal de
Maputo, legitimado diretamente pelo voto dos cidadãos, é um exemplo de
vitalidade da democracia moçambicana, é dessa vitalidade
democrática que decorre a responsabilidade pelo desenvolvimento do projeto
autárquico de servir Maputo e o bem-estar dos cidadãos da cidade capital de
Moçambique”, afirmou Embaló, num breve discurso.
O presidente do MDM, Lutero
Simango, disse hoje que o Presidente da Guiné-Bissau “não é um bom exemplo a
seguir”, contestando a sua receção na Assembleia da República.
“Nós não nos podemos
associar com um Estado que impede o funcionamento de um parlamento. Não podemos
participar na receção de um Presidente da República que impede a existência de
um parlamento. Quando num país não existe um parlamento, então esse país não se
pode classificar como democrático, muito menos um país multipartidário que
defende um Estado de Direito”, afirmou Lutero Simango, em conferencia de imprensa.
Umaro Sissoco Embaló cumpre
hoje o segundo dia de visita de Estado a Moçambique, a primeira de um
Presidente guineense, prevendo um encontro de cortesia na Assembleia da
República, em Maputo.
Durante o banquete de Estado
realizado na noite de quarta-feira, Umaro Sissoco Embaló convidou o seu
homólogo moçambicano, Filipe Nyusi, a visitar a Guiné-Bissau.
A Assembleia Nacional
Popular da Guiné-Bissau foi reaberta em 22 de março, com restrições aos
deputados, que estavam impedidos de entrar nas instalações deste órgão de
soberania, desde que foi dissolvida pelo Presidente da República, mais de três
meses antes. A decisão de reabertura foi anunciada pelo Governo de iniciativa
presidencial e executada pelo comissário nacional da Polícia de Ordem Pública
(POP), Salvador Soares, que esteve no parlamento a transmitir as diretrizes ao
secretário-geral da Assembleia.
As diretrizes, como explicou
o comissário da POP aos jornalistas, são que o parlamento “vai estar aberto
para os funcionários poderem entrar e trabalhar normal”, assim como as
comissões permanente e especializadas.
Questionado sobre se os
eleitos também poderão entrar, o comissário respondeu que “os deputados é outra
coisa”.
O parlamento foi fechado em
04 de dezembro de 2023, data em que o Presidente da República decidiu dissolver
a Assembleia da maioria Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) – Terra Ranka,
liderada pelo Partido Africano da Independência da Guine e Cabo Verde (PAIGC),
substituindo também o executivo por um Governo de iniciativa presidencial.
Umaro Sissoco Embaló
lembrou, como justificação para a dissolução da Assembleia, uma tentativa de
golpe de Estado que estaria a ser preparada no país, “em conivência com o
parlamento”ANG/Lusa
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